A campanha Janeiro Branco, idealizada pelo psicólogo Leonardo Abrahão, acontece desde 2014 e visa colocar em evidência a questão da saúde mental. Nascida em Uberlândia (MG), a campanha se espalhou pelo país, onde virou leis municipal e estadual ao longo dos últimos anos, e chegou a outros países, ganhando cada vez mais força.
O principal objetivo da campanha é trabalhar por uma cultura da saúde mental no mundo. Para tal, busca promover a circulação de informações e de conhecimento sobre saúde mental e conscientizar as pessoas, bem como autoridades governamentais e legislativas do mundo, a respeito da importância de estratégias e de políticas públicas voltadas para a promoção da saúde mental.
Em 2021 a campanha ganha uma importância ainda maior em virtude da pandemia e suas consequências. O transtorno mental vem aparecendo como um efeito colateral desse momento, agravando um cenário que já não era bom, uma vez que o Brasil encontra-se entre os recordistas mundiais em relação à depressão, à ansiedade e ao suicídio.
Muitos estudos estão sendo realizados sobre o impacto da pandemia. Segundo a Organização Mundial de saúde (OMS), em 93% dos países do mundo os serviços essenciais de saúde mental foram interrompidos, enquanto a busca pelos mesmos aumentou. O Ministério da Saúde detectou na primeira fase de uma pesquisa iniciada ano passado a taxa de 86,5% de pessoas com ansiedade, 45,5% com transtorno do estresse pós-traumático e 16% com depressão grave. Outro estudo, realizado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), demostra o aumento significativo do consumo de bebida em um curto espaço de tempo. Além destes, seguem estudos também sobre o aumento da violência doméstica, do abuso infantil, do divórcio, do burnout e do adoecimento emocional de jovens e idosos em virtude do isolamento social.
Estamos diante de novos desafios decorrentes da pandemia, como o aumento da quantidade e da intensidade de transtornos mentais enquanto os serviços relacionados à saúde mental encontram-se precários, a exaustão dos profissionais de saúde, a deterioração nas condições de vida de um número crescente de pessoas, crescimento de lutos provocados por perdas inesperadas e a explosão de insatisfações existenciais. A saúde mental foi tema inclusive da redação do Enem desse ano, mostrando a importância do assunto.
Segundo Leonardo Abrahão, “a humanidade precisa de um pacto pela saúde mental em que todas as pessoas se comprometam com a ideia de que ‘todo cuidado conta, quando o objetivo é a criação de condições para vidas mais saudáveis e melhores para todo mundo”.
Para fechar o mês de janeiro, não poderíamos deixar de ter uma “Roda de Conversa” para falarmos sobre a campanha Janeiro Branco, que visa colocar em foco a questão da saúde mental e a promoção da mesma. Esse ano a campanha ganha uma importância ainda maior em virtude do momento de pandemia que o mundo está passando. Diante disso, nada mais pertinente do que um espaço de escuta e acolhimento aos nossos colaboradores.
Juliana Bohemgahem é psicóloga da equipe multidisciplinar da Casa de Saúde Saint Roman, do Rio de Janeiro (RJ)