Artigo – Gestão de custos hospitalares: apesar de tudo, ainda um desafio!

Os avanços da tecnologia na área da saúde são reais e fascinantes, quem não se impressiona com a robotização, por exemplo, a cirurgia robótica; alguns têm até nome: Da Vinci, Laura. Soma-se a tudo isso: braços robóticos, a telemedicina, o Watson da IBM, agendamento inteligente de consultas e exames, hospital digital, prontuário eletrônico, inteligência artificial, nuvem, blockchain e internet das coisas; estão mudando o mundo, certo? Não há dúvidas que sim! Cada vez mais e mais! Mas, todos, com um grande desafio, gerar boa relação custo-efetividade.

Na análise de tecnologias em saúde a análise de custo-efetividade é o método mais indicado para se comparar alternativas de investimento em equipamentos, utilização de terapêuticas, diagnósticas por associar a análise fundamental entre benefícios clínicos e os custos associados. A partir disto, com objetividade e transparência, tomar decisões.

Ops! Custos? O setor saúde, apesar de tudo, ainda não acordou para algo que outras indústrias fazem há muito tempo, a gestão de custos. Alguns podem remeter a origem da contabilidade de custos ao período de 1350 a 1600; prefiro associar o nascimento da contabilidade de custos a revolução industrial, no século XVIII. Seja qual for a sua escolha, faz um tempinho.

Assim e com um tom construtivo, pergunte no seu próprio hospital: qual é o custo médio do procedimento cirúrgico colecistectomia? E por que o desvio padrão de custos entre as colecistectomias realizadas é tão grande. Em outras palavras, porque existem colecistectomias com custos completamente diferentes?

Se você obtiver respostas, acredite, seu hospital faz parte de uma seleta categoria de hospitais brasileiros, muito provavelmente menos de 1% dos hospitais brasileiros têm essas respostas. Obviamente colecistectomia é apenas um exemplo, o exercício pode ser realizado com qualquer outro procedimento cirúrgico; insisto em procedimento cirúrgico, porque os clínicos representam terra de ninguém: “ninguém sabe, ninguém viu”.

Enfim, porque os hospitais brasileiros ainda engatinham na gestão de custos? Muito provavelmente o setor saúde é o mais complexo para apuração de custos, pois cada paciente é único e, portanto, custo por encomenda é único. Apesar dos ERPs (Enterprise Resource Planning), os hospitais têm uma verdadeira colcha de retalhos quando se fala em uso de software, a contabilização de custos do paciente exige dados de todos eles, aqui normalmente temos muitos problemas.

Soma-se a isso, a qualidade dos dados de origem: pacientes dias, número de atendimentos; as vezes persistem dúvidas até quanto ao registro correto de número de leitos de internação; e o CID (Classificação Internacional da Doença) preenchê-lo corretamente ainda é um grande desafio. Aqui foram apenas alguns exemplos, precisaremos voltar a este assunto.

Pois é, todos já ouviram a frase: “A saúde não tem preço, mas tem custos”; eu prefiro: “A saúde no Brasil não tem custo, tem apenas preço”.

Marcelo Carnielo é diretor técnico da Planisa, que desde 1988 oferece soluções para as organizações de saúde que buscam a excelência em gestão de resultados

Redação

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