Uma das cidades mais desenvolvidas do Estado, sobretudo sob o aspecto econômico – o que se reflete diretamente na diferenciada qualidade de vida de seus cidadãos –, Joinville tomou um grande susto com a chegada e rápida disseminação do novo Coronavírus. Um invasor repentino, que já vinha provocando muita destruição por onde passava. Economias mais débeis podem não resistir. Vários negócios, também não.
Tudo vai depender, diretamente, de como lidamos com tantos desafios. Mas, também, é muito importante considerar que uma gestão saudável ajuda, e muito, a encontrar as melhores estratégias e a permanecer nos rumos mais corretos, produtivos e eficazes.
Já em janeiro, quando surgiram as primeiras notícias da pandemia que se iniciou na China, o Hospital Dona Helena criou um comitê de gerenciamento da crise, adotando diversas medidas – e não apenas no âmbito do atendimento, em si, ou na garantia de insumos e profissionais suficientes para atender a todos. Em paralelo, integramos o comitê público-privado, apoiando, com nossa expertise, a rede pública de saúde.
Internamente, focamos, também, na gestão, atuando preventivamente – e isso incluiu, às vezes, medidas de impacto, como a redução de cargas horárias, algumas dispensas, renegociação de contratos com fornecedores, ações que foram estratégicas, no início da crise. Isso não significa, porém, que tenhamos freado tudo. Manter-se saudável significa exatamente seguir crescendo, apesar de todas as dificuldades. Joinville e o próprio hospital continuam atraindo novos parceiros – no nosso caso, comemoramos, recentemente, a adesão da operadora Pladisa, que acaba de entrar no rol de nossos convênios atendidos, além de estreitarmos ainda mais a nossa relação com operadoras que são parceiras a muitos anos. Neste momento de crise a sinergia é fundamental.
É verdade que foram necessárias readequações no planejamento estratégico – mas seguimos abrindo novos serviços, como os ambulatórios especializados em otorrinolaringologia e cabeça e pescoço. Temos a convicção de que é fundamental seguir buscando soluções que minimizem os gargalos do atendimento em saúde para a população de Joinville.
Mas um dos instrumentos mais importantes dessa estratégia da resistência é trabalhar a base. Cuidar bem das vidas humanas que vêm, todos os dias, salvar muitas outras vidas. Nosso índice de absenteísmos está dentro da média, e em vários momentos da pandemia, esteve abaixo da média de mercado. Entendemos que é também um reflexo das ações adotadas para preservar as vidas. Várias foram as ações adotadas nessa direção, mas vale destacar o programa “Você de Bem”, que oferece suporte psicológico aos funcionários. Também foi criada uma nova área para descanso, mais ampla e confortável, e intensificados os treinamentos internos para mitigar o risco de contágio entre as equipes. Na intenção de integrar ainda mais, buscamos o fortalecimento do sistema de comunicação, por meio da ferramenta Beehome.
Com todas as medidas que se buscou tomar precocemente, esperamos, agora, entrar na fase de estabilidade, já retomando alguns atendimentos eletivos e torcendo para que a propagação da pandemia comece a se reduzir muito em breve. Mas, enquanto isso, seguimos firmes, com uma gestão plenamente ajustada a esses tempos difíceis – e já colhendo alguns resultados bem relevantes, como o baixo índice de contaminação entre nossos funcionários e um percentual entre 6 e 7% do nosso quadro hoje, formado por profissionais promovidos.
Difícil, é saber quando a retomada plena vai poder acontecer. Mas não há segredo para administrar essa sobrevivência. Temos que ter um bom conhecimento da situação – a de dentro e a do entorno. Quanto mais precocemente tenhamos tomado as providências emergenciais necessárias, mais rapidamente vamos contornar esta grande crise. É certo que nunca mais seremos os mesmos, depois desta pandemia – mas acredito que a visão estratégica, a paciência, a dedicação e a resiliência são ferramentas fundamentais a serem associadas às ações diárias que temos que tomar para superar as tantas dificuldades.
José Tadeu Chechi é diretor geral do Hospital Dona Helena, de Joinville (SC)