O que especialistas previam aconteceu: as baixas temperaturas das últimas semanas resultaram no incremento no número de casos de Covid-19 no país e no mundo, levando a OMS (Organização Mundial da Saúde) a manter a Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional.
A pandemia, que já tolheu a vida de mais de meio milhão de brasileiros, segue caminhando a passos lentos para uma endemia. E, enquanto isso não acontece, ela encontra no inverno a estação ideal para se disseminar junto dos demais vírus respiratórios como Influenza, causador da gripe, e o Sincicial Respiratório, que juntos compõem uma “tríade” que impacta a rede de saúde do país.
Embora pacientes acometidos por essas infecções possam ter sintomas semelhantes, os protocolos de tratamento e condutas terapêuticas são diferentes para infecções do SARS-CoV-2, Influenza ou outros vírus, bactérias e patógenos, reforçando a importância da correta detecção do agente responsável pelo quadro respiratório em questão.
Em tempos tão desafiadores para a saúde coletiva, novas soluções surgiram para contribuir com o diagnóstico de infecções, como os testes rápidos de antígenos ou imunocromatográficos. Entretanto, além de não permitirem o diagnóstico de múltiplos patógenos, ainda fornecem uma proporção significativa de resultados falso-negativos.
A imprecisão diagnóstica é um risco para o indivíduo e as pessoas ao seu redor. Um artigo publicado na Lancet neste mês apontou que os testes rápidos podem perder de 27% a 45% dos casos positivos sintomáticos e assintomáticos, respectivamente. Isso ocorre porque os testes de antígeno detectam a carga viral do indivíduo infectado quando em proporções elevadas, sendo em geral efetiva principalmente no auge dos sintomas.
Assim, para assertividade no diagnóstico de doenças infecciosas, o padrão-ouro é o teste molecular que ficou conhecido na pandemia, mas existe há décadas: o PCR em tempo real, baseado na reação em cadeia da polimerase. Esse diagnóstico tem a máxima sensibilidade e especificidade, pois amplifica o material genético do vírus, detectando infecções mesmo quando a carga viral está muito baixa. São testes praticamente infalíveis e, por isso, recomendados pelas autoridades de saúde – tanto para diagnóstico inicial quanto para verificação de resultados duvidosos oriundos de outras tecnologias, como os testes rápidos.
Diante da diversidade de patógenos respiratórios, cuja presença se intensifica durante o inverno, a realização de vários testes diferentes para cada paciente demanda sobremaneira os recursos materiais e humanos de clínicas e hospitais. Entretanto, a solução está ao alcance dos serviços de saúde: empresas provedoras de tecnologia molecular desenvolveram soluções mais flexíveis e capazes de diagnosticar, em um único teste, múltiplas infecções.
Uma delas foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no dia 27 de junho de 2022: um PCR “multiplex” que possibilita o diagnóstico diferencial e simultâneo entre Covid-19, Influenza A/B e vírus sincicial respiratório (RSV), desenvolvido pela Thermo Fisher Scientific.
Foi numa viagem de carro nos Estados Unidos, em 1983, que o bioquímico Kary Mullis teve a brilhante ideia de sequenciar o DNA e fazer cópias, ganhando o prêmio Nobel em 1993. A estrada da Ciência é longa e requer dos serviços de saúde a otimização de tempo e recursos, mantendo os altos padrões de qualidade do diagnóstico molecular. Prezar pela clareza e precisão do diagnóstico do paciente é essencial para seguirmos cuidando de todos que fazem parte dessa jornada por um mundo mais saudável, mais limpo e mais seguro.
Eduardo Razza é PhD em Biotecnologia e Gerente Regional de Soluções em Testes Genéticos da Thermo Fisher Scientific