Artigo – Indústrias incentivam Fiocruz a abrir unidade e acelerar produção de vacina nacional

Com a promessa de governos estaduais e federal de produzir vacinas contra o Coronavírus 100% brasileiras ainda neste ano, só podemos esperar que todas as fases necessárias para que isso se torne realidade sejam cumpridas com a maior presteza.

Para que isso ocorra, é fundamental a manutenção do prazo que prevê para agosto a fabricação do insumo farmacêutico ativo (IFA) nacional. Este é o grande gargalo, que nos torna dependentes de remessas chinesas e indianas e tem tornado o calendário de vacinação tão instável.

São 17 vacinas em estudo atualmente no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde. As maiores esperanças recaem sobre o Instituto Butantan, em São Paulo, e a Fiocruz, no Rio de Janeiro.

Nesta última organização, a aposta é a nova planta, que já conta com todo o maquinário, mas ainda demanda uma série de adequações e manutenções, já que estava parada há algum tempo. Ali, fabricantes de equipamentos e diversos outros insumos aguardam o sinal verde para fornecer tudo de que a nova unidade precisa para colocá-la em funcionamento o mais rápido possível.

Outra possibilidade cogitada no país é a utilização de plantas veterinárias para acelerar a produção de vacinas contra o Coronavírus. Se, para algumas pessoas, isso causa espanto, é preciso explicar que hoje a indústria de medicamentos para animais é tão exigente quanto aquela voltada para a produção farmacêutica em prol da saúde humana. Não haveria “contaminação” alguma na produção de vacinas humanas nesses locais – até porque ambos os produtos requerem certificação do FDA norte-americano, que representa uma chancela de qualidade inquestionável.

O que existe, seja em plantas farmacêuticas para humanos ou animais, é a necessidade de equipamentos adequados, calibrados e que passem por manutenção frequente.

As válvulas pelas quais passam os diversos fluidos, por exemplo, devem ter capacidade de não reter acúmulo de microrganismos, o que exige rugosidade mínima do material. As especificações ideais para alguns equipamentos a serem usados em novas plantas passam pelo desenho de toda a linha de produção (projeto isométrico), com as respectivas linhas de água PW, WFI, CIP, vapor, produto, e ainda os tanques, bombas, filtros, entre outros.

A partir dessas decisões, são escolhidas as melhores especificação de válvulas, medidores de vazão, termostatos, entre outros sistemas de medição e controle. Inclusive, a análise tanto de engenheiros quanto de farmacêuticos ajuda a economizar e aumentar a segurança contra contaminações.

Uma das opções é o uso de blocos de válvulas, que integram diversos equipamentos em um único conjunto. Sua principal vantagem é eliminar qualquer milímetro de espaço entre peças – conhecidos como “área morta” – que representam um grave problema, pois permitem a proliferação de microrganismos que podem levar à degeneração do produto.

Outra necessidade é a rastreabilidade dos lotes produzidos nessas unidades, o que pode ser obtido com sistemas de chips instalados em cada um dos equipamentos, que permitam o controle de quando, quanto e como foi produzida cada gota de medicamento. Uma das opções de manejo do sistema é o uso de radiofrequência na leitura das informações contidas nos chips.

Por fim, vejo que não adianta reclamar das condições de produção brasileira. Se fosse tão fácil produzir vacinas contra o Coronavírus em quantidades continentais, muitos países o estariam fazendo. Mas são apenas alguns – e o Brasil logo estará entre eles.

 

 

 

Hans Paul Mösl é administrador de empresas e gerente geral de vendas da área PFB (farmacêutica, alimentícia e de biotecnologia) da GEMÜ Válvulas, Sistemas de Medição e Controle

Redação

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