Artigo – Perspectivas para mais marcas de cannabis medicinal no Brasil

cannabis é uma planta milenar tradicional em diversas culturas. Durante longa data foi propagada culturalmente de maneira empírica por conta da validação de suas propriedades. Seu legado foi transmitido devido ao conhecimento adquirido de geração em geração.

Depois de atravessar quase um século de proibição, assistimos ao longo da última década a proliferação de estudos em torno das propriedades dessa planta, edificando, enfim, a criação de uma indústria com respaldo científico.

As flexibilizações e o movimento global a favor da cannabis demonstram claramente que a consolidação da indústria no Brasil não se trata mais de uma questão de “se”, e sim, de “quando”. Esse mercado já existe no país, mas ainda está engatinhando. A notícia boa? Em breve, a indústria andará a passos largos, pois é um caminho sem volta. A cannabis veio para ficar.

O Brasil, maior país da América do Sul, já conta com uma regulamentação acerca da maconha para fins medicinais; o acesso à cannabis permanece restrito, e ainda não atende às reais necessidades da população. Está disponível para uma pequena parcela dos brasileiros que já se beneficia das incontáveis propriedades terapêuticas da planta.

Na realidade do nosso país, hoje existem três maneiras possíveis de seguir um tratamento com cannabis: via importação, por meio de associações, ou adquirindo um dos produtos já disponíveis nas farmácias, caso seu poder aquisitivo permita.

Cabe ressaltar que aqui estamos tratando estritamente do uso medicinal dessa planta, sem mencionar o potencial gigantesco que representa o cânhamo industrial e a cannabis destinada ao uso adulto.

Segundo relatório sobre o Impacto Econômico da Cannabis, elaborado pela Kaya Mind, na projeção de um cenário de legalização no Brasil, contemplando uso medicinal, industrial e adulto, a estimativa é de que as vendas totalizem R$ 26 bilhões após o quarto ano de regulamentação, sendo R$ 8 bilhões de impostos, com mais de 33 toneladas consumidas de óleo à base de maconha e milhares de empregos criados.

Esse cenário parece uma utopia, mas já é realidade em países vizinhos, como Colômbia e Uruguai – pioneiro na legalização. Ou seja, espaço para novas marcas existe de sobra, o que o país precisa é de regulamentação que permita o acesso justo e inclusivo para que a população possa se beneficiar das incontáveis propriedades terapêuticas da planta.

Temos muito a aprender com quem tem experiência no assunto: os vizinhos latino-americanos. No Uruguai, por exemplo, há a única empresa da América Latina que integra todas as verticais do negócio de cannabis, da semente ao produto embalado, incluindo os certificados GAP – uma espécie de manual de boas práticas agrícolas sustentáveis, válido globalmente, e o GMP – conjunto de normas que padronizam e definem os diversos procedimentos da manufatura, como controle de qualidade, fabricação, condições de instalações, equipamentos, embalagens, armazenamento e distribuição dos produtos produzidos pela companhia.

A empresa citada conta ainda com uma estrutura agroindustrial de 300 mil metros quadrados de cultivo, além de mais de 1.500 metros quadrados de estufas, uma estrutura de secagem farmacêutica e seu próprio laboratório de primeira classe para extração e purificação de canabinoides, sendo vanguardista no desenvolvimento de produtos com nível farmacêutico.

Integrar as verticais de uma indústria exigente como a da cannabisestabelecer parcerias com empresas já consolidadas ou com experiência em algum ramo específico é sinônimo de economia, tanto de tempo como de recursos, sem falar na expertise agregada ao processo. Produzir com qualidade superior e contar com as certificações necessárias para atender às regras exigentes da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) não são tarefas que todos conseguem cumprir na indústria da cannabis.

Esse tipo de posicionamento e estratégia de negócio é um bom exemplo a seguir quando temos um setor industrial e de agronegócio tão estruturados como no Brasil, um país extenso e populoso, que sempre terá mercado para produtos de qualidade; sobretudo quando se diferencia da média do mercado.

Temos mais de 212 milhões de habitantes e boa parte deles ainda pode ser amplamente beneficiada com a cannabis. Afinal, é vasto o leque de patologias que essa planta milenar tem capacidade para tratar. Basta observarmos os próximos passos!

Maria Ribeiro da Luz é CEO da Anandamidia, agência de comunicação especializada em cannabis, responsável pela comunicação da Netcann no Brasil

Redação

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