Fechamos 2018 e o Brasil, outra vez, manteve-se estagnado no tempo econômica e socialmente. Os trens da história seguem passando, um atrás do outro, e lamentavelmente parece que nunca estamos na estação para embarcar nas melhores oportunidades.
Dizer que nosso crescimento foi pífio é patinar no óbvio. Faz anos que o Produto Interno Bruto (PIB) não avança e são necessários malabarismos fiscais para apresentar um balanço fiscal que não seja deficitário. Quanto mais vulneráveis são nossos cidadãos, mais acusam os golpes da crise. Desemprego, custo de vida, insegurança, falta de perspectiva. Enfim, um presente penoso apontando para um futuro talvez pior.
No campo da Saúde, em particular, são inúmeros os revezes amargados nos tempos recentes. Os investimentos, já parcos, foram congelados por duas décadas. O ralo da corrupção também segue levando verbas preciosas e gestões inconsequentes se repetem em vários níveis públicos. Assim, nada muda na linha de frente da assistência. As filas para consultas, procedimentos e cirurgias são regra, faltam insumos para o atendimento adequado, os recursos humanos permanecem sub-remunerados.
Está aí 2019, batendo à porta, para renovar esperanças. Sim, sempre é importante acreditar na virada. Melhor ainda é não desanimar e trabalhar para que mudanças ocorram com consequência e celeridade.
Que assim seja. Que o Governo prestes a tomar posse tenha mesmo propósito nobre, postura diferenciada e compromisso real com dias melhores para todos. Que propostas não fiquem em palavras e que novos ares afastem as nuvens tempestuosas do país.
Sem querer ensinar o bê-a-bá a ninguém, mas somente reafirmando o que muitas vezes alguns não querem enxergar a um palmo do nariz, a semente para uma saúde digna, capaz de promover inclusão social, está necessariamente na promoção e prevenção à saúde.
Precisamos investir em campanhas que tragam como saldo a conscientização e a qualificação de nossos indicadores. Temos de trabalhar, desde as escolas, a consciência da prevenção, dos hábitos saudáveis, da qualidade de vida.
Até hoje, no Brasil, destinamos fortunas em doenças, quando deveríamos focar na disseminação da saúde. O problema é gravíssimo entre os políticos e gestores. Porém, inclusive entre diversos médicos e profissionais de saúde esse desvio também é evidente, o que denota um comportamento vicioso e distorcido.
Em um hospital ou uma clínica, ainda é comum ver pessoas sendo chamadas de “o paciente do quarto tal” ou “o paciente do plano y, x z”. Isso precisa ser alterado imediatamente. Seres humanos têm nome, famílias, amigos etc. São gente, de carne, osso e com emoções. Dessa maneira devem ser vistos e tratados, como gente, pelo nome, com cuidado e atenção.
Que em 2019, a ficha caia para todos nós, como dizem as novas gerações. Que o Brasil tome prumo e que a saúde seja tratada com doses e mais doses de promoção, prevenção e humanismo. Acreditemos, a hora da virada pode ser agora. Boas festas.
Antonio Carlos Lopes é presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM)