Quando pensamos em Saúde Global devemos primeiramente resgatar em nossas memórias que a globalização permeia grandes mudanças que impactaram, impactam e que suas consequências boas ou rins irão reverberar por gerações. A globalização possibilitou a abertura das fronteiras ao comércio, crescimento e avanço tecnológico, desenvolvimento das tecnologias digitais e meios de comunicação como as redes sociais com o crescer ímpar da internet.
Com ela conseguimos desbravar novos horizontes, a pesquisa científica conseguiu romper barreiras do senso comum que antes eram imagináveis. Contudo, a globalização nos permitiu perceber que seu impacto não chega a todos da mesma maneira, que embora suas intenções e benefícios sejam inenarráveis, os reflexos e consequências não possuem a mesma repercussão em todas as regiões e isso não seria diferente na equidade em saúde.
A saúde sempre foi um bem intangível a todos, porém nas últimas décadas com o avançar a passos largos da globalização, ficou cada vez mais evidente de que a presença da “saúde” se tornou um fator importante para o crescimento econômico, social e político de muitos países. Sem dúvida o processo de globalização é a gênese do termo “Saúde Global”. Mas o que é saúde global? Ela possui suas raízes na saúde pública, internacional, da coletividade, da interdisciplinaridade com foco nas ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde humana.
Quando observamos os principais conceitos podemos observar que faltam peças nesse quebra cabeça. Embora seus objetivos sejam translúcidos relacionados a pesquisas de questões e problemas de saúde supraterritoriais que extrapolam as fronteiras geográficas de países e governos, seu foco primordial continua enraizado no antropocentrismo, ou seja, na promoção, prevenção e recuperação da saúde humana.
As demandas do mundo atual, como a pandemia do novo Coronavírus, vieram para mostrar que chegou o momento de mudanças, ou seja, quebra de paradigmas, ver a saúde como um todo, como “Saúde Única”, ou como usado internacionalmente “One Health”. A globalização nos impõem uma conversão de leitura de mundo, não abrindo mão da Saúde Global, mas incluindo a Saúde Única, tendo uma visão holística entre a saúde humana, animal e ambiental.
Não podemos priorizar a saúde humana quando estamos cercados por um todo. Quando o equilíbrio entre essa tríade é quebrado abre-se espaço para o surgimento de doenças emergentes e reemergentes. A saúde única é uma perspectiva hologramática de pensar em saúde dentro de um mundo globalizado. O convívio harmônico entre Saúde Global e Saúde Única se coadunam, sendo fundamental para uma existência saudável e indissociável de um planeta globalizado.
Willian Barbosa Sales é biólogo, doutor em Saúde e Meio Ambiente, coordenador dos cursos de Pós-graduação área da Saúde do Centro Universitário Internacional Uninter