Cães auxiliam na terapia de pacientes em reabilitação

O melhor amigo do homem também pode ser parceiro no tratamento de saúde. Em São Paulo, os cães Canjica, Caju, Jane, Mel e Boris, da raça Golden Retriever, dão apoio à equipe de profissionais, auxiliando no processo de recuperação de adultos e idosos internados por sequelas de Acidente Vascular Cerebral (AVC), complicações por Covid-19, doenças crônicas e traumas graves.

Desde fevereiro, a Clínica Sainte-Marie, especializada em tratamentos para reabilitação e transição, cuidados paliativos e de longa permanência, tem adotado a Intervenção Assistida por Animais (IAA) como estratégia para proporcionar maior bem-estar físico e emocional aos pacientes. A interação dos cães ocorre com 26 pessoas internadas, uma vez por mês, em cada uma das três unidades da empresa.

“Os pacientes estão recebendo bem a atividade assistida por animais. A maioria gosta muito do contato com os cães e os poucos que tiveram alguma resistência no primeiro momento, ao longo das visitas, vão se permitindo à novidade e aceitando a proximidade dos cães mais tranquilamente”, explica a fisioterapeuta da Clínica Sainte-Marie, Camila da Costa.

Vários estudos comprovam que o contato com animais traz benefícios a idosos institucionalizados e pacientes que estão em reabilitação, auxiliando na melhoria da cognição, afeto e socialização, além de aspectos motores.

“A maioria das publicações científicas sinalizam que as intervenções utilizando animais com o propósito de benefícios terapêuticos foram realizadas em serviços hospitalares, como centros de reabilitação e instituições de acolhimento para idosos. Trata-se de uma ferramenta de apoio na saúde com potencial para melhorar o estado geral de inatividade e isolamento do paciente, além de aliviar o sofrimento emocional”, esclarece a profissional.

Na Sainte-Marie, o projeto também tem a finalidade de auxiliar no reforço de comunicação, confiança e responsabilidade do paciente com a equipe multidisciplinar e diminuir a sensação de isolamento devido à rotina de internação.

Durante os encontros, que possuem objetivos claros e dirigidos pela equipe de fisioterapeutas, os pacientes são estimulados a tocar nos cães, tanto para acariciá-los quanto para, através de uma atividade, alcançar um objetivo terapêutico, como um alongamento ou outros movimentos que precisam ser estimulados para o processo de reabilitação.

“Vemos claramente o quanto os pacientes ficam mais leves e felizes, percebemos que até mesmo aqueles mais resistentes no início estão atentos ao que está acontecendo”, revela a fisioterapeuta.

Além de ser um projeto benéfico para a saúde emocional, o contato com os cães também reflete positivamente na parte motora. “Os pacientes se esforçam com alegria para conseguir realizar o movimento que está sendo solicitado”, complementa Camila.

Participam das atividades apenas quatro pacientes por cão, sem a presença próxima de acompanhantes, para uma melhor desenvoltura do animal e evitar aglomerações. Além disso, as sessões acontecem sempre com a supervisão de profissionais de saúde, na área de convivência das unidades.

Os cães coterapeutas, além de higienizados, foram vacinados e vermifugados, passaram por check-up clínico e consultas periódicas ao veterinário, comprovando que estão saudáveis, em cumprimento aos protocolos sanitários exigidos pela clínica.

Para atuarem na Intervenção Assistida por Animais, eles passaram por uma criteriosa seleção de especialistas que avaliaram questões comportamentais, de temperamento, de comando e de socialização, a fim de comprovar a aptidão natural para o trabalho. Apesar de não haver uma definição de raças ideais, essa modalidade procura evitar linhagens com características físicas e estigmas sociais que possam comprometer o vínculo e aceitação dos pacientes em se aproximar e interagir com os animais. A definição do porte varia conforme as condições clínicas dos pacientes.

Os animais também passam por treinamentos constantes para estarem habituados ao local e elementos que façam parte da rotina clínica. Antes de cada sessão, eles são preparados para atender as necessidades terapêuticas definidas pelos profissionais de saúde, sempre respeitando todas as práticas de segurança e bem-estar animal.

Redação

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