Entre outros temas, o mês de junho é marcado pela campanha de conscientização sobre a leucemia, tipo de câncer no sangue. Conhecida como Junho Laranja, a iniciativa tem o objetivo de chamar a atenção para a doença. A leucemia linfoide aguda (LLA) é considerada o câncer mais comum da infância, motivo pelo qual a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE) reforça a importância do diagnóstico precoce.
As leucemias agudas representam aproximadamente 30% dos diagnósticos de câncer em menores de 15 anos, sendo considerado o câncer mais comum nessa faixa etária, segundo dados do Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (GRAACC). As leucemias agudas representam 95% dos casos em pediatria, sendo a leucemia linfóide aguda (LLA) responsável por 85% desses diagnósticos.
Uma das coordenadoras do protocolo nacional de tratamento da LLA infantil (GBTLI LLA), que está inserido no escopo de atuação da SOBOPE, Dra. Maria Lucia de Martino Lee, destaca que a apresentação clínica das leucemias é bastante heterogênea: “Os chamados sinais clássicos da doença (gânglios aumentados, manchas roxas, empalidecimento) nem sempre estão presentes”.
“Por outro lado, dores articulares de caráter migratório ou claudicação de causa injustificada precisam ser encarados como um alerta. Em bebês com menos de um ano de vida, lesões de pele já podem ser consideradas manifestações da doença. Nem sempre o hemograma (exame de sangue) estará alterado, ou seja, na vigência de uma suspeita clínica de leucemia, um hemograma normal nunca deverá descartar a hipótese diagnóstica”, alerta.
Ela reforça que o pediatra precisa estar atento ao histórico do paciente e a todas essas características para um diagnóstico precoce, além de dar atenção às queixas e sintomas. “Vale lembrar que se uma criança tiver um câncer, a grande possibilidade é que seja uma leucemia. Quando adequadamente tratada, a LLA hoje tem chances de cura de cerca de 85% e a LMA (leucemia mielóide aguda) em torno de 60-70% nos países desenvolvidos”.
Dra. Maria Lucia de Martino Lee relata que “no Brasil, ainda não estamos dentro dessa realidade, infelizmente”. “Por isso, a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE) dedica-se a reforçar a importância do olhar atento à doença e a participar de protocolos cooperativos que concretamente resultam na melhoria desses resultados”, finaliza a hematologista pediátrica.