A AsQ, especializada em gestão de saúde, em parceria com hospitais, laboratórios e clínicas de São Paulo, lança na terça-feira (19) um novo serviço no país. Com foco nas operadoras, a empresa adaptou para a realidade local a chamada Accountable Care Organization (ACO), modelo de atendimento inspirado no proposto pelo Affordable Care Act (Obama Care), que propõe cuidar da saúde de uma população com qualidade e mantendo os custos sob controle.
Isso é possível porque neste modelo há um acompanhamento próximo da jornada do paciente, garantindo atenção integral às necessidades de cada pessoa e evitando desperdícios. A implantação do modelo contou com as consultorias da economista Maureen Lewis, que estuda o tema e há 30 anos aconselha governos e líderes do setor privado sobre as reformas do sistema de saúde, e da médica Márcia Makdisse, responsável pela estruturação e desenvolvimento da Estratégia de VBHC (Value-Based Health Care, Atenção à Saúde Baseada em Valor) no Brasil.
A busca de qualidade no atendimento com gastos sob controle é um desafio para todo o sistema de saúde. Historicamente, a Variação dos Custos Médico-Hospitalares (VCMH) é bastante elevada. O índice, apurado pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), esteve sempre acima dos 10% ao mês desde julho de 2011 até março de 2020, quando houve redução provocada pela diminuição de despesas com consultas e cirurgias eletivas, reflexo da pandemia. Em 2019 o VCMH subiu 14,5%. A inflação geral, medida pelo IPCA/IBGE, foi de 4,5%.
A ACO abrange serviços de Atenção Primária à Saúde, serviços médicos de nível secundário (consultas, exames, terapias, etc), hospitais, fornecedores e diversos outros protagonistas do segmento e coloca o paciente no centro do cuidado.
Uma das metas da ACO, através do modelo colaborativo de rede, é reduzir de forma geral os gastos de saúde e remunerar com base em valor, e não somente volume. “O importante é que uma parte da remuneração esteja vinculada à qualidade da assistência prestada e às entregas contratualizadas. Os custos evitados respondem pela grande inovação do processo”, explica a médica Carla Biagioni, diretora técnica na AsQ.
Em vez de tratar doenças já estabelecidas, uma das bases da ACO é a Gestão de Saúde Populacional, onde todas as pessoas têm seu cuidado gerenciado conforme seus riscos. O atendimento centrado na pessoa e iniciado na Atenção Primária à Saúde propõe um conhecimento do perfil de adoecimento de cada indivíduo e um cuidado singular, podendo ser de investigação, de orientação ou mesmo de monitoramento.
“A partir deste momento é estabelecido um Plano de Cuidado. Junto com as próprias pessoas, trabalha-se o melhor cuidado da saúde. É imprescindível o trabalho da Atenção Primária à Saúde no início desta jornada para a melhor coordenação do cuidado”, ressalta Vilma Dias, diretora da empresa.
A tropicalização do modelo consumiu mais de um ano de trabalho da AsQ. A empresa desenvolveu projetos piloto e contou com apoio de parceiros de São Paulo: Hospital Maternidade Santa Maria; Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC); Alliar (sistema de diagnóstico); Alpha Diagnose (serviço especializado em oftalmologia) e Humana Magna (rede focada em reabilitação).