O número de cirurgias para correção da catarata realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) caiu de 56 mil para 30 mil procedimentos feitos em todo o Brasil, entre 2019 e 2020, com redução de 46%. Em 2021 foram realizadas 35 mil cirurgias, com queda de 37%, se comparado a 2019. Os dados foram divulgados pelo DataSus.
A catarata é uma das principais causas de cegueira tratável no mundo, segundo a Organização Panamericana de Saúde (OPAS). Apenas no Paraná as cirurgias caíram 69% entre 2019 e 2020, com alta de 66% nos procedimentos de urgência no mesmo período.
A catarata é uma opacidade no cristalino – uma lente natural que recobre nossos olhos – que pode levar a diminuição progressiva da visão. É mais comum entre os idosos. O cirurgião oftalmologista especialista no tratamento de catarata, Dr. Ricardo Ducci, explica que a doença é tratável com cirurgia, mesmo que o paciente já esteja cego. “O procedimento é indicado a partir do momento em que a condição começa a atrapalhar a visão e gerar problemas de bem-estar e segurança. Alguns exemplos simples são a dificuldade para ler, dirigir ou caminhar pela casa no escuro. As técnicas modernas disponíveis atualmente permitem que a cirurgia seja feita antes de uma evolução mais grave da doença”, alerta.
O último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 2.2 bilhões de pessoas ao redor do mundo convivem com deficiências visuais, ou seja, têm baixa visão ou cegueira. A catarata corresponde a 45% dos 33,6 milhões de casos tratáveis no mundo e a 49% dos casos de cegueira no Brasil, de acordo com o último censo do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.
O tempo de recuperação da cirurgia é relativamente curto e o paciente pode retornar às atividades habituais em poucos dias, “são necessários cuidados básicos como evitar o contato com água do mar ou piscina, não levar a mão aos olhos e fazer o uso adequado dos colírios indicados para o pós-cirúrgico”, explica Ducci.
O auxiliar administrativo, Moacir Correia dos Santos, de 66 anos, conta que ficou cerca de 15 anos com dificuldade para enxergar devido à catarata. “Sem a visão eu não sou nada, queria poder sair de casa e fazer as minhas coisas, mas eu não podia. Após longa espera no SUS, mesmo com dificuldade financeira, fiz a cirurgia de forma particular e hoje a minha vida é muito melhor”.
O especialista, Ricardo Ducci, ressalta que o procedimento é seguro e não tem risco de recidiva. “Depois da cirurgia a doença não volta e indicamos a realização em um olho de cada vez, com intervalo de uma semana. O procedimento leva cerca de dez a vinte minutos e é feito com equipamentos a laser de altíssima tecnologia, que permite maior precisão e segurança do procedimento”.
Consultas do SUS – O número de consultas oftalmológicas no SUS caiu de 2.709, em 2019, para 2.074, em 2020, e 1.876, em 2021. A redução é de 833 consultas de 2019 para 2021 com queda de 30%.
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