Com cirurgia ao vivo, Hospital Erasto Gaertner mostra técnica inovadora em evento de ginecologia

Uma técnica inovadora contra o câncer do útero foi apresentada diretamente de Curitiba (PR) para o mundo durante o Congresso Americano de Cirurgia Ginecológica Laparoscópica, evento internacional realizado de 6 a 14 de novembro.

A cirurgia ao vivo ficou sob a execução da Dra. Audrey Tsunoda, do Hospital Erasto Gaertner (PR), o único da América Latina a marcar presença na programação com o ensino de um método, no caso a histerectomia total (remoção completa do útero com ovários e trompas) em paciente com câncer.

Especialistas de 180 países puderam assistir à intervenção feita pela médica, a única mulher a ministrar esse tipo de treinamento on-line durante o evento. O procedimento, realizado no próprio Hospital Erasto, também consistiu na remoção da primeira íngua (linfodono) para onde a doença do útero pode progredir – a localização do gânglio fica no ventre (em 85% dos casos) ou no abdômen (em 10 a 15% das ocorrências).

A histerectomia total laparoscópica com biópsia do linfonodo sentinela pélvico (SLN) é uma abordagem padrão para o câncer endometrial inicial, mas ainda não amplamente adotada, pois o treinamento pode ser difícil e precisa ser dado por profissional capacitado, com mais de 20 casos. Daí a importância da presença da brasileira, credenciada com essa experiência, diante da comunidade médica internacional.

“A cirurgia foi muito bem-sucedida. No Erasto, onde o serviço será disponibilizado para pacientes do SUS a partir de 2021, utilizamos a técnica de pesquisa de linfonodo sentinela para os tumores do útero há cerca de sete anos. Somos uma das quatro instituições de câncer do Brasil que a ensinam de rotina. Infelizmente, na maioria dos centros do Brasil e da América Latina, não há recursos disponíveis (corante, material de videolaparoscopia, radiofármaco ou equipe treinada)”, pontua Audrey Tsunoda.

cnica

Para entender a técnica, é preciso primeiramente compreender a função dos linfonodos, que atuam na defesa do organismo (contra inflamações, infecções e tumores). Antes das células tumorais se alojarem em um órgão nobre, como cérebro, pulmões e fígado, os linfonodos servem de filtros que impedem as metástases (sementes do tumor).

Essas ínguas estão dispostas em uma rede, sendo que, quando a primeira responsável por proteger um órgão está livre de doença ou tumor, provavelmente as demais também estarão. “Para analisarmos o estágio da doença, precisamos avaliar características do tumor, onde ele surgiu e os possíveis locais para onde pode ter se propagado. No caso dos linfonodos, há duas formas: a linfadenectomia sistemática (remoção de todos os linfonodos de uma região, como o ventre neste caso) ou a pesquisa de linfonodo sentinela”, explica a médica.

Nesta última, acrescenta a cirurgiã, usa-se um corante injetado no útero para que, na migração desse produto, seja possível identificar qual é o sentinela. Trata-se de um grande avanço que tem a intenção de tratar adequadamente, com menos complicações e sequelas.

“O corante mais utilizado costuma ser o azul patente, que dura nos linfonodos cerca de 40 minutos e depois é eliminado pelos rins. A chance de detectar adequadamente o sentinela empregando apenas o corante azul é em torno de 50% a 60%. Quando combinado a outro método, como um medicamento radioativo (radiotraçador), essa possibilidade sobe para 65%, 70%.”

Nos últimos anos, uma nova tecnologia surgiu para a identificação do sentinela, os filtros especiais. Esse procedimento é o que foi apresentado pela Dra Audrey.

Um corante chamado verde de indocianina fica mais tempo nos linfonodos, elevando a oportunidade de detecção. A introdução da substância é feita sob anestesia, durante a cirurgia, e a migração da coloração pode ser observada com uma microcâmera especial de altíssimo padrão. “Nessa técnica, a taxa de identificação correta dos linfonodos sentinelas, ao menos uma de cada lado, pode chegar a 85%”, finaliza Dra. Audrey.

Redação

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