Programa de Residência Médica garante melhores condições para o tratamento oncológico

O novo Programa de Residência Médica em Oncologia Clínica (PROC) elaborado pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), foi publicado no Diário Oficial da União e passa a ser válido em todo território nacional com implementação gradual até 2021. No país em que se contabiliza pouco mais de 3,5 mil oncologistas e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estimam-se 600 mil novos casos de câncer em 2019, o PROC promete assegurar que os residentes tenham acesso a uma formação de excelência, mais de dez anos depois da última mudança no Programa. Inúmeros tratamentos e medicamentos para câncer foram lançados na última década, por isso o PROC irá alinhar a nova realidade da prevenção e tratamento oncológicos com a aquisição teórica e treinamento prático adequados.

“A prioridade do PROC é promover o que há de mais moderno na área, garantindo a melhor formação dos oncologistas, pensando especialmente no reflexo que isso terá no bem-estar dos pacientes”, pontua Dr. Sérgio Simon, presidente da SBOC. Para isso, a própria Sociedade assume a responsabilidade de avaliar cada programa de residência do Brasil, além de prover conteúdo didático ainda não oferecido por boa parte deles. São áreas de conhecimento específico consideradas pela SBOC como fundamentais para o exercício da atividade e para o próprio fortalecimento dos serviços de atendimento oncológico no país, a exemplo de biologia molecular, genômica tumoral e oncogenética.

Em função da complexidade da especialidade, um dos objetivos também é estimular a educação permanente no âmbito da Oncologia e valorizar a capacidade crítica e reflexiva da atividade médica, considerando seus aspectos científicos, éticos e sociais. “As mudanças propostas devem reduzir a desistência dos médicos na área. Atualizamos a Matriz de Competências para a formação do oncologista clínico no Brasil e pensamos mais na experiência do profissional que, futuramente, irá tratar pacientes com câncer. É fundamental que este médico se sinta motivado a se desenvolver”, afirma dr. Rafael Kaliks, oncologista da SBOC. A satisfação dos residentes estimula mais médicos a se especializarem no campo oncológico e reflete o tratamento que o paciente terá.

Outros avanços importantes que o Programa traz são: padronizar a avaliação não somente do conhecimento teórico, mas também do comportamento do residente durante o treinamento; aumentar a carga horária de atividade ambulatorial, principalmente no primeiro ano e possibilitar a individualização da formação do residente. Para o vice-presidente da SBOC para Ensino da Oncologia, Dr. Rodrigo Munhoz, o ajuste na carga horária relativa a cuidados na enfermaria e atividades ambulatoriais representa uma inovação significativa. “Ainda que haja uma parte de enfermaria muito pesada, a oncologia é uma atividade eminentemente ambulatorial”, explica.

O especialista ainda destaca a importância da formação individualizada do residente durante o terceiro ano, conforme seus propósitos. “Caso o médico tenha mais interesse em atuar com pesquisa, poderá ter uma carga horária maior nessa área. Se tiver interesse na área de educação ou administração, poderá receber treinamento específico. Com isso, tentamos estruturar um currículo que seja aplicável a diferentes cenários no Brasil.”

Segundo Dr. Simon, a revisão do currículo representa um desejo antigo da Sociedade e marca uma etapa importante na estruturação da SBOC, agora assumindo a cadeira de filiada à Associação Médica Brasileira (AMB). “Mais do que uma prioridade, era uma das obrigações da atual gestão da SBOC e ficamos muito satisfeitos em conseguir construir e aprovar o PROC. A intenção é revisitá-lo, com o passar do tempo, para que consigamos sempre adequar o currículo aos avanços que vivemos na oncologia”, comenta.

O novo Programa está alinhado com as Recomendações para um Currículo Global em Oncologia Clínica, elaboradas conjuntamente pelas Sociedades Europeia e Americana de Oncologia (ESMO/ASCO), em 2016, e atualizadas periodicamente. Assim, a formação dos oncologistas brasileiros terá a mesma qualidade de países referência no tratamento de cânceres.

Redação

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