A edição 2018 da Rehacare, maior feira de tecnologia assistiva e reabilitação da Europa, receberá um pavilhão brasileiro recheado de atrações. Com uma quadra de basquete para apresentações esportivas, demonstração de produtos e um happy hour tipicamente brasileiro, a participação da indústria nacional foi estrategicamente planejada para ampliar a visibilidade da produção interna aumentando as chances de exportação. A feira, que será realizada entre 26 e 29 de setembro em Düsseldorf, Alemanha, integra as ações do Brazilian Health Devices, projeto setorial executado pela ABIMO em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).
Instalada em território europeu, a feira recebe distribuidores e compradores de todo o mundo tornando-se uma grande vitrine para desenvolvedores de produtos e soluções voltadas à área de reabilitação. E é justamente essa característica que a torna tão atrativa à indústria brasileira.
Para Carolina Kobylansky, da Jumper, a feira é uma ótima plataforma para a manutenção do relacionamento com os clientes já fidelizados, além de ser excelente para abrir novos caminhos na região da Europa e da Ásia. “Temos contratos com compradores da Alemanha e de Portugal e queremos nos manter como referência no mercado internacional de tecnologia assistiva”, comenta. Participando pela terceira vez do evento, a Jumper movimentará o pavilhão com uma quadra de basquete e atletas brasileiros e internacionais para demonstração de seus produtos. “Levaremos nossas cadeiras de rodas ativas e esportivas, além do nosso lançamento: próteses de pernas transtibial e transfemural”, explica Carolina.
Quem visitar o pavilhão brasileiro também poderá ver com mais detalhes os produtos lançados pela Fix It, que levará, ao evento, um amplo portfólio de soluções para lesões de mãos, punhos e dedos. “Buscamos estreitar os laços para, então, iniciar as exportações para o mercado europeu”, explica o CEO da marca, Felipe Neves. Para angariar a atenção dos visitantes, a empresa planeja sair da teoria. “Aplicaremos nossas soluções em algumas pessoas para melhor demonstração”, comenta Neves.
Compondo as oito marcas do pavilhão brasileiro, o LAIS (Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde) também está interessado em observar o mercado. Em vez de expor produtos e soluções, apresentará as principais pesquisas e estudos que desenvolve junto à Universidade Federal do Rio Grande do Norte. “Buscamos ideias, atualização de pesquisas, parceiros e estudantes interessados no desenvolvimento de tecnologia no Brasil”, explica Danilo Nagem ao enfatizar que o laboratório estará presente para estreitar as relações comerciais e de desenvolvimento com empresas e instituições europeias.
Dentre as ações planejadas também está um Happy Hour Brasileiro. No terceiro dia de exposição, o pavilhão estará aberto para uma confraternização temática criada para promoção do networking entre as fabricantes nacionais e o público participante da Rehacare. Tradicional no evento – que chega a receber mais de 40 mil profissionais da área de saúde vindos de 47 países – o encontro proposto pelo pavilhão brasileiro investe em itens culturais que são mundialmente reconhecidos como, por exemplo, a caipirinha.
Inserção brasileira – A Europa, que recebe anualmente a feira, conta com um mercado repleto de oportunidades. “A região possui perfil de alta competitividade tecnológica, o que é um desafio para a inserção de empresas estrangeiras, porém o alto poder aquisitivo da população e os mercados consolidados para dispositivos de reabilitação são pontos fortes do território”, esclarece Rafael Cavalcante, coordenador de acesso a mercados da ABIMO.
Participando pela primeira vez do evento, a Cavenaghi está motivada para iniciar suas exportações após a exposição. “Buscamos introduzir a marca no mercado externo após compreender as necessidades dos clientes e entender nosso posicionamento mercadológico”, comenta a gerente comercial Debora Jacinto que acredita que o Brasil pode representar, no mercado europeu, uma boa oportunidade para obtenção de produtos de boa qualidade a preços competitivos. Trabalhando com soluções para direção como aceleradores e freios manuais, pomos giratórios e controles de comandos secundários, a Cavenaghi aposta na relação entre qualidade e custo benefício como uma de suas vantagens competitivas.
Já a Adaptte Ortrus, que desenvolve sistemas posturais, aposta em um plano estratégico composto por análise, feedback e adaptações nas linhas de produtos. A participação da marca na Rehacare 2017 foi fundamental para que os engenheiros pudessem observar o mercado e propor mudanças que fariam seus produtos ainda mais atrativos ao mercado consumidor mundial. “Com as informações colhidas ano passado realizamos modificações que nos destacam dos principais concorrentes. Assim, chegaremos à Rehacare deste ano com uma nova geração dos produtos”, explica o engenheiro mecânico e de produção Alex Hirasawa.
Cenário – As fabricantes brasileiras do setor de tecnologia assistiva e reabilitação vêm observando crescimento nas exportações desde 2016, ano em que foram exportados cerca de US$ 49 milhões. Já em 2017, esse montante subiu para US$ 52,7 milhões e o crescimento permanece nas análises do primeiro semestre de 2018. Entre janeiro e julho deste ano as exportações tiveram aumento de 3,6% no comparativo com o mesmo período do ano passado. Paralelamente à ampliação dos números de exportações, as importações também aumentaram consideravelmente, fazendo com que o déficit da balança comercial geral do segmento permanecesse.
“O movimento é similar ao geral do setor. O Brasil é deficitário no comércio exterior com a Europa. Isso se deve principalmente à forte competitividade, em termos de pioneirismo e tecnologia, de muitos dos dispositivos fabricados no continente, mesmo com produtos brasileiros mostrando-se com melhor custo-benefício”, explica Cavalcante, enfatizando que a área de reabilitação brasileira ainda tem muito espaço a desbravar no comércio exterior e que é a vertical que tem apresentado melhor desempenho neste ano, até o momento, dentre as representadas pela ABIMO.
No âmbito regulatório, a marcação CE é requisito obrigatório para acesso aos mercados europeus. Entendida mundialmente como referência de qualidade dos dispositivos certificados, a obtenção da marcação CE possibilita o acesso das fabricantes a diversos países também fora da Europa. “Desse modo, em diversas nações ao redor do mundo, ainda que não seja por força de lei, distribuidores e o mercado exigem produtos com marcação CE para representação ou comercialização. Isso é caracterizado como padrões privados, nos quais o mercado de certa forma impõe regras a serem cumpridas”, finaliza Cavalcante.
BRAZILIAN HEALTH DEVICES
O PS (Projeto Setorial) Brazilian Health Devices, executado pela ABIMO em parceria com a Apex-Brasil, tem como missão fomentar as exportações das indústrias de artigos e equipamentos da área da saúde. Brazilian Health Devices é a marca que reúne as indústrias exportadoras do setor e as representa internacionalmente.