Conectividade turbina telemedicina na pandemia

Impulsionado pela maior conectividade durante o período de isolamento social, o serviço de telemedicina do Hospital Albert Einstein passou de 1,2 mil atendimentos em fevereiro para 7,9 mil em março, 16,5 mil em abril e 22,3 mil em maio – um salto de 1.758% em quatro meses. Em junho, com a estabilização da crise sanitária, foram 18,8 mil atendimentos.

No início da pandemia, a maior parte dos chamados era de pacientes com sintomas associados à Covid-19. A partir de abril, outras queixas começaram a surgir, desde as mais corriqueiras, como dor nas costas, até outras mais graves que acabaram sendo diagnosticadas, por meio da telemedicina, como sepse e infarto, com alguns casos encaminhados ao atendimento no hospital.

Atualmente, o serviço de telemedicina do Einstein tem uma base de quase 1,6 milhão de usuários de 1,2 mil cidades em todo o Brasil, além de brasileiros que se encontram em viagem em mais de 20 países.

Desde o começo da crise sanitária, o Ministério da Saúde flexibilizou a regulamentação para o atendimento de pacientes de forma remota – a chamada telemedicina. Este e outros avanços devem seguir mesmo quando a situação melhorar. Para debater sobre a transformação digital no setor de saúde, o médico Sidney Klajner, presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, participará, no dia 8 de setembro, do Painel TeleBrasil 2020, um dos principais eventos sobre conectividade do país, que nesta edição será 100% digital.

“A pandemia consolidou o papel essencial da conectividade em diversos setores, como na medicina, e a coloca na linha de frente da recuperação social e econômica nos próximos anos”, afirma Marcos Ferrari, presidente da Sinditelebrasil, associação que reúne grandes empresas de telecom e organizadora do evento. “A tecnologia é um passo irreversível na escalada da evolução da medicina mundial”, complementa Sidney Klajner.

Descompasso

De acordo com Sidney Klajner, apesar dos avanços ainda há um grande descompasso entre a legislação vigente e a realidade, com as regras estabelecidas em 2002 pelo Conselho Federal de Medicina impedindo o uso pleno da telemedicina. “Naquele ano, não havia smartphone e nem chegávamos perto da qualidade de transmissão de informações de que dispomos hoje. Também não existia uma sociedade conectada e ansiosa por soluções tecnológicas que facilitassem a vida, como agora”, diz o presidente do Einstein.

Da mesma forma, pesa sobre o setor de telecomunicações a dificuldade para instalação de infraestrutura, que permitiria maior acesso a serviços relacionados à conectividade em todo o país. “Instalar antenas no Brasil, mesmo com investimentos disponíveis para isso, não é tarefa fácil. Há mais de 300 leis municipais que dificultam ou impedem essa operação”, explica Marcos Ferrari.

Segundo o presidente do Sinditele, em muitas cidades ainda vigoram leis criadas há mais de 20 anos, em uma época que nem banda larga móvel existia. “O Brasil sairá mais digital da pandemia e o novo normal terá assimilado a telemedicina. A conectividade promovida pelas empresas de telecomunicações já mostrou que dá conta do recado. Só que essas mudanças evidenciaram velhos problemas para os quais a solução ficou ainda mais urgente”, afirma.

De acordo com Ferrari, cerca de 4 mil antenas aguardam prefeituras do Brasil afora concederem a licença para serem instaladas, o que representa pelo menos R$ 2 bilhões em investimentos parados. “Se hoje já temos essas dificuldades, elas ficarão ainda mais evidente com a chegada do 5G, que exigirá um número de cinco a dez vezes maior de antenas”, diz.

O Painel TeleBrasil será realizado todas as terças-feiras de setembro, a partir das 9h. O evento contará com a participação de autoridades públicas, empresas de telecom e outros setores, como saúde, mobilidade, logística, mineração, finanças, dentre outros. Veja a programação completa em paineltelebrasil.org.br.

Redação

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