Desospitalização traz melhorias ao atendimento e sustentabilidade para o sistema de saúde

Possibilitar a alta de um paciente do ambiente hospitalar de forma segura, promovendo os cuidados necessários no domicílio ou em outros espaços, é uma forma que traz mais qualidade ao atendimento, além de garantir sustentabilidade ao sistema de saúde. A desospitalização, seus benefícios e desafios foram discutidos na 1ª Jornada de Desospitalização e Transição de Cuidados, realizada na quarta-feira (2), em Porto Alegre (RS), no Campus Iguatemi da UniRitter.

Promovido pelo Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (SINDIHOSPA), o evento reuniu especialistas de instituições regionais e nacionais, que abordaram o cenário da desospitalização na capital gaúcha, a perspectiva dos hospitais e planos de saúde, bem como cases de sucesso na área. Para o presidente Henri Siegert Chazan, o encontro foi um momento histórico. “Integramos toda a cadeia hospitalar e de home care neste debate, que é de uma enorme relevância para o setor. Precisamos cada vez mais avançar nessa questão”, afirmou em seu discurso de abertura.

A primeira palestra do encontro foi de Herventon Dias Moraes, diretor operacional da Hospitalar ATS. Representante do Núcleo de Alta Segura e Desospitalização do Sindicato, ele apresentou o contexto atual de Porto Alegre. Para o especialista, os avanços da medicina permitem a redução significativa do tempo de internação de pacientes – e, assim, maior fluxo no uso dos leitos. “Temos inovações tecnológicas, novos medicamentos, evolução dos métodos terapêuticos, que trazem agilidade e segurança no tratamento”, disse Moraes, reforçando a necessidade de ações integradas para dar continuidade ao cuidado no pós-alta.

Experiências bem-sucedidas

Em seguida, a Jornada teve a participação de Thais Gouveia. Enfermeira no Hospital Sírio-Libanês (SP), ela apresentou os resultados obtidos pela instituição na gestão de leitos. Com mais de 25 mil internações em 2018, o centro teve um crescimento de 251% nas solicitações de desospitalização em relação a 2013. “A alta segura atende às expectativas do paciente e do gestor, trazendo humanização no atendimento e otimização dos custos”, ressaltou. Ela pontuou ainda que o foco não deve ser apenas no internado, mas na família e em seu entorno, que devem receber esclarecimentos sobre todo o processo.

Fechando a programação da manhã, o evento teve um painel com cases de instituições de Porto Alegre. Participaram da atividade Gustavo Chatkin, do Hospital São Lucas da PUCRS, Roselie Pinto, da Santa Casa de Misericórdia, e André Wajner, do Hospital Nossa Senhora da Conceição. Os especialistas expuseram o trabalho desenvolvido nos estabelecimentos, com a mediação de Laura Severo, da Luthier Saúde.

“Este encontro permite a transição de paradigmas para trabalharmos esse tema que permeia tantas áreas”, definiu Laura, que é membro do Núcleo de Desospitalização do SINDIHOSPA. Para Gustavo, esse tipo de serviço “auxilia as equipes no planejamento de alta, contribuindo para um processo seguro, ágil e humanizado”. Roseli destacou o programa Todo Cuidado, desenvolvido pela Santa Casa. “Levamos a estrutura de alta complexidade para o domicílio, atendendo de forma personalizada as necessidades do indivíduo”, explicou. André, por sua vez, ressaltou que o Escritório de Gestão de Altas do Conceição consegue hoje “detectar com precisão quais pacientes têm maior chance de serem reinternados”.

Diferentes perspectivas

Na sequência, a Jornada discutiu novos pontos da rede de atenção à saúde. Foram destacadas as experiências do programa Melhor em Casa, do SUS, e do Hospital Santa Ana, que têm contribuído para o maior fluxo de leitos hospitalares agudos na capital. O painel teve a participação de Marcelo Fagundes, diretor médico da Associação Educadora São Carlos, mantenedora do Santa Ana; Mauro Binz Kalil, gestor do programa na Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre; e Fernando Pivatto, médico do Hospital de Clínicas, que fez a mediação.

Logo depois, o processo de desospitalização e a continuidade de cuidados foram debatidos sob a ótica das operadoras de planos de saúde. Participaram Luiz Felipe Santos, Diretor de Provimentos de Saúde da Unimed Porto Alegre, e Marcelo Beber, Gerente da Unidade Rio Grande do Sul da Cassi RS, com a mediação de Luciano Oliveira, líder do Comitê de Desospitalização da Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (FEHOESP). Encerrando a programação, a consultora Christina Ribeiro palestrou sobre a gestão do tema e as perspectivas para os sistemas público e privado.

Redação

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