Dia Mundial da Trombose: os riscos e tratamentos para o paciente oncológico

Se enfrentar um tratamento oncológico pode ser um desafio, outros problemas acarretados pela doença aumentam ainda mais os anseios e as dúvidas dos pacientes. No caso da trombose, por exemplo, que é o nível elevado de coagulação do sangue, é um risco comum entre pessoas com câncer que pode resultar em um impacto negativo na sobrevida.

No entanto, a informação e o acompanhamento multidisciplinar durante o tratamento oncológico (que cada vez mais vem priorizando o olhar individual sobre o paciente) são essenciais para a cura e melhora do quadro de quem está passando pelo câncer e enfrentando a trombose.

De acordo com a cardio-oncologista Marina Bond, do CPO Oncoclínicas, a associação clínica entre neoplasias e hipercoagulabilidade é conhecida há mais de um século, e um em cada cinco pacientes com neoplasia apresentará Tromboembolismo Venoso (TEV) durante a evolução natural da doença. “A magnitude dessa complicação é tamanha que se estima que pacientes oncológicos que desenvolvem TEV apresentem 94% de probabilidade de morte nos seis meses seguintes ao episódio, sendo assim, considerado um fator negativo em seus prognósticos”, explica.

Segundo a Dra. Marina, o TEV inclui um espectro de quadros clínicos que vai desde trombose venosa profunda (TVP) e superficial até embolia pulmonar (EP). “É a segunda causa de morte em pacientes com neoplasias, entre os quais um em cada sete tem o óbito relacionado a complicações, especialmente durante o período de internação hospitalar. Desses pacientes, 60% têm câncer em sítio único ou doença metastática limitada. Os tipos de câncer mais prevalentes entre pacientes com TEV são os de mama, colorretal e de pulmão”, diz.

Sintomas e tratamento

Não é somente a presença do tumor maligno que pode ser considerado um fator de risco para a trombose. Outras razões como o estado de imobilização, determinadas quimioterapias, pós-operatório e implante de cateter de longa duração, também aumentam as chances do desenvolvimento da TEV. Por isso, é essencial ter atenção aos sintomas, que variam desde inchaço e dor no membro afetado, principalmente nas pernas, até quadros graves de falta de ar intensa e súbita, associado a palpitação, dessaturação e até dor torácica. Se o paciente oncológico apresentar tais manifestações, deve procurar imediatamente a emergência e contatar seu médico. Após diagnosticado, o tratamento em geral se baseia em uso de anticoagulante e nesse cenário, pessoas com câncer têm suas peculiaridades.

“Até pouco tempo atrás, o tratamento era feito somente com uso de heparina de baixo peso molecular (anticoagulante injetável), uma vez que os anticoagulantes orais clássicos, como a Varfarina, apresentavam eficácia inferior para os pacientes oncológicos – logo, restavam o uso de enoxaparina e dalteparina, que precisavam ser aplicadas uma ou duas vezes por dia pelo subcutâneo. A partir de 2018, começaram a sair os resultados de estudos científicos que compararam as heparinas de baixo peso com os novos anticoagulantes orais (NOACs), como edoxaban, rivaroxabana e apixabana. Esses estudos mostraram que essas novas medicações não são inferiores às heparinas, o que tem facilitado desde então o tratamento e trouxe mais qualidade de vida a esses pacientes, sem perder eficácia e segurança”, explica Dra. Marina.

Para a prescrição o NOAC, no entanto, é obrigatório que o médico olhe as interações do medicamento com o tratamento oncológico (quimioterapia), que pode ser excessiva. Nesses casos, deve-se optar por um NOAC que não tenha interação ou a heparina de baixo peso.

Outro alerta é para o caso específico dos tumores gastrointestinais, que comprovadamente apresentam maior risco de sangramento com NOAC. “Nessas situações, é essencial que a decisão seja individualizada. Nem todos os trombos têm comprovação para uso de NOACs, como por exemplo trombo intracardíaco, muito comum em pacientes portadores de cateter de longa duração”, finaliza Dra. Marina.

Redação

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