Dois anos após pandemia, pesquisas mostram que imunizante protege bebês e mulheres

Dr. Marcos Sampaio

A pandemia da Covid-19 trouxe muitas dúvidas sobre a maternidade e o novo vírus SARs-COV-2. Inicialmente, gerou preocupação entre ginecologistas e obstetras devido ao aumento na mortalidade materna; depois, jogou luz sobre a necessidade de haver vacinação das gestantes de forma prioritária. Agora, dois anos após o anúncio da pandemia global pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e um ano de vacinação da população, algumas questões começam a ser elucidadas.

Uma delas é que o ato de se vacinar contra a Covid durante a gravidez não está associado ao parto prematuro, uma dúvida que existia no início da crise sanitária. De acordo com o portal PubMed, destinado a médicos e profissionais da saúde, o estudo foi feito pelo Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) com 40 mil gestantes. “Mesmo quando estratificadas por trimestre de vacinação ou número de vacinas e doses recebidas durante a gravidez, quando comparado com gestantes não vacinadas, não há evidências dessa correlação de parto pré-termo e nascimento de bebês pequenos para a idade gestacional com a vacinação contra Covid-19”, diz o estudo.

Na visão do médico da clínica Origen, Marcos Sampaio, o resultado é muito positivo, pois confirma a segurança da vacinação durante a gestação. “É muito importante que cientistas e médicos compartilhem seus achados científicos, principalmente diante dessa pandemia, que pegou a todos de surpresa. Na minha opinião, vamos precisar ainda de alguns anos para avançar em inúmeras questões relacionadas à Covid, mas esses primeiros estudos sobre a relação do vírus com a gravidez são interessantes para trazer mais tranquilidade às gestantes”, comenta.

Num outro estudo, o mesmo CDC dos EUA avaliou bebês de até seis meses de vida, hospitalizados entre julho de 2021 e janeiro de 2022. O resultado demonstrou que vacinar as mães durante a gravidez para evitar que os bebês fossem hospitalizados após o parto apresentou eficácia em mais de 61% dos casos. “A mãe do único bebê que morreu durante o estudo não estava vacinada. E 84% dos bebês hospitalizados com Covid-19 nasceram de mães não vacinadas. O estudo não levou em consideração as mulheres que tinham sido vacinadas antes de engravidar – só foram incluídas aquelas que receberam as duas doses quando já estavam grávidas”, diz trecho do trabalho.

“Isso mostra que a vacinação materna se mostra muito relevante para ajudar a proteger os bebês e as mulheres. Também não há nenhuma contraindicação da vacina para mulheres que estão tentando engravidar via técnicas de reprodução assistida. As novas descobertas científicas indicam evidências mais tranquilizadoras sobre a segurança das vacinas anti-Covid-19 durante a gravidez. DE toda forma, nós, da Origen, seguimos acompanhando mais estudos relacionando as vacinas disponíveis no Brasil a risco de abortamento, malformações e outras repercussões gestacionais”, acrescenta Marcos Sampaio.

Em agosto de 2021, o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas, o CDC e a Sociedade de Medicina Fetal, todos dos EUA, recomendaram fortemente que todas as gestantes passassem pela vacinação contra Covid-19. Aqui no Brasil, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) também indicam a vacina para grávidas, puérperas e mulheres em tratamento para engravidar.

Redação

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