Em amplo crescimento no país, cirurgias robóticas agregam resultados significativos para os pacientes

Nos últimos cinco anos, as cirurgias robóticas cresceram cerca de 500% no Brasil, comprovando que o método está mais acessível e procurado pelos pacientes. Os robôs cirúrgicos já chegaram em todas as regiões do país, são 45 no total, sendo que quase metade (21) deles estão em São Paulo.

Por ser menos invasiva, a cirurgia robótica possibilita vantagens significantes, que incluem menos dores, traumas ou sangramentos. “Tenho observado que, em nossos casos, o índice de complicações, sangramento intraoperatório e tempo de internação têm sido menores nas pacientes submetidas a cirurgias robóticas. A recuperação pós-operatória também, em nossa casuística até então, tem sido mais rápida, mesmo quando comparamos à laparoscopia convencional”, afirma o ginecologista Gustavo Anderman Silva Barison, do Hospital Santa Catarina, de São Paulo (SP).

A especialidade dele é uma das que mais utilizam robôs, ao lado da urologia e das cirurgias do aparelho digestivo. “Na ginecologia benigna, há muito espaço para essa plataforma, como em casos demiomectomia uterina, histerectomia, no tratamento de miomas e endometriose profunda”, destaca o médico, que já realizou mais de 50 operações com o robô Da Vinci Xi, em pouco mais de um ano.

O equipamento amplia a imagem do campo cirúrgico em visão tridimensional, e proporciona movimentos articulados, em 360 graus, com precisão de movimentos. “A visualização, com a imagem em 3D, dá a sensação de que estamos com os olhos dentro da barriga do paciente”, explica o gastroenterologista Fernando Bray Beraldo, também do Santa Catarina.

Ele destaca que o robô tem como dispositivo de segurança um filtro de tremor, que impede movimentos bruscos, durante a operação. “Proporciona refinamento e delicadeza para operar. As pinças são precisas e o paciente tem menos estresse cirúrgico. Com os braços robóticos, conseguimos chegar em espaços que seriam difíceis com a mão”.

A cirurgia robótica também proporciona melhor ergonomia para o médico, que movimenta os braços mecânicos e as pinças do equipamento remotamente. “Temos mais conforto e concentração, especialmente em procedimentos mais complexos e demorados”.

Capacitação em cirurgia robótica

Ao adquirir o robô Da Vinci Xi, em meados de 2018, o Hospital Santa Catarina implantou um programa de treinamento. Gustavo e Fernando participaram das duas primeiras turmas de capacitação. Hoje cerca de 30 profissionais do hospital passaram pelo programa, que envolve atividades em simulador e certificação internacional concedido na sede da empresa Intuitive, fabricante do Da Vinci, na Califórnia (EUA). Nos primeiros procedimentos, ainda há a assistência de cirurgiões com grande experiência no método (chamados de proctors).

O programa deu resultados no Santa Catarina. Dos hospitais que possuem apenas um robô no país, foi o que mais rápido completou 300 cirurgias (cerca de 1 ano e meio), e no último mês de outubro, foi o que mais fez procedimentos (47). “A prova de que o programa do Santa Catarina foi um sucesso é que 81% das cirurgias feitas aqui, com o robô, são de profissionais capacitados pelo hospital”, conta Fernando.

Recentemente outros dois hospitais da Associação da Congregação de Santa Catarina – a Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro (RJ), e o Santa Isabel, em Blumenau (SC) – adquiriram robôs. É um dos poucos grupos hospitalares do país a contar com três equipamentos desse tipo.

E para quem imagina que o robô tem alguma autonomia, Gustavo responde: “Ele (robô) é um divisor de águas. Porém, a responsabilidade da operação é inteira do cirurgião”.

Redação

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