Em uma cirurgia delicada e de alta complexidade, os médicos do Hospital Regional de Registro, instituição sob a gestão do Instituto Sírio Libanês (IRSSL), realizaram a retirada de um tumor que comprimia a medula de um paciente, com auxílio da monitorização neurofisiológica. A técnica utiliza estímulos elétricos para mapear a área que precisa ser preservada durante a remoção do tumor, em procedimento até então inédito no Vale do Ribeira.
O paciente, Natanael de Jesus Martins, de 62 anos, teve os primeiros sintomas em 2018, com sensação de frio nas pernas, o problema foi evoluindo até que ele perdeu os movimentos no lado esquerdo do corpo e, desde o início deste ano, não conseguia mais andar. Foram muitos exames e consultas até descobrir a causa do problema, um tumor que comprimia sua medula, sob o risco de perder completamente os movimentos do corpo.
“O primeiro diagnóstico foi de polineuropatia (uma disfunção simultânea de vários nervos periféricos), que não tem cura. Resolvi consultar com outro neurologista, que pediu uma ressonância. Foi aí que descobriram o tumor na medula. Como o plano de saúde sequer deu retorno para o pedido de cirurgia, resolvi fazer o processo pelo SUS e deu certo”, revela o paciente Natanael Martins, que é técnico de desenvolvimento fundiário.
A cirurgia para retirada do tumor aconteceu em maio no Hospital Regional de Registro pelos neurocirurgiões Guilherme Alcântara e Rafael Cordeiro, utilizando a técnica de monitorização neurofisiológica. “Além da monitorização, nós usamos outros dois equipamentos especiais: o drill bisoelétrico, que auxilia na precisão dos cortes ósseos sem lesar outros os tecidos para acesso cirúrgico na coluna; e o aspirador ultrassônico, um equipamento novo na região extremamente relevante nesses casos de tumores complexos, pois ajuda a remover os tumores sem causar danos nos tecidos em volta”, explica o Dr. Guilherme.
Dois dias após a cirurgia, Natanael já conseguia movimentar os dedos da mão esquerda. Cinco dias depois ele recebeu alta hospitalar com melhora expressiva dos movimentos na perna e braço esquerdo. Com o tumor removido por completo, ele seguirá tratamento com fisioterapia e terá retorno no hospital para acompanhamento.
A monitorização neurofisiológica desempenha um papel fundamental no diagnóstico e tratamento de uma variedade de condições neurológicas. Ao fornecer informações objetivas sobre a atividade elétrica do sistema nervoso, ajuda os médicos a identificar distúrbios, planejar intervenções terapêuticas e avaliar a eficácia dos tratamentos.
A mesma técnica de monitorização também foi utilizada para realizar outras duas neurocirurgias realizadas em maio no hospital. Além do tumor medular, também retiraram um tumor dos nervos da coluna lombar de um paciente de 61 anos e outro tumor intracraniano junto ao tronco cerebral de um paciente de 42 anos. As três cirurgias foram um sucesso, com remoção total dos tumores e sem qualquer intercorrência com os pacientes.
Para o diretor técnico do HRR, Dr. Arnaldo D’Amore Zardo, a Unidade se consolida cada vez mais como referência em cirurgias de alta complexidade, possibilitando à população do Vale do Ribeira o acesso ao que há de mais moderno na medicina. “Com uma equipe extremamente qualificada e acesso às melhores tecnologias, mostramos que a parceria com o governo do Estado só fortalece o SUS na região”.