Especialista português defende acompanhamento de pacientes com doenças crônicas por telemedicina e inteligência artificial

A telemedicina é a tendência mundial para o acompanhamento de pacientes com doenças crônicas. É o que acredita o diretor clínico do Digital Clinical Center, do Hospital da Luz, de Lisboa, Daniel Ferreira. Em Portugal, onde as consultas remotas foram regulamentadas em 2006, naquele ano 54% dos adultos já tinham algum tipo dessas patologias. A troca de experiências aconteceu na nova edição do Grand Round do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS), realizado em plataforma online com o tema Telemedicina e Inteligência Artificial.

O médico cardiologista explica que, na era digital, este é um caminho sem volta. “Enquanto um adulto sem problemas de saúde precisa consultar com seu médico uma vez ao ano, alguém com doença crônica controlada vai necessitar de 2 a 4 visitas ao especialista. Se não estiver controlada, podem ser até 12 consultas. É muito mais confortável e indicado que esse acompanhamento a longo prazo seja feito por videochamada e com o uso da inteligência artificial”, pontua Ferreira. O especialista acrescenta que os pacientes estão cada vez mais conectados e interessados na gestão de sua própria saúde, por meio de aplicativos.

Nos Estados Unidos, levantamento feito pela revista Forbes em 2015 revelou que 80% dos médicos indicavam que a telemedicina é um formato melhor para acompanhamento de doenças crônicas, quando comparada com as consultas presenciais. “Se essa pesquisa fosse hoje, diante da situação que estamos vivenciando com a pandemia, eu diria que todos indicariam as consultas remotas”, afirma.

Telemedicina nas UTIs

Do lado de cá do Atlântico, no Brasil, a telemedicina só foi regulamentada em caráter emergencial neste ano, devido à pandemia de Covid-19. Para o coordenador médico de Saúde Digital do Hospital Moinhos de Vento, Felipe Cezar Cabral, mais do que oferecer aos pacientes a opção de consultar sem sair de casa, virou uma questão de necessidade urgente. O tratamento dos pacientes infectados pelo novo coronavírus ampliou as demandas internas, de profissionais da saúde, pelos rounds entre instituições.

“A pandemia impôs a colaboração e troca de conhecimentos como arma na luta contra a doença. E isso só pode ser concretizado num ambiente virtual. Então expandimos um projeto com o qual já tínhamos resultados importantes em unidades pediátricas – o TeleUTIP – para o atendimento de UTIs Adulto e Neonatal, especialmente neste contexto. Estamos levando nossa expertise médica e assistencial no cuidado com o paciente para hospitais SUS, discutindo casos e otimizando os recursos que eles têm, em busca dos melhores desfechos”, destaca Cabral.

“Esse projeto da telemedicina do hospital vem crescendo geometricamente. Os dados que recebemos são animadores. Quando se introduz uma ferramenta de intervenção em saúde numa unidade e se consegue um desfecho como diminuir a mortalidade ao redor de 40%, como registramos em UTIs pediátricas no norte do Brasil, o dado para defender essa prática como uma forma de salvar vidas é muito significativo”, conclui o superintendente médico do Hospital Moinhos, Luiz Antônio Nasi.

Também participaram do debate o gerente executivo do Núcleo de Oncologia e de Inovação Médica da Beneficência Portuguesa de São Paulo, Gabriel Dalla Costa, e a líder do projeto Inteligência Artificial aplicada à pandemia de Covid-19, desenvolvido pelo Hospital Moinhos, Ruchelli França de Lima. A mediação foi realizada pelo superintendente Nasi.

Redação

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