Estudo científico do Hospital Amaral Carvalho recebe importante prêmio em congresso brasileiro

Um estudo científico apresentado pelo Serviço de Transplante de Medula Óssea do Hospital Amaral Carvalho (HAC), de Jaú (SP), durante o XXII Congresso da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea, no Rio de Janeiro (RJ), recebeu o prêmio Mary Flowers, de melhor trabalho em transplante alogênico.

Coordenado pela Dra. Clarisse Martins Machado, o estudo “Impacto das Infecções pelo Citomegalovírus, Vírus de Epstein Barr e Vírus Herpes Humano 6 na Morbidade e Mortalidade Pós Transplante Alogênico Não Aparentado e Haploidêntico” avaliou todos os casos de infecção por esses agentes em receptores de TMO e comprovou que existe uma diferença na frequência dessas infecções entre os transplantes não aparentados e haploidênticos.

“Ficou evidente que nos transplantes não aparentados há uma incidência muito maior de infecções por vírus de Epstein Barr, e no haploidêntico, por Herpes Vírus Humano 6. Já a infecção por Citomegalovírus foi igual nesses dois grupos. A maioria dos pacientes – quase 90% – teve infecção por um vírus e mais da metade, por dois vírus ou mais. Embora as principais causas de mortalidade relacionada ao transplante (MRT) em nossos pacientes sejam a Doença do Enxerto contra o Hospedeiro (DECH) e as infecções de modo geral, não observamos efeito cumulativo das infecções virais na mortalidade de pacientes transplantados. Concluímos que maior impacto na MRT foi causado por infecções bacterianas e fúngicas. Esse estudo e os resultados encontrados só foram possíveis porque temos no serviço um programa de vigilância viral com técnicas avançadas que permitem o monitoramento do paciente. Não são todos os centros de transplante que possuem. Graças a essas técnicas, temos controle dessas infecções virais e manejo e tratamento adequados. O estudo foi muito importante por causa dessas descobertas”, avaliou a médica.

Tese de mestrado

“Resposta à vacinação contra a hepatite A em receptores de transplante de medula” foi outro trabalho apresentado no congresso. O estudo foi a tese de mestrado da enfermeira Elen Monteiro Adatti, do ambulatório de TMO do HAC, no Programa de Biotecnologia Médica da Unesp de Botucatu (SP). “Estudamos 46 pacientes que receberam duas doses da vacina contra hepatite A com intervalo de seis meses e observamos uma resposta muito baixa, em torno de 5%, embora a vacina seja recomendada por programas nacionais e internacionais nos receptores de transplante”, explicou a Dra. Clarisse.

“Até o momento nenhum outro estudo havia sido feito para comprovar a eficácia da vacina contra a hepatite A em receptores de transplante de medula. O nosso foi o primeiro. Mostramos que, em primeiro lugar, mais de 95% dos pacientes têm anticorpos contra o vírus da hepatite A, portanto não precisariam da vacina. Em segundo, embora a vacina seja segura – nenhum paciente teve evento adverso –, ela não foi eficaz nessa população, por isso precisa ser melhor estudada ou aplicada em dose maior ou com uso de adjuvantes”, completou a especialista.

Para ela, o prêmio Mary Flowers representa um grande reconhecimento ao trabalho realizado no centro de transplante de medula do HAC. “Somos um serviço dentro de um hospital privado, de ensino, mas que não está ligado a nenhuma universidade, e todos os avanços tecnológicos ficam muito mais restritos. No congresso da SBTMO, nós concorremos com várias universidades muito poderosas nessa área. Foi um grande sucesso. Fiquei muito satisfeita por ver que nós podemos produzir ciência de boa qualidade, mesmo não sendo da área acadêmica e não fazendo parte dos grandes centros de inovação tecnológica”.

Ginecologia

A ginecologista do HAC Lenira Maria Queiroz Mauad também teve participação no evento com uma palestra dobre Dech – Doença do Enxerto contra o Hospedeiro, abordando o comprometimento ginecológico. “Muito importante conscientizar e sensibilizar enfermeiros para a detecção precoce dessa complicação do TMO, que pode comprometer a vida sexual e reprodutora das mulheres transplantadas. Trabalho com essas mulheres no HAC há 14 anos e tem sido muito gratificante ajudá-las a recuperar a autoestima e feminilidade”, disse Lenira.

Redação

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