Estudo do IBCC constata que extrato de Unha de Gato é ineficaz na redução de dor por câncer de mama

Dr. Renan Sordi. Foto: ACS IBCC

Você já ouviu falar na erva medicinal Unha de Gato? O nome científico é Uncaria Tomentosa. Trata-se de uma espécie vegetal encontrada na região Amazônica. O fitoterápico é reconhecido pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e costuma ser  utilizado para tratar dores articulares em pacientes com artrite e artrose devido seu potencial efeito analgésico e anti-inflamatório. Entretanto, em um estudo realizado pelo departamento de Pesquisa Clínica do IBCC – Instituto Brasileiro de Controle do Câncer, de São Paulo (SP), foi constatado que unha de gato foi ineficaz na redução da dor articular, nas pacientes em tratamento do câncer de mama, usando Inibidor de Aromatase (IA).

O estudo teve a duração de 1 ano, contou com a participação de 70 pacientes na pós-menopausa, com câncer de mama, tratadas em ambulatórios do IBCC, submetidas a terapia com IA e com queixa de artralgia. O IA é um medicamento que faz parte do tratamento dessas pacientes. Ele inibe a enzima aromatase diminuindo a produção de estrogênio (hormônio que é um fator de risco para o câncer de mama). Um dos efeitos colaterais do IA é a dor nas articulações, causa muito comum para a interrupção do tratamento oncológico.

No estudo, 35 pacientes fizeram uso do extrato seco de Uncaria Tomentosa e outras 35 usaram placebo num período de 30 dias. Foram aplicados questionários que avaliaram a dor e a qualidade de vida dessas pacientes, e também foi coletado exames laboratoriais para avaliar a possível ação anti-inflamatória da planta. A constatação foi que apesar de seguro, ou seja, sem oferecer riscos, o extrato da planta não apresentou atividade anti-inflamatória nem melhorou a dor e a qualidade de vida dessas pacientes quando comparado com o placebo.

De acordo com o dr. Renan Sordi, residente do departamento de Oncologia Clínica do IBCC e responsável pelo estudo orientado pelo coordenador da Oncologia Clínica do IBCC, dr. Auro del Giglio, “apesar de ter sido um estudo negativo, traz relevância para pacientes que utilizavam a planta como forma anti-inflamatória ou analgésica. A importância da realização destes estudos no nosso serviço é a estimulação dos residentes em adquirirem conhecimento científico, poderem analisar novos tratamentos para seus pacientes e gerarem hipóteses para realização de estudos maiores”, afirma o médico.

O estudo seguiu todas as recomendações éticas de Pesquisa Clínica com aplicação de Termo de Consentimento a todas as participantes. “Não participaram do estudo, mulheres diagnosticadas ou tratados para doenças que causam artralgia, artrite reumatóide, artrose ou fibromialgia, artralgia antes de usar anastrozol, gravidez ou amamentação, transplantados e pacientes com anemia no momento do recrutamento”, detalha a coordenadora da Pesquisa, Alayne Yamada.

Ainda segundo o dr. Renan Sordi, para minimizar as dores nas articulações dessas pacientes são recomendados analgésicos comuns, a prática de atividades físicas, técnicas como acupuntura e quando não eficazes, pode-se substituir o tratamento por outro inibidor de aromatase. Cada caso deve ser avaliado pelo médico.

Redação

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