Estudo pode trazer mudanças na prevenção e tratamento do câncer de ovário

O câncer de ovário é geralmente diagnosticado de forma tardia na maioria das pacientes. Com isso, menos de 30% das mulheres com a doença sobrevivem mais de 10 anos, o que torna a doença uma das principais responsáveis por morte de câncer no sexo feminino. A cada ano, são registrados mais de 6.000 novos casos no Brasil, segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer).

No entanto, um estudo publicado recentemente na conceituada revista Nature traz importantes resultados para a prevenção e o tratamento dessa doença. A pesquisa foi conduzida pelo Johns Hopkins Hospital – Sidney Kimmel Cancer Center, instituição ligada ao Johns Hopkins Medicine International, ao qual o Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS), é afiliado.

Os cientistas coletaram amostras de células normais e cancerosas de mulheres diagnosticadas com tumores de ovário seroso de alto grau, o tipo mais comum da doença, além de amostras de mulheres que removeram os ovários e as trompas de Falópio de forma preventiva, após encontrarem indícios de risco.

Os resultados do sequenciamento do DNA mostraram que todos os pacientes possuíam alterações no cromossomo 17, onde o gene p53, associado ao câncer, está localizado. Isso sugere que as falhas nesse gene são um passo inicial no desenvolvimento do câncer de ovário. Além disso, as mulheres tinham alterações em partes dos cromossomos contendo um ou ambos os genes BRCA1 e BRCA2, que estão relacionados aos cânceres de mama e ovário hereditário e esporádico. Foram verificadas ainda falhas no cromossomo 10, onde se encontra mais um gene ligado ao câncer, o PTEN.

A partir disso, os pesquisadores buscaram determinar onde e há quanto tempo ocorreram as primeiras mutações genéticas para causar o câncer. Por meio de modelos estatísticos, foi possível concluir que cada tipo da doença começou com erros genéticos em células nas trompas de Falópio, e que os tumores no ovário se desenvolveram, em média, após 6,5 anos.

“Há algum tempo se suspeitava que a forma mais comum do câncer de ovário poderia se originar fora do órgão. Esses resultados, certamente, trarão uma grande mudança na maneira como os estudos clínicos serão feitos, bem como no tratamento para a doença em pacientes de risco”, avalia o cirurgião oncológico do Hospital Moinhos de Vento, Vinícius Gava.

“Um quinto dos casos de câncer de ovário tem uma predisposição hereditária. Estes novos achados são importantes para a prevenção da doença neste grupo de mulheres”, ressalta o chefe do Serviço de Oncologia da instituição, Sergio Roithmann.

Redação

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