Um estudo sobre Transplante de Rim Pediátrico, do Hospital Samaritano Higienópolis, de São Paulo (SP), acaba de ser publicado na revista Transplantation, que é um dos mais influentes jornais científicos internacionais deste segmento (versão online). Trata-se da estratégia para habilitar e acelerar o transplante de rim em crianças de baixo peso, com menos de 15 Kg. O resultado da pesquisa traz dados como a sobrevida destas crianças após 1 e 5 anos (97% e 95%), assim como a organização de uma rede de transplante e a capacitação de mais de 100 profissionais que beneficiaram pacientes em todo o Brasil.
“A maior causa para este tipo de transplante é a malformação do trato urinário e, com isso, a insuficiência renal. Muitas crianças neste cenário entram em hemodiálise e precisam esperar crescer para esta correção e depois transplantar. Como mostrado no estudo, com esta rede de transplante formada em todo o Brasil é possível corrigir o problema do trato urinário de forma mais rápida e, com isso, a criança já está pronta para o transplante”, diz a Dra. Maria Fernanda Carvalho de Camargo, chefe do núcleo de nefrologia e transplantes e há 25 anos na unidade.
As crianças de baixo peso têm menos acesso ao transplante de rim devido ao cuidado apropriado que este perfil requer. A otimização destes transplantes foi possível com base em pilares relacionados a assistência médica de excelência; promoção de atividades educacionais para disseminar expertise e estabelecer networking profissional; e pesquisa para gerar conhecimento científico. Durante o projeto foram capacitados: 80 médicos, 12 residentes em transplante renal, e 24 enfermeiros especializados em transplante renal.
“Há necessidade de que esta rede qualificada de relacionamento chegue a todo o Brasil, principalmente em regiões com pouca oferta de centros especializados e de órgãos”, alerta Dr. Paulo Koch, nefrologista pediátrico do hospital Samaritano Higienópolis. Foram analisados no centro especializado do hospital Samaritano Higienópolis 346 transplantes de rim pediátricos de 2009 até 2017, sendo 130 em crianças com menos ou até 15 Kg (38%, sendo 41 crianças até 10 kg) e 216 com até 15 Kg (62%).
Dados importantes da pesquisa
- A sobrevida dos pacientes após 1 e 5 anos de transplante foi de 97% e 95% no grupo de crianças de baixo peso, enquanto no grupo de crianças com peso superior foi de 99% e 96%.
- Os transplantados de São Paulo representam 43% dos pacientes, e os outros 57% possuem 14 dos 26 diferentes Estados do país.
- Pacientes de Estados distantes foram repatriados 3 meses após o transplante ou assim que se estabilizaram clinicamente para continuar o pós-transplante.
Certificado inédito de transplante
Em outubro de 2019, o hospital Samaritano Higienópolis conquistou o primeiro e único certificado do mundo de distinção concedido pela Joint Commission International por Transplante de Rim Pediátrico. O projeto tem vocação para preparo, realização e seguimento de transplantes renais em crianças de baixo peso, sendo uma das maiores casuísticas do mundo nessa faixa etária.