Exame de sangue poderá detectar câncer de pulmão em estágio inicial

Pesquisadores do Dana-Farber Cancer Institute apresentaram na segunda-feira (4) no Encontro Anual da ASCO, maior congresso do mundo sobre oncologia, em Chicago, nos Estados Unidos, os resultados de um estudo baseado em um sofisticado exame de sangue capaz de identificar a presença de fragmentos de DNA do tumor de pulmão em fase inicial na corrente sanguínea.

Intitulado “Sequenciamento do Genoma Geral para Detecção do Câncer de Pulmão em Estágio Precoce de DNA Livre de Células Plasmáticas (cfDNA): O Atlas do Genoma do Câncer Circulante (CCGA)”, o ensaio revelou que a identificação do tumor pode ocorrer a partir de um exame de sangue, usando o sequenciamento do genoma.

Embora o tratamento do câncer pulmão em seus estágios iniciais aumente drasticamente as taxas de sobrevida do paciente, a detecção da doença nas fases preliminares tem se mostrado cada vez mais desafiadora.

“O que vimos hoje na ASCO representa um avanço impressionante no tocante à detecção precoce do câncer de pulmão. A identificação de fragmentos de DNA tumoral no sangue, além de não ser uma prática invasiva, é mais um exemplo de como a tecnologia está contribuindo para vencermos a doença”, comenta o Dr. Jacques Tabacof, oncologista-clínico e hematologista do Grupo Oncoclínicas em São Paulo.

De acordo com o oncologista, o estudo traz um conceito revolucionário no tratamento de pacientes, porém como ainda está em fase inicial de desenvolvimento precisa percorrer algumas etapas até ter uma aplicação prática.

O ensaio envolveu mais de 15 mil pessoas residentes em 141 localidades dos Estados Unidos e Canadá. De acordo com os autores, os próximos passos são otimizar ainda mais os testes e validar os resultados em um grupo maior de pacientes.

Quimioterapia pode não ser mais necessária em mulheres com estágio inicial de câncer de mama

O Encontro Anual da ASCO revelou também no domingo (3), um resultado inédito que pode mudar a forma de abordagem em relação ao tratamento de pacientes com Câncer de Mama. O estudo clínico TAILORx, fase III, mostrou que para determinados tipos de tumores em estágio inicial não será necessário que a pessoa passe por quimioterapia após a cirurgia. A indicação dos médicos é que mulheres, a partir de um exame genético, poderão ser tratadas com terapia hormonal, mais amena e com menos efeitos colaterais.

A novidade foi apresentada na Sessão Plenária da ASCO, que aborda quatro estudos considerados como tendo o maior potencial para impactar o atendimento ao paciente. De acordo com os autores, metade de todos os cânceres de mama são positivos para HR, negativos para HER2 e negativos para linfonodos axilares. O ensaio mostrou que a quimioterapia pode ser evitada em cerca de 70% dessas mulheres quando seu uso é guiado por uma análise de 21 genes do tumor (Oncotype DX® Breast Recurrence Score).

De acordo com o Dr. Daniel Gimenes, oncologista clínico do Grupo Oncoclínicas em São Paulo, esse resultado é extremamente animador. “Já participei de inúmeras edições do Congresso da ASCO. Esta, porém, está sendo uma das mais relevantes dos últimos anos. O anúncio do TAILORx traz muitos subsídios para os oncologistas e aumenta o poder de decisão do médico para indicar o melhor tratamento para cada tipo individualizado de paciente”, afirma o especialista.

Como já se sabe, os efeitos colaterais de curto prazo que ocorrem durante a quimioterapia têm impacto direto no bem-estar dos pacientes. Entre eles estão náuseas, vômitos, perda de cabelo, fadiga e infecção, e, em mulheres mais jovens, menopausa precoce ou infertilidade. A neuropatia é outro efeito colateral comum, com sintomas que incluem dormência, formigamento ou dor nas mãos e nos pés, que às vezes podem ser permanentes.

Segundo o Dr. Daniel, a indicação da quimioterapia para o câncer de mama sempre ocorreu por falta de outros recursos. Esse cenário, agora, mudou. “As descobertas terão um impacto imediato na prática clínica, poupando milhares de mulheres dos efeitos colaterais da quimioterapia. O suporte do teste genético, que analisa 21 genes do tumor, fornece uma informação mais precisa a respeito da real necessidade do tratamento pós operatório. Hoje, mais do que nunca, a medicina de precisão é uma grande aliada das pessoas em tratamento”, comenta.

O oncologista explica que, com base em evidências de vários estudos anteriores, o Oncotype DX já é amplamente utilizado para fornecer dados prognósticos sobre o risco de recorrência do câncer de mama e prever quais pacientes são mais propensas a obter um grande benefício da quimioterapia. “O teste é realizado em uma amostra de tecido tumoral. Dependendo da pontuação do exame genético, a indicação de quimioterapia pode ser abolida, sendo substituída pela hormonioterapia”, afirma o Dr. Daniel.

Redação

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