Ferramenta utiliza IA para detectar prescrições fora do padrão

Atualmente em uso nos hospitais São Francisco e Santa Clara, ambos da Santa Casa de Porto Alegre, a NoHarm já avaliou 8 mil prescrições. Foto: Francieli Zanella Lazaretto

Por meio de seu Centro de Inovação, a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (RS) desenvolveu em parceria com a NoHarm.ai dois algoritmos de automação para triagem farmacêutica. As duas inteligências trabalham em conjunto, enquanto a primeira prioriza as prescrições mais críticas, a segunda indica potenciais erros da prescrição, levando em consideração os resultados dos exames do paciente, o que aumenta a qualidade assistencial e a eficiência hospitalar.

O projeto-piloto da NoHarm teve início em abril no Hospital São Francisco, da Santa Casa, e, em apenas 45 dias, foi possível validar com a equipe farmacêutica o produto mínimo viável (MVP). “O engajamento da equipe da farmácia, sugerindo melhorias, e a agilidade de resposta da equipe da NoHarm.ai foram os diferenciais para o sucesso da ferramenta”, avalia o coordenador do Centro de Inovação da Santa Casa, Diego Ramires.

Esta é a primeira de uma série de soluções que serão criadas pelo Instituto de Inteligência Artificial na Saúde em parceria com a Santa Casa tendo como foco a criação de sistemas inteligentes voltados para a segurança dos pacientes usuários do SUS, que representam em torno de 70% dos atendimentos realizados pela instituição.

A NoHarm, que em inglês quer dizer “sem dano”, foi inspirada no desafio global para segurança do paciente lançado pela Organização Mundial da Saúde em 2017 que, justamente, tem como tema o uso seguro de medicamentos (Medication Without Harm).

Benefícios

Desde a sua implantação, a NoHarm.ai tem possibilitado muitos benefícios para a Farmácia Clínica da instituição, conforme explica Shirley Keller, coordenadora farmacêutica da Santa Casa. “Através dela, utilizamos a inteligência artificial para validação de 100% das prescrições de medicamentos antes da dispensação, otimizando as atividades práticas e clínicas presenciais do farmacêutico, que são extremamente importantes, como a participação em rounds multidisciplinares e a preparação da alta do paciente.”

A NoHarm.ai indica, ainda, potenciais erros relacionados a medicamentos prescritos que impactam a função hepática e renal dos pacientes, que apresentam comorbidades com base no resultado dos seus exames. “A inteligência da NoHarm.ai recebe atualizações constantes, o que permitiu, recentemente, que medicamentos potencialmente inapropriados para idosos também fossem alarmados quando prescritos para esta faixa etária. Gradualmente, possíveis erros relacionados a interação medicamentosa, duplicidade terapêutica e incompatibilidade em Y também acionam alertas específicos”, explica Henrique Dias, fundador da NoHarm.ai.

Atualmente em uso nos hospitais São Francisco e Santa Clara, ambos da Santa Casa, a NoHarm já avaliou 8 mil prescrições, impactando na vida de mais de 1.300 pacientes internados. Além disso, a tecnologia já demonstra sua importância para o aumento da qualidade assistencial e da produtividade dos colaboradores envolvidos no processo de prescrição, além de qualificar as informações, sendo este um padrão exigido pela Organização Nacional da Acreditação (ONA).

Não se tem conhecimento, até o momento, da existência de ferramenta similar a esta, o que tornaria a NoHarm a primeira solução do mundo com esta finalidade.

O projeto de implantação da tecnologia está em fase de expansão e estima-se que, até o final de agosto, a NoHarm.ai auxiliará os sete hospitais que integram o complexo da Santa Casa no centro de Porto Alegre. “Enquanto a solução segue expandindo a sua utilização para o segmento adulto, a Farmácia Clínica realiza um piloto da solução no segmento pediátrico, mais especificamente na UTI Neonatal do Hospital Santa Clara”, completa Ramires.

Matéria originalmente publicada na Revista Hospitais Brasil edição 103, de junho/julho/agosto de 2020. Para vê-la no original, acesse: portalhospitaisbrasil.com.br/edicao-103-revista-hospitais-brasil

Redação

Redação

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.