Já pensou na quantidade de vezes em que você utiliza as mãos durante o dia? Quase certeza de que a fim de desbloquear seu celular ou ligar o computador hoje, você as utilizou. Inclusive, para chegar até a esta matéria. Nossas mãos executam múltiplas tarefas e, consequentemente, estão em contato frequente com objetos e superfícies diversas, possivelmente contaminadas. Logo, toda vez que levamos as mãos até a boca, olhos ou nariz sem higienização prévia, corremos riscos de desenvolver algum tipo de doenças.
Tal situação é ainda mais grave quando se trata do ambiente hospitalar. De acordo com a agência da Organização das Nações Unidas (ONU), aproximadamente 70% dos profissionais de saúde e 50% das equipes cirúrgicas não praticam rotineiramente a higienização das mãos. Um alerta que foi reforçado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em consonância com o Mês Mundial de Higiene das Mãos.
Conforme explica a médica infectologista do Hospital Santa Rosa, de Cuiabá (MT), Zamara Brandão, apesar de ser uma medida simples, higienizar as mãos corretamente é absolutamente eficiente e se torna essencial no controle das taxas de infecção hospitalar. Ela enfatiza que o controle de infecções no ambiente hospitalar está, literalmente, nas mãos daqueles que atuam no local – assim como reitera a meta 5 do Programa Nacional de Segurança do Paciente por meio do protocolo de higienização.
“Já está comprovado pela OMS que esta é a principal maneira de você prevenir qualquer infecção hospitalar. Por meio deste ato, nós, profissionais de saúde, temos que tentar fazer com que os micro-organismos não cheguem até o paciente, nem passem de um para o outro. Até porque, hoje em dia, temos bactérias cada vez mais resistentes. Mas, muito além do ambiente hospitalar, temos que fazer da higienização das mãos uma rotina na vida da gente”, reforça.
CAMPANHA – Ao ritmo das paródias de canções como “Despacito” (“Cinco Tempinhos”) e “Coração Verde Amarelo” (“Na Torcida Contra a Infecção”), a Comissão de Controle Infecção Hospitalar (CCIH) do Santa Rosa junto a representantes de outros departamentos percorreram diversos setores do hospital em prol da conscientização da importância da higienização das mãos. Dinâmicas como batata quente colocaram os conhecimentos de todos a prova.
Segundo a infectologista, a higienização das mãos pode ser feita por meio da lavagem com água e sabão neutro ou pela fricção com álcool gel. “Primeiro, higienize a palma das mãos. Depois, o dorso de uma mão – em seguida, o da outra. Siga entrelaçando os dedos e friccionando os espaços interdigitais. Esfregue cada polegar, depois as unhas e os punhos. Com água e sabão, por 40 a 60 segundos, ou com álcool gel, por 20 a 40 segundos”, comenta.
Um “museu de vírus e bactérias” revelou ao público o tempo de sobrevivência de alguns germes em superfícies secas. Entre os objetos, computadores com explicações sobre a “Bactéria Pseudomonas Aeruginosa”, responsável por infecções multirresistentes, que pode sobreviver de seis horas a 16 meses; lixeiras com papel higiênico sujo alertando sobre a Bactéria Escherichia coli, responsável por diarreias e infecções urinárias, que resiste de 1,5 horas a 16 meses; e, até mesmo, uma mexerica com vírus H1N1, responsável por provocar infecções das vias aéreas, que persiste de 12 horas a dois dias.
ALERTA – Zamara complementa que o cuidado tem que ser redobrado neste período de frio devido ao vírus influenza. “Essa é a época em que ocorre uma maior pré-disposição para doenças respiratórias e há um grupo de risco importante – que o Ministério da Saúde indica a vacinação. A higienização das mãos também tem seu papel importante, pois a gente carrega tudo o que encosta. Temos que ter responsabilidade conosco e com a comunidade. Higienizar as mãos na entrada e saída do ambiente hospitalar, domiciliar, no trabalho e, quem puder, se vacinar”, aconselha.
De acordo com o balanço publicado pelo Ministério da Saúde, mais de 60% das pessoas que fazem parte do público-alvo [crianças de seis meses até os dois anos, idosos acima de 60 anos, puérperas – até 45 dias após o parto –, gestantes e pessoas com doenças crônicas], tomou a vacina contra a gripe. Em Mato Grosso, já foram 529.535 aplicadas – uma cobertura vacinal de 66,8%. Ainda faltam 21 milhões de pessoas a serem vacinadas no país. Interessados têm até o dia 1º de junho para tomar a dose em um dos postos de vacinação.
ACREDITAÇÃO – Ao completar 20 anos, o Santa Rosa é o único hospital de Mato Grosso certificado pela Acreditação Canadense, nível Diamond – uma das principais certificações de qualidade em saúde no mundo. A instituição também é certificada em Excelência, Nível III, pela Organização Nacional de Acreditação (ONA) e em Nível 6 da EMR Adoption Model (EMRAM) pela Healthcare Information and Management Systems Society (HIMSS) Analytics.