Hospitais de transição são alternativa para pacientes pós-Covid-19 em reabilitação

Os caminhos que levam para a recuperação de Covid-19 podem ser diferentes para cada paciente. Além das sequelas mais comuns da doença, como a fadiga e a falta de ar, há quadros da doença que levam à perda de certos movimentos e até derrames, demandando cuidados médicos que vão além do retorno à casa.

Um local entre o hospital agudo e o retorno para casa, o hospital de transição é indicado para pessoas que estiveram (ou estão) internadas por um tempo e precisam de cuidados essenciais, mas não demandam intervenções invasivas e de terapia intensiva. Durante a pandemia de Covid-19, no entanto, o segmento reavaliou seus serviços e terapias oferecidos visando a melhor recuperação para tratar aqueles acometidos pela doença.

O Placi, que conta com unidades no Rio de Janeiro e em Niterói (RJ), já oferecia alternativas para a reabilitação de pacientes, como fisioterapia, terapia ocupacional e outras, complementares. No entanto, foi após os primeiros pacientes pós-Covid se internarem com dificuldades de movimento que o hospital reavaliou a importância das terapias para os pacientes. “Estávamos preparados para receber pacientes com dificuldades respiratórias e cardiovasculares provenientes da doença e da internação subsequente, que eram os casos mais comuns até um certo ponto da pandemia”, comenta dr. Carlos Alberto Chiesa, diretor presidente do Placi.

“O que nos surpreendeu positivamente foi verificar como esses pacientes respondem bem ao programa de reabilitação, com ganhos funcionais muito evidentes como volta a se alimentar por via oral, fechar traqueostomia, recuperar capacidade de andar. Chegam muito debilitados e recuperam bem mais rápido que outras situações clínicas. Implementamos um programa intensivo de reabilitação diário para otimizar o ganho funcional destes pacientes, com sucesso”, completa Chiesa.

Desde abril de 2020, o Placi já recebeu mais de 75 pacientes que tiveram Covid-19. 50% foram transferidos para o Placi para Readequação de Cuidados, 40% para Reabilitação e 10% para Cuidados Paliativos. De acordo com a escala Barthel, que avalia nível de independência para a realização de atividades da vida diária (como por exemplo: capacidade funcional para o cuidado pessoal, mobilidade, locomoção, etc), 99% dos pacientes foram admitidos com algum grau de comprometimento da funcionalidade; dos quais 85% com baixa funcionalidade e 14% com moderada funcionalidade.

Do total de pacientes com perda funcional, 67% eram previamente independentes para todas as atividades básicas de vida diárias antes da Covid, ou seja, não tinham qualquer alteração da sua capacidade funcional. Do total de pacientes admitidos, 58% já retornaram para casa, sendo 63% com ganhos funcionais significativos, indicando de média a alta recuperação funcional. O hospital adotou, então, como objetivo, não apenas recuperar as consequências da doença respiratória grave, mas também as deficiências secundárias que fizeram parte do tratamento intensivo.

A terapeuta ocupacional Thaissa Pimentel, por exemplo, viu exercícios simples trazerem benefícios significativos para a recuperação de pacientes. Foi o caso do paciente Rodrigo Tunes, de 42 anos, que chegou ao Placi capaz apenas de movimentar os olhos após contrair Covid-19. 9 meses depois, ele retornou ao lar com sua independência razoavelmente recuperada. “Se hoje estou em casa, com a minha família, e capaz de realizar tarefas simples como escovar os dentes, escrever e fazer as refeições, é mérito do Placi. O medo de ter contraído a doença ainda no início da pandemia e ter tido sequelas graves me abalou muito. Foram meses de melhora gradual que me levaram ao estado em que me encontro agora”, conta Rodrigo.

Redação

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