Um a cada 100 bebês nascidos vivos no Brasil apresenta defeitos no coração, as chamadas cardiopatia congênitas. Por ano, cerca de 28 mil recém-nascidos nascem com cardiopatia congênita no Brasil, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCC). São cerca de 40 tipos de alterações ocorridas durante o processo de formação do coração na gestação, como o não desenvolvimento de determinadas estruturas. Para debater o tema, o Hospital Esperança Recife (PE) promove, no dia 8 de junho, o 1º Simpósio da Linha Materno Infantil, com assuntos ligados à cardiopatia congênita. O evento será realizado de forma online, a partir das 19h. O evento é gratuito.
O assunto será abordado pela coordenadora médica da Ginecologia e Obstetrícia da Maternidade do Hospital Esperança Recife, Simone Carvalho, que falará sobre o tema “A importância do rastreio no pré-natal.” O médico especialista em Medicina Fetal e Ecocardiograma fetal, João Seabra, abordará o assunto “A importância do diagnóstico pré-natal.” Neise Montenegro, coordenadora médica da Unidade Neonatal, falará sobre a “Assistência ao recém-nascido com suspeita de Cardiopatia em sala de Parto e primeiros cuidados na UTI Neonatal.” Já a coordenadora do setor de ecocardiografia e de cardiopatias congênitas, Lúcia Salerno, irá expor o tema “Cardiopatia no recém-nascido: diagnóstico e tratamento.” A mediação do evento será realizada pelo coordenador da Cirurgia Cardiovascular do Hospital Esperança Recife, Pedro Salerno.
A cardiopatia congênita é uma das principais causas de óbito no período neonatal. As crianças precisam ser acompanhadas por uma equipe multidisciplinar, sob a orientação de um médico cardiopediatra. O diagnóstico pode ser feito ainda no período do pré-natal, através de exames específicos. Caso confirmado o diagnóstico, a gestante deve tomar algumas precauções, como fazer o parto em um hospital com estrutura para receber o recém-nascido cardiopata. “É preciso realizar um pré-natal em especialista em gestação de alto risco, juntamente com cardiologista pediatra que irá programar uma possível abordagem cirúrgica neonatal no momento oportuno”, explica coordenadora médica da Ginecologia e Obstetrícia da Maternidade do Hospital Esperança Recife, Simone Carvalho.
Entre os exames que são solicitados no pré-natal, está a ultrassonografia morfológica do primeiro trimestre (11 a 14 semanas) e do segundo trimestre (20 a 24 semanas). Outro exame mais específico, solicitado por volta das 26 semanas, é a ecocardiografia fetal, recomendada quando há fatores de riscos na história materna para cardiopatia congênita fetal ou quando as ultrassonografias de rasteio mostram alterações cardíacas no bebê.
Para os tipos mais graves da doença, são indicadas cirurgias para correção. Segundo a SBCC, dos cerca de 28 mil bebês cardiopatas que nascem no Brasil anualmente, aproximadamente 23 mil irão precisar da cirurgia. Nos demais casos, é possível fazer o acompanhamento ambulatorial do paciente.
“Quando a mãe sabe que o bebê tem cardiopatia, isso já melhora a sobrevida, porque ele já pode nascer em uma unidade que esteja preparada para recebê-lo”, acrescenta a coordenadora do setor de ecocardiografia e de cardiopatias congênitas do Hospital Esperança Recife, Lúcia Salerno. A maternidade do Hospital Esperança conta com especialistas como cardiologista pediátrico, hemodinamicista, cirurgião cardíaco, ecocardiografista e neonatologista.
Mas caso a cardiopatia não tenha sido identificada no pré-natal, o exame de oxiometria de pulso, também conhecido como teste do coraçãozinho, pode ajudar a identificar as doenças. Indolor, o teste é feito com uma pulseira que mede a concentração de oxigênio no sangue, sendo capaz de detectar problemas cardíacos antes dos primeiros sintomas aparecerem. Todos os bebês que nascem na maternidade do Hospital Esperança realizam o exame.
Fatores genéticos, agentes ambientais e fatores de risco contribuem para a má formação do coração dos bebês. Além disso, circunstâncias como mães que fazem uso de drogas, álcool e antidepressivos, a ocorrência de rubéola na gestação e doenças como diabetes e hipertensão podem ocasionar deficiências cardíacas.