Hospital Santa Isabel registra mais transplantes de órgãos em 2020, mesmo durante o enfrentamento à pandemia

Foto: Gabriel Silva

O Hospital Santa Isabel (HSI), de Blumenau (SC), registrou uma marca impressionante de transplantes de órgãos entre janeiro e maio de 2020, mesmo durante o enfrentamento à pandemia do novo Coronavírus, em que também é referência para todo o estado. Nos cinco primeiros meses do ano, foram realizados 99 procedimentos – 55 transplantes de rins, 38 fígados, três pares de córneas, dois pâncreas-rim conjugados e um coração. O total de transplantes é maior do que no mesmo período de 2019, quando foram registrados 98 procedimentos.

O HSI é reconhecido como uma das instituições que mais realiza transplantes de órgãos no Brasil, e todos são totalmente custeados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2019, a cidade de Blumenau foi escolhida como a Capital Estadual dos Transplantes, inspirada pelo trabalho realizado no Hospital Santa Isabel.

O Serviço de Transplantes de Órgãos do HSI registrou queda no número de procedimentos apenas no mês de março, quando teve início o isolamento social em Santa Catarina. “Nesse período, demos orientações por telefone e e-mail para pacientes estáveis, e mantivemos apenas as consultas daqueles que realizaram transplante há menos de 6 meses, devido ao maior risco de complicações”, explica a Dra. Maira Silva de Godoy, chefe dos transplantes hepáticos do HSI.

Aos poucos, os atendimentos foram retomados com toda a cautela, reduzindo o fluxo de pacientes por horário, seguindo normas de distanciamento e medidas de segurança e higiene, conforme orientações da Secretaria da Saúde e do Serviço de Controle de Infecção do Hospital. “Enquanto o cenário da pandemia se desenrolava, observamos a possibilidade de transferir os transplantados para outra UTI, sem pacientes da Covid-19, e assim pudemos garantir a segurança de todos”, enfatiza a médica. Pacientes que moram em cidades distantes ou com comorbidades que os impeçam de estar em contato social com outras pessoas, como idosos, passaram a ser atendidos por teleconsultas, conforme liberação do Ministério da Saúde.

Captação de órgãos durante a pandemia

A doação de órgãos acontece mediante a autorização da família de um paciente que teve a morte encefálica diagnosticada. A abordagem familiar é feita por profissionais capacitados da Comissão Hospitalar de Transplantes (CHT). Para realizar essa abordagem durante a pandemia, é necessário que o paciente seja testado para Covid-19 e tenha resultado negativo. Somente assim poderá ser definitivamente realizada a captação de órgãos para Transplantes.

“Estamos vivenciando um momento completamente diferente, no qual a família não está constantemente no hospital, em virtude da suspensão de visitas e acompanhantes. Porém, nesses casos, a família é convidada a vir ao hospital para ser esclarecida da situação do seu familiar, acompanha o diagnóstico e é abordada para a doação de órgãos,” comenta Adriane Rogalski, enfermeira da CHT do Hospital Santa Isabel.

Atendimento psicológico aos que estão na fila

Os pacientes que necessitam de transplantes de órgãos no Hospital Santa Isabel contam com acompanhamento do Setor de Psicologia. O trabalho é baseado no acolhimento, avaliação, preparo e enfrentamento emocional desde quando ele entra na fila de transplante, até o dia em que recebe alta hospitalar, e continua durante o pós-transplante de acordo com a necessidade do paciente. “Primeiro, fazemos a entrevista com a equipe multidisciplinar, em que o paciente e os familiares recebem avaliações, orientações e conhecem toda a equipe. Os receios são muito diferenciados, mas um grande medo de quem espera na fila é de que, com a pandemia, a espera seja prolongada, ou que o serviço seja suspenso”, explica a psicóloga Jaqueline Franzmann Zachow, da Equipe Multidisciplinar do Ambulatório de Transplantes do HSI.

Com o novo coronavírus em circulação, o paciente transplantado precisa de mais cuidados para não pegar infecções. Por isso, a psicóloga orienta nutrir o corpo e a mente de forma positiva, reestabelecendo os vínculos com familiares, e buscar informações saudáveis acerca do momento global. “Esses são fatores que proporcionam a diminuição da ansiedade, insônia, angústias e receios. Esses pacientes receberam uma segunda chance, sobreviveram e não querem dar margem para que uma doença como esta tire a oportunidade de buscar a qualidade de vida e o bem estar”, enfatiza Jaqueline.

Redação

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