Hospital Universitário de Jundiaí reduz em 60% o uso de fórmulas na alimentação dos bebês

Nos últimos anos, o Hospital Universitário de Jundiaí (SP) tem desenvolvido diversas ações para apoiar e fortalecer a importância do aleitamento junto às mães e profissionais de saúde. Hoje os resultados são visíveis. O uso de fórmula láctea na alimentação de recém-nascidos do hospital não ultrapassa 35% e a meta é ficar abaixo de 25%. Em tempos remotos estes índices chegaram a variar de 50% a 90%. O empenho culminou na redução de 60%.

O leite materno é o alimento mais importante para a vida dos bebês. Até os seis meses de vida, os recém-nascidos podem crescer e se desenvolver de forma saudável consumindo apenas o leite ofertado pela mãe. Se for possível amamentar até os dois anos de idade, os benefícios são ainda maiores. De acordo com o Ministério da Saúde, o início deste vínculo deve ocorrer em até uma hora após o nascimento da criança.

Caminho da queda

Para reduzir o uso de fórmulas, o hospital definiu uma comissão interna, que atua constantemente no apoio às mães que têm dificuldade em amamentar e oferece suporte à equipe clínica. “Fizemos um levantamento geral das prescrições de fórmulas e percebemos que em alguns casos, com um pouco mais de insistência e apoio efetivo, atuando nas dificuldades da mãe, ensinando o manejo correto, era possível evitar o uso de fórmulas e estimular a amamentação”, relata Leslie Zonho, enfermeira responsável pela iniciativa.

O trabalho também envolveu o empenho multidisciplinar. “Iniciamos uma ação de conscientização com as equipes médicas e de enfermagem no qual demonstramos possibilidades de manter o aleitamento materno e evitar a prescrição de fórmulas. Uma das ações propostas foi a visita diária da enfermagem, com atendimento específico às mães cujos bebês tinham maior risco de hipoglicemia ou dificuldade para amamentar. Na UTI Neo, implantamos o aleitamento a beira leito, no qual a mãe recebe auxílio para fazer a ordenha do leite e este é imediatamente fornecido ao bebê”, explica.

Outra mudança que fez diferença foi a otimização dos testes rápidos de HIV. A cada três meses de gestação, durante o pré-natal, a gestante deve realizar o exame. Se no último trimestre não foi feito, logo ao dar entrada no hospital o teste já é providenciado. “Essa agilidade propicia maior segurança na assistência ao recém-nascido e faz com que não se perca tempo, permitindo que, no caso do resultado ser negativo, a mãe inicie a amamentação na primeira hora de vida do bebê. Caso seja positivo, aí sim é necessário entrar com a fórmula”, orienta.

Antes e depois

De acordo com a enfermeira, antes do início deste trabalho de conscientização, treinamento e engajamento de toda a equipe e amparo individualizado com cada mãe, vários fatores contribuíam para impulsionar o aumento dos índices de uso de fórmulas. “Por ser um hospital que recebe pacientes de alta complexidade, nem sempre é possível que a mãe tenha condições físicas e emocionais para amamentar o bebê. Isso contribuía bastante para elevar o índice de fórmulas. Relatos de bico do seio rachado, leite empedrado e que o leite secou são frequentes, a equipe tem atuado nestas dificuldades e desmistificando algumas culturas. Também é preciso dizer que os bebês não nascem sabendo sugar o peito da mãe, precisam ser estimulados para adquirir essa habilidade. É um esforço conjunto. Mas com o trabalho em equipe e as iniciativas citadas, estamos vivendo uma nova realidade, sempre pensando no melhor para a mãe e bebê”, explica a enfermeira.

Caminho sem volta

De acordo com Leslie, os avanços conquistados nestes últimos meses são definitivos. As práticas citadas serão mantidas e novos desafios já estão traçados. “Nossos próximos passos incluem manter o treinamento de capacitação das equipes, abrangendo novos colaboradores e residentes, além de promover a reciclagem das equipes já existentes. Isso permitirá um trabalho integrado, no qual todos terão condições de auxiliar as mães no manejo adequado para a amamentação, indicar pacientes com maior propensão às dificuldades e apoiar essas pacientes”, comemora.

Para as futuras gerações, a iniciativa representa uma vida mais saudável. De acordo com o dados da IBFAN Brasil (Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar), os bebês que não recebem o leite materno nos primeiros seis meses de vida, adoecem cerca de 68 vezes mais que aqueles que são amamentados. “O aleitamento materno reduz o risco de morte em todo o mundo, por isso merece toda nossa atenção”, conclui a enfermeira.

Redação

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