Jornada de acesso ao oftalmologista no Brasil está cada vez mais difícil

A retinopatia diabética afeta exatamente quatro milhões de pessoas, segundo as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2019-2020), correspondendo de 35% a 40% dos indivíduos com o diabetes. Já o estudo ‘As Condições de Saúde Ocular no Brasil’, publicado em 2019 pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia, ressalta que a retinopatia diabética é responsável por 4,8% dos 37 milhões de casos de cegueira devido a doenças oculares, o que equivale a 1,8 milhão de pessoas.

As altas taxas de glicemia degeneram a retina e, com o tempo, a visão pode ser afetada, sendo a principal causa de cegueira. A retinopatia diabética pode ser de dois tipos: a não proliferativa, forma inicial da doença que é detectada quando os vasos do fundo do olho estão danificados, causando hemorragia e vazamento de líquido da retina, chamado de Edema Macular Diabético; e a proliferativa, que é diagnosticada quando os vasos da retina ou do nervo óptico não conseguem trazer nutrientes para o fundo do olho e, por consequência, há formação de vasos anormais, que causam o sangramento.

No final de 2021, o Ministério da Saúde publicou o Protocolo de Retinopatia Diabética. Foi uma conquista para a sociedade ter diretrizes para tratar a condição, mas sabemos que as filas de atendimento no SUS estão imensas, segundo reclamações dos usuários do SUS. Demoram uma média de seis meses para marcar a consulta. Quando conseguem passar pelo especialista, fazem o diagnóstico de retinopatia, demoram mais de três meses para ter acesso ao tratamento. Muitas destas pessoas, devido a esta espera, acabam tendo uma cegueira constatada, que já não pode ser mais revertida a tempo.

Por isso, a Coalizão Vozes do Advocacy esteve em Audiência Pública na Câmara dos Deputados, no dia 17 de agosto, para expor esta problemática e só conseguiu uma nova reunião com o Ministério da Saúde, no dia 7 de novembro, para retomar o assunto e solicitar medidas, que possam diminuir a fila de espera. O Ministério da Saúde tomou ciência da situação mais uma vez, mas não expôs qualquer solução e falou da necessidade de envolver em momentos específicos o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Mas as pessoas não têm este tempo!

A Coalizão Vozes do Advocacy exige uma discussão imediata e uma solução para esta situação, pois a saúde é um direito de todos e é o dever do Estado. A Coalizão quer contribuir para uma vida saudável para os brasileiros e onerar cada vez menos o SUS. Por isso, as pessoas precisam ter acesso aos insumos, aos medicamentos e ao tratamento a tempo, para que não se tornem improdutivas, dependendo mais do Governo para sua sobrevivência.

Redação

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