Maior congresso de Neurociências do Brasil abordará saúde mental, uso de psicodélicos e outros temas

“Por que os psicodélicos podem revolucionar a psiquiatria?” é apenas uma das mais de 100 atividades científicas presentes no Brain, Behavior and Emotions, congresso científico na área da Neurociências que chega à 22ª edição e será realizado pela primeira vez em Florianópolis, de 7 a 10 de junho de 2023.

Entre os palestrantes convidados figuram nomes como Domenico de Masi (Itália), Mayana Zatz, Elisa Kozasa, Carlos Zarate (EUA), David Nutt (Reino Unido) e Thomas Insel (EUA) (confira a grade na íntegra aqui).

O BRAIN inova a cada ano e oferece um espaço disruptivo que permite a atualização científica e da prática clínica para pesquisadores e profissionais da saúde das áreas de Psicologia, Neurologia, Psiquiatria, Geriatria e Gerontologia, Neuropsiquiatria, entre outras. Neste ano, o Congresso contará com a participação de mais de 200 palestrantes nacionais e internacionais.

Novidades – Entre as novidades desta edição estão a presença de médicos e pacientes, trazendo estudos de casos clínicos, com atividades no eixo temático Brain, Patients and Family, e a apresentação de startups e tecnologias na área da Saúde, com o eixo Brain Technology, Research and Innovation.

Pesquisas em várias áreas serão apresentadas com exclusividade no BRAIN deste ano, destacando-se algumas, como: Avanços na compreensão da interação entre fatores genéticos e ambientais, como trauma infantil no desenvolvimento de Transtorno Bipolar; Indícios de novos fatores genéticos associados ao desempenho cognitivo; Indicativos de efeito positivo da suplementação com óleo de peixe na preservação de funções cognitivas de pacientes diabéticos; e Novas evidências da associação entre a proteína APOE e a neuroinflamação presente na Doença de Alzheimer.

Além desses eixos temáticos, outros temas estarão presentes na Programação Científica: Neuropsiquiatria do Desenvolvimento; Envelhecimento, Memória e Transtornos Cognitivos; Neurociência da Pesquisa à Prática Clínica; Neuropsicofarmacologia na Prática Clínica; Saúde Mental e Sono; Corpo, Mente e Cérebro; Cérebro, Comportamento e Emoções; Neuropsicologia: da pesquisa à prática clínica; Neuropsiquiatria na Epilepsia; Cérebro, Sociedade, Cultura e Arte; Integração Terapêutica em Saúde Mental; Parkinson e Distúrbios do Movimento.

Geriatra fala sobre os desafios que os cuidadores de pacientes com demência enfrentam

Dentre os temas discutidos a questão do Envelhecimento, Memória e Transtornos Cognitivos serão amplamente debatidos pelos especialistas. Nesse sentido, o presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia do Rio Grande do Sul, Dr. João Senger, comenta sobre os obstáculos enfrentados pelos cuidadores de pacientes com demência.

Lidar com diferentes tipos de demência não é uma tarefa fácil para familiares e cuidadores. Isso porque a progressiva deterioração do ente querido acaba culminando em uma carga emocional intensa. O cuidador, frequentemente o cônjuge, compartilhou uma vida inteira ao lado dessa pessoa e, em um determinado momento, deixará de ser reconhecido. Em seguida, começa a fase de cuidados constantes, gerando estresse no cuidador. Por fim, presenciar a completa dependência do familiar é uma experiência dolorosa, explica o Dr. João Senger.

Segundo o especialista, lidar com as mudanças comportamentais e emocionais do paciente é a parte mais difícil para cuidadores e familiares. Quando os distúrbios neuropsicológicos começam, como agressividade, insônia, atitudes inapropriadas e inquietação, o cuidado se torna pesado, cansativo e extremamente estressante. Nesse sentido, o médico sugere a importância de que o cuidador tenha estratégias para reduzir o estresse, como praticar atividade física, participar de atividades de lazer, cuidar de si mesmo e buscar apoio em grupos como a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz).

Participar de grupos de apoio ou buscar aconselhamento é fundamental para os familiares de pacientes com demência. Essa conexão permite que eles percebam que não estão sozinhos e que muitas outras pessoas estão passando pela mesma situação. Ademais, esses grupos proporcionam aprendizado sobre a doença e a oportunidade de compartilhar experiências, funcionando como uma forma de terapia em grupo.

O médico geriatra destaca que é importante buscar conhecimento sobre a enfermidade e compreender as diferentes fases da doença, a fim de se preparar para situações futuras. “Aceitar a realidade nos permite planejar o futuro e buscar os cuidados adequados para cada etapa. Por vezes, pode-se considerar a necessidade de colocar o paciente em uma Instituição de Longa Permanência para Idosos. É essencial compreender que essa decisão não é uma derrota nem negligência, mas sim uma necessidade e até mesmo um ato de amor. É possível proporcionar um cuidado excelente em uma instituição, desde que o paciente não seja abandonado pela família”, pontua o especialista.

Dicas para que o cuidador forneça uma melhor jornada para o paciente

A comunicação é um fator essencial para a melhoria da qualidade de vida desses pacientes. “É importante utilizar um toque sutil durante as conversas e buscar um ambiente calmo, preferencialmente, estando de frente para o paciente”, pontua o Dr. Senger.

Em relação à segurança doméstica, os familiares devem cuidar da segurança do paciente, evitando o uso do fogão e desligando o gás de cozinha quando necessário. Manter o portão fechado e trancado ajuda a evitar que o paciente saia sozinho e corra riscos. Garantir um banheiro seguro com barras de apoio e um tapete de borracha fixo previne quedas, enquanto uma iluminação leve durante a noite, principalmente no caminho para o banheiro, é recomendada.

Precauções devem ser tomadas também com escadas, como a instalação de barreiras. Essas medidas contribuem para garantir a segurança do paciente e prevenir acidentes dentro de casa.

Aplicativos para saúde mental podem auxiliar no rastreamento e gerenciamento de sintomas

“Aplicativos para saúde mental: da tela do desenvolvedor para a tela do usuário” é tema de aula no 22ª Brain, Behavior and Emotions. “Os aplicativos na área de saúde mental oferecem benefícios ao paciente por algumas principais vias: (1) psicoeducação, isto é, a possibilidade da pessoa aprender mais sobre saúde mental (sintomas, comportamentos, bem-estar, práticas positivas etc.); (2) automonitoração dinâmica, isto é, o usuário de aplicativo pode registrar sintomas e comportamentos com objetivo de perceber padrões (melhora, estabilidade, piora); (3) intervenção automatizada, isto é, o usuário com algum transtorno mental leve aprender sobre técnicas psicológicas e comportamentais que podem aliviar os sintomas, funcionando como um tratamento auto-aplicado”, explica Dr. Daniel Graça Fatori de Sá, doutor em Psiquiatria e pesquisador da USP, que palestrará na 22ª edição do Brain, Behavior and Emotions.

Dr. Fatori conta ainda que os cenários acima podem ser somados à atuação conjunta com um profissional de saúde, que poderá se utilizar das vantagens do aplicativo (psicoeducação, monitoramento) para melhorar ou adicionar aos tratamentos tradicionais (psicoterapia, medicação). Esta opção ainda pode ser somada ao teleatendimento, seja via aplicativo ou plataformas web.

Aplicativos oferecem uma forma relativamente barata e eficiente de registro dinâmico de sintomas e comportamentos. Ao contrário de entrevistas e questionários tradicionais, o aplicativo oferece o que se chama tecnicamente de ‘validade ecológica e temporal’, ou seja, o registro do sintoma/comportamento está próximo do local de ocorrência (ambiente) e do momento temporal. “Além disso, o registro dinâmico e em tempo real permite o processamento via algoritmos de aprendizado de máquina, que, por sua vez, permitem sofisticadas análises que podem classificar padrões que potencialmente podem levar a um diagnóstico ou até mesmo prognóstico”, explica Dr. Fatori.

Bem-estar psicológico dos usuários – Recursos relacionados à psicoeducação, isto é, materiais de vídeo, áudio ou texto com linguagem para público leigo que permitem o usuário aprender como se utilizar de técnica psicológicas em seu dia a dia têm se mostrado mais eficazes na melhoria do bem-estar psicológico dos usuários, de acordo com o pesquisador.

E o que os médicos devem considerar antes de sugerir um aplicativo ao paciente? “A principal questão seria saber se um determinado aplicativo foi previamente validado cientificamente. Alguns pontos importantes: (1) se o aplicativo se utiliza de um modelo teórico aceito pela comunidade científica e com validação; (2) se o aplicativo teve sua eficácia testada por meio de ensaios clínicos randomizados e controlados; (3) se o aplicativo oferece segurança acerca dos dados; entre outras”, acrescenta ele.

Também fazem parte das boas práticas considerar os pontos levantados acima e explicar para o paciente o porquê do aplicativo ser relevante para o tratamento e como deve ser o uso. Assim como um medicamento, também devem ser monitorados potenciais efeitos adversos do uso do aplicativo.

Não há estatísticas oficiais sobre o uso de aplicativos para saúde Mental. Contudo, um levantamento feito pela Gympass indica que “o uso médio de aplicativos de saúde mental e emocional no primeiro trimestre de 2021 cresceu 130% em relação à média de utilização do ano passado inteiro”.

Além do pesquisador Dr. Daniel Fatori, entre os palestrantes convidados do 22ª Brain, Behavior and Emotions figuram nomes como Domenico de Masi (Itália), Mayana Zatz, Elisa Kozasa, Carlos Zarate (EUA), David Nutt (Reino Unido) e Thomas Insel (EUA).

O BRAIN inova a cada ano e oferece um espaço disruptivo que permite a atualização científica e da prática clínica para pesquisadores e profissionais da saúde das áreas de Psicologia, Neurologia, Psiquiatria, Geriatria e Gerontologia, Neuropsiquiatria, entre outras. Neste ano, o Congresso contará com a participação de mais de 200 palestrantes nacionais e internacionais.

Congresso BRAIN

A 22ª edição do Brain, Behavior and Emotions ocorrerá em Florianópolis (SC) entre os dias 7 a 10 de junho e contará com diversos especialistas das áreas de Psicologia, Neurologia, Psiquiatria, Geriatria e Gerontologia, Neuropsiquiatria. O evento contará com nomes de peso, como: Domenico de Masi (Itália), Mayana Zatz, Elisa Kozasa, Carlos Zarate (EUA), David Nutt (Reino Unido) e Thomas Insel (EUA).

Neste ano, o Congresso contará com a participação de mais de 200 palestrantes nacionais e internacionais e abordará temas como: avanços na compreensão da interação entre fatores genéticos e ambiental; Indícios de novos fatores genéticos associados ao desempenho cognitivo; Indicativos de efeito positivo da suplementação com óleo de peixe na preservação de funções cognitivas de pacientes diabéticos; e Novas evidências da associação entre a proteína APOE e a neuroinflamação presente na Doença de Alzheimer.

Inscrições: www.braincongress.com.br/inscricoes/index.php#topo

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