Medicina Reprodutiva pode viabilizar gestações de mulheres diagnosticadas com câncer de mama

No Brasil, o câncer de mama é o tipo de câncer mais incidente em mulheres de todas as regiões. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), em 2021, estima-se que ocorrerão 66.280 casos novos da doença, o que equivale a uma taxa de incidência de 43,74 casos por 100.000 mulheres. Uma das complicações de passar por um tratamento de um tumor maligno, especialmente no sexo feminino, é a perda da fertilidade. Estima-se que 50% das pacientes podem enfrentar problemas para engravidar no futuro.

Segundo o coordenador do programa de Preservação da Fertilidade do grupo Huntington de Medicina Reprodutiva, Maurício Chehin, grande parte dos tratamentos é realizada por meio de quimioterapia, depois da remoção cirúrgica do tumor. Como um tratamento sistêmico, da mesma forma que a quimioterapia atinge as células tumorais, atinge também as células germinativas, que originam os óvulos. Assim, é muito comum que após o término do tratamento oncológico, exista uma queda da reserva ovariana, o que ocasiona a infertilidade.

Outro ponto importante é que, uma vez diagnosticado o câncer de mama, na grande maioria das vezes, a maternidade precisa ser postergada. Com a progressão da idade, naturalmente, há o aumento da dificuldade para engravidar, já que a quantidade e a qualidade dos óvulos tendem a diminuir.

Quando a quimioterapia não é realizada, é frequente o uso da hormonioterapia. Ao longo do período, a paciente também não poderá engravidar. “Temos casos em que o tratamento dura de cinco anos a uma década. Então, se uma mulher de 38 anos tem câncer de mama, pode ser que só seja liberada para engravidar depois dos 45 anos. Dessa forma, já enfrentará maior dificuldade pela própria idade”, explica Chehin.

A medida em que o diagnóstico for realizado, a mulher pode congelar seus óvulos a qualquer momento. O ideal é que realize o procedimento o quanto antes, já que terá mais tempo para fazer mais de um ciclo de congelamento, aumentando o número de óvulos preservados e consequentemente, a eficácia do tratamento no futuro. “Geralmente, a criopreservação é realizada na janela de tempo entre a remoção cirúrgica do tumor e uma possível quimioterapia, o que leva aproximadamente um mês. É um período oportuno.” explica Chehin.

O número ideal de óvulos a serem congelados varia em relação à idade da paciente e em relação à reserva ovariana. Mulheres da mesma idade podem ter um número muito distinto de óvulos passíveis de serem congelados. Quanto maior o volume, melhores as chances de gravidez no futuro. A idade da paciente no ato do procedimento também é um fator importante para o seu sucesso. Quanto mais nova for, maior a chance de ter mais óvulos, então, a gestação é facilitada.

Além do congelamento de óvulos, eventualmente pode ser feita uma fertilização in Vitro para que se congele também o embrião. No entanto, a transferência para o útero será realizada posteriormente ao tratamento do câncer. “Quando se faz esse procedimento, não é preciso aguardar uma fase específica do ciclo menstrual, como é feito convencionalmente, justamente para que não haja atrasos no tratamento. Costumamos chamar de random start. Também é importante frisar que não existe nenhuma perda de chances de gravidez por conta dessa alteração”, afirma o coordenador.

O primordial é a informação. O assunto fertilidade deve ser parte do atendimento oncológico, para que a paciente tenha a oportunidade de seguir pelo caminho que julgar mais adequado junto ao seu médico. Neste sentido, a Ferring, grupo farmacêutico especializado em Medicina Reprodutiva e saúde materna, conduz o projeto Gravidez Na Minha Hora (gravideznaminhahora.com.br), que tem como objetivo disseminar informações sobre fertilidade para mulheres que desejam escolher, com autonomia, o melhor momento para engravidar.

Redação

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