Modelo assistencial integrado é chave para melhorar qualidade do setor e sustentabilidade dos sistemas

No segundo dia do Congresso Nacional de Hospitais Privados (Conahp), que tem como tema ‘Saúde 2030: Desafios e Perspectivas’, Cristian Baeza, diretor-executivo do International Center for Health Systems Strengthening (ICHSS), Eugênio Vilaça, consultor do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (CONASS) e Maurício Lopes, vice-presidente executivo da Rede D’Or São Luiz, debateram a ‘Construção do modelo assistencial integrado que gera valor para o paciente e para o sistema’, com a moderação de Ary Ribeiro, CEO do Sabará Hospital Infantil. Os participantes foram unânimes sobre a necessidade da implementação de mudanças capazes de criar um ecossistema de saúde que vai trazer benefícios para pacientes, empresas e governo.

Para explicar a origem da necessidade de transformação, Baeza destacou o envelhecimento da população e a pandemia das doenças não-comunicáveis, que incluem o câncer, problemas cardiovasculares e diabetes, por exemplo, os avanços na tecnologia e na prática clínica, o volume de casos de alta complexidade e a transformação do paciente em consumidor. Segundo o especialista, em um primeiro momento, entre os anos 1980 e 2000, a resposta do setor hospitalar para a nova demanda foi compartilhar riscos de pagamento com o provedor, reduzir leitos, encaminhar o paciente não-emergencial para o ambiente ambulatorial, otimizar processos administrativos e investir em grupos corporativos.

A partir de então, os hospitais caminharam para uma nova fase: a de criar valor na área de saúde. Essa fase inaugurou uma nova percepção acerca dos hospitais, que passaram a ser redes integradas focadas no bom desempenho. Com a transição, o foco passou a ser a prevenção de doenças em vez do tratamento, o que alterou também os modelos de pagamento. “Saímos para um modelo de Accountable Care Organization (ACO), uma organização voluntária de fornecedores, que vai oferecer diferentes aspectos do cuidado, baseada na atenção primária e no monitoramento dos pacientes, reduzindo custos da assistência em geral. Tentamos prevenir em vez de remediar. Fazendo mais, a gente gasta mais, fazendo menos, a gente gasta menos, mas temos que aprender onde fazer mais e onde fazer menos”, explica Baeza.

Acompanhando as transformações da sociedade e do mercado, Lopes revela que a Rede D’Or já implementou diversas mudanças em suas unidades e reconhece os benefícios, entretanto, ressalta que ainda há desafios a serem superados, para o sucesso dos novos modelos assistenciais. “Prevenção é a chave, mas o paciente e os profissionais de saúde não vão se engajar como imaginamos. Por isso, nós temos que insistir. Vamos nos desentender diversas vezes com os vários stakeholders, mas temos que ter resiliência e focar no longo prazo”, defende.

Segundo Vilaça, apenas trabalhando de modo integrado e coordenado é que as melhorias serão concretizadas e a população terá acesso à assistência de saúde com qualidade. “Há um descompasso entre o sistema que praticamos e a situação de saúde da população. É preciso passar de um sistema fragmentado para um organizado em redes, que integra atenção primária, ambulatorial especializada e hospitalar, que se volta para doenças crônicas e agudas, que cuida não apenas do indivíduo, mas da população, e no qual o sujeito deixa de ser paciente para ser o agente dos cuidados com a sua saúde”, finaliza.

Futuro das organizações depende da capacidade de inovação

Pensar na perspectiva de futuro das empresas como um caminho de experimentação, capaz de erros e acertos, mas sólido o suficiente para aprender e avançar, foi a tônica da palestra ‘Perenidade das organizações: como se reinventar e tornar o negócio viável’, ministrada por Augusto Lins, presidente da Stone. Mediada por José Henrique Salvador, presidente da Comissão Científica do Conahp 2021 e diretor de operações da Rede Mater Dei de Saúde, a exposição da tarde desta terça-feira (19) trouxe a história da Stone como inspiração para o fomento de uma cultura empresarial que entende o acelerado cenário de mudanças em que vivemos.

“Nós acreditamos que o empreendedor brasileiro vai mudar o país. Temos um mercado animado e em constante evolução. Assim, nossa cultura interna também é de buscar empreendedores que compartilhem valores simples como inteligência, energia e integridade”, disse Augusto. Para garantir esse ambiente de inovação internamente, ele afirma que isso significa que a empresa precisará enfrentar riscos. Assim, um ambiente interno de confiança é fundamental para que o colaborador se sinta confortável em propor ideias novas e capazes de impactar os negócios.

Para o mercado de pagamentos, o 5G é uma tecnologia esperada e que vai trazer inovações e rupturas com os padrões atuais. Um ambiente como o da Stone se antecipou a esse cenário e já percebeu oportunidades de negócio até mesmo nesse novo ambiente. “Eu desenvolvi produtos para um cliente que ainda não existe, mas, quando existir, estarei pronto para atendê-lo”, reforça Augusto Lins.

Outro ponto destacado pelo palestrante foi sua necessidade de entender intimamente o seu consumidor, no caso, o empreendedor brasileiro. A Stone trabalha para ajudar esse público a vender, gerir e crescer em seus negócios ao fornecer soluções para cada uma dessas necessidades. A ideia é colocar o cliente como razão da existência do negócio, inspirando uma cultura organizacional forte, jovem, dinâmica, transparente e meritocrática.

“É preciso ouvir o paciente, o cliente, e saber o que ele quer. Precisamos de produtos de saúde que atendam o que eles precisam”, disse Augusto fazendo relação com o setor da Saúde. Ao fim da palestra, Augusto reforçou a importância de medidas de manutenção de cultura organizacional e a importância de agregar nas equipes gente que não se incomode em mudar. “A única vantagem competitiva a longo prazo é a capacidade de mudar sem dor”, finalizou.

Presidente da Bradesco Saúde participa de debate sobre o futuro dos negócios em saúde

‘Verticalização, fusões e aquisições – para onde vão os negócios em Saúde no Brasil?’ foi o tema do primeiro debate do Conahp 2021, que contou com a participação de Manoel Peres, diretor-presidente do Grupo Bradesco Saúde. O encontro virtual aconteceu nesta segunda-feira (18) e reuniu também diversos representantes da cadeia de Saúde Suplementar e de grupos hospitalares para refletir sobre o cenário atual e as perspectivas do setor.

“Há muitas operadoras e prestadores de pequeno porte em todo o país, e a tendência natural é que sejam integrados às redes verticalizadas. Talvez, o debate maior gire em torno da capacidade de subsistência desse modelo diante do custo real da Saúde, levando em conta o perfil médio de renda da população”, analisa Peres.

Em 2020, foram registradas mais de 60 fusões e aquisições no setor, que movimentaram US$ 1 bilhão, de acordo com o banco de investimento RGS Partners. Além do mercado aquecido, gargalos na legislação do setor e eficiência do serviço assistencial também foram questões abordadas no encontro. O Conahp 2021 acontece até a próxima sexta-feira (22), reunindo especialistas que vão analisar os desafios e as perspectivas da Saúde até 2030.

Informações e inscrições: conahp.org.br/2021

Redação

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