Nova molécula dobra sobrevida em pacientes com câncer de cabeça e pescoço localmente avançado

A Merck, líder em ciência e tecnologia, acaba de anunciar resultados de eficácia de longo prazo em pacientes com Câncer de Células Escamosas de Cabeça e Pescoço localmente avançado (CCECP) em tratamento com xevinapante em combinação com a quimioradioterapia, comparado ao placebo e quimioradioterapia. A nova molécula xevinapante reduziu pela metade o risco de morte em cinco anos de acompanhamento comparado com placebo, em estudo de Fase II com 96 pacientes apresentado no ESMO 2022 (European Society of Medical Oncology Congress), em Paris, na França.

“Há uma clara necessidade de melhores opções de tratamento para pacientes com câncer de cabeça e pescoço localmente avançado. A quimioradioterapia tem servido como padrão de cuidados neste cenário nas últimas décadas, mas metade dos pacientes veem seu câncer retornar, seja localmente ou como doença metastática”, explica o Prof. Jean Bourhis, M.D., Ph.D., Chefe do Departamento de Radio-Oncologia do Hospital Universitário de Lausanne e investigador principal do estudo. “Os resultados de cinco anos deste estudo randomizado de Fase II são os primeiros a mostrar melhor eficácia quando comparado ao padrão de cuidados para esses pacientes e sugerem o potencial de xevinapante para aumentar a proporção de pacientes que alcançam a cura após terapia definitiva”.

No estudo, a sobrevida global (SG) foi avaliada cinco anos após o último paciente randomizado; o acompanhamento médio foi de 60,1 meses para aqueles tratados com xevinapante e 39,2 meses no placebo. Os dados mostram:

  • Xevinapante reduziu pela metade o risco de morte em cinco anos de acompanhamento comparado com placebo.
  • A sobrevida mediana foi prolongada com xevinapante versus placebo.
  • O tratamento com xevinapante quase dobrou a sobrevida mediana, com 53% de probabilidade de sobrevida após cinco anos em comparação com 28% com placebo.

“O câncer de cabeça e pescoço tem um impacto relevante na capacidade do paciente realizar atividades do dia a dia, como comer e se comunicar. Portanto, é muito bom termos novas opções terapêuticas capaz de melhorar os desfechos da doença”, afirma a Dra. Adriana Pires, oncologista clínica.

Com base no perfil promissor de eficácia e segurança observado no estudo de Fase II e na necessidade médica urgente de novos tratamentos, xevinapante está sendo avaliado em dois estudos clínicos de fase III. O primeiro é o estudo internacional, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo TrilynX (NCT04459715), para avaliar a eficácia e segurança de xevinapante versus placebo quando adicionado à quimioradioterapia em pacientes com CCECP localmente avançado . O segundo é o XRay Vision (NCT05386550), um estudo randomizado, duplo-cego, controlado por placebo para avaliar a eficácia e segurança de xevinapante versus placebo quando adicionado à radioterapia pós-operatória adjuvante em pacientes com CCECP localmente avançado que estão em alto risco de recidiva e são inelegíveis para cisplatina. Ambos os estudos estão recrutando pacientes atualmente. Tendo o estudo TrilynX já iniciado o recrutamento de pacientes brasileiros.

Em fevereiro de 2020, a FDA (Food and Drug Administration), agência reguladora dos Estados Unidos, concedeu a designação de terapia Breakthrough para xevinapante para tratamento de pacientes com CCECP localmente avançado não tratado anteriormente, em combinação com o cuidado padrão atual, com base nos resultados do estudo de Fase II.

Câncer de cabeça e pescoço

Em todo o mundo, o câncer de cabeça e pescoço é responsável por mais de 870 mil casos e 440 mil mortes anualmente3, tornando-se o 8º tipo de câncer mais comum. O câncer de células escamosas localmente avançado de cabeça e pescoço é uma doença altamente debilitante que pode levar a disfunções respiratórias e de deglutição à medida que avança. Apesar do tratamento com intenção curativa usando radioquimioterapia padrão, aproximadamente 50% dos pacientes desenvolvem recorrência local e/ou metástase4, que geralmente são detectadas nos primeiros dois anos após a conclusão do tratamento padrão, ressaltando a necessidade de novas abordagens terapêuticas.

Xevinapante

Xevinapante (anteriormente conhecido como Debio 1143) é uma molécula experimental, inibidor oral de IAP (inibidor da proteína de apoptose), para o tratamento do câncer de células escamosas localmente avançado de cabeça e pescoço. Em estudos pré-clínicos, xevinapante restaurou a sensibilidade àapoptose em células cancerosas, aumentando assim os efeitos da quimioterapia e da radioterapia. Xevinapante melhorou os resultados de eficácia em combinação com quimioradioterapia, incluindo sobrevida livre de progressão de três anos e sobrevida de cinco anos, em comparação com placebo em combinação com quimioradioterapia em um estudo de Fase II. Em março de 2021, a Merck ganhou direitos exclusivos da Debiopharm para desenvolver e comercializar xevinapante mundialmente. Xevinapante ainda não é aprovado para qualquer indicação em nenhum lugar do mundo.

Referências:

  1. Powles T, Park SH, Voog E, et al. Avelumab first-line (1L) maintenance for advanced urothelial carcinoma (UC): long-term follow up results from the JAVELIN Bladder 100 trial. Presented at ASCO GU 2022.
  2. Sung H, et al. Global cancer statistics 2020: GLOBOCAN estimates of incidence and mortality worldwide for 36 cancers in 185 countries. CA: A Cancer Journal for Clinicians. 2021;0:1–41.
  3. Instituto Nacional de Câncer (INCA), Estimativas 2020. Link.
  4. CancerNet. Bladder cancer: introduction. Link. Accessed February 2022.
  5. American Cancer Society. What is bladder cancer? Link. Accessed February 2022.
  6. Cheeseman S, et al. Current treatment and outcomes benchmark for locally advanced or metastatic urothelial cancer from a large UK-based single centre. Front Oncol. 2020;10:167.
  7. SEER. Cancer stat facts: bladder cancer. Link. Accessed February 2022.
  8. Boyerinas B, Jochems C, Fantini M, et al. Antibody-dependent cellular cytotoxicity activity of a novel anti-PD-L1 antibody avelumab (MSB0010718C) on human tumor cells. Cancer Immunol Res. 2015;3(10):1148-1157.
  9. Dolan DE, Gupta S. PD-1 pathway inhibitors: changing the landscape of cancer immunotherapy. Cancer Control. 2014;21(3):231-237.
  10. Dahan R, Sega E, Engelhardt J, et al. FcγRs modulate the anti-tumor activity of antibodies targeting the PD-1/PD-L1 axis. Cancer Cell. 2015;28(3):285-295.
Redação

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