O St. Jude Children’s Research Hospital anunciou uma colaboração de cinco anos com a Organização Mundial da Saúde (OMS) que tem como objetivo transformar o tratamento do câncer em todo o mundo para curar pelo menos 60 por cento das crianças com seis tipos de câncer mais comuns até o ano 2030.
Esta colaboração é o início de uma iniciativa global que reunirá partes interessadas no câncer infantil de todo o mundo para aumentar o acesso ao tratamento para crianças com câncer, melhorar a qualidade do tratamento através da criação de centros nacionais de excelência e centros regionais satélites, e promover a integração do câncer infantil às políticas nacionais para garantir a maior chance de sobrevivência possível para todas as crianças afetadas.
“Há crianças demais cujas vidas são encerradas muito cedo pelo câncer”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor geral da OMS. “Não podemos tolerar um mundo em que algumas crianças têm acesso a tratamento de classe mundial e outras morrem simplesmente porque são pobres. O câncer infantil é um símbolo poderoso da necessidade de cobertura universal de saúde”.
A expectativa é que cerca de 300.000 crianças e adolescentes serão diagnosticados com câncer a cada ano. Cerca de 8 entre 10 dessas crianças vivem em países com baixa ou média renda, onde os índices de cura são estimados em apenas 20 por cento. Isso contrasta fortemente com os países de renda mais alta, onde os índices de cura são superiores a 80 por cento, o que é consequência, em grande parte, dos avanços médicos e do tratamento multidisciplinar especializado para as crianças com câncer dos últimos 50 anos. Essa diferença nas taxas de sobrevivência entre os países de renda mais alta e os de baixa e média renda é uma das maiores disparidades nos resultados do setor de saúde em todo o mundo.
O acesso limitado a medicamentos de alta qualidade e a preços acessíveis e o risco de catástrofe financeira associado aos pagamentos do próprio bolso são características do desafio que muitos países enfrentam no que se refere ao câncer infantil.
“O St. Jude foi fundado tendo como base a ideia de que nenhuma criança deveria morrer no início da vida”, disse o dr. James R. Downing, presidente e CEO do St. Jude. “Temos conseguido promover essa visão para muitas crianças com câncer, mas a dura realidade é que na maioria dos lugares em todo o mundo, 4 entre 5 crianças com câncer ainda morrem como consequência de sua doença. Nós podemos mudar isso. Essa iniciativa fornecerá as ferramentas e os recursos para moldar a maneira de enfrentar o câncer infantil em âmbito mundial, encorajando sistemas nacionais de saúde a tornar o câncer infantil uma prioridade e melhorar drasticamente as taxas de cura para crianças com câncer”.
Ao combinar os pontos fortes do St. Jude e da OMS para expandir os serviços, as capacidades e parcerias para enfrentar o câncer infantil, essa colaboração fornece uma plataforma de apoio aos esforços de implementação nos países para o controle do câncer infantil. A iniciativa combina o suporte técnico especializado do St. Jude com um investimento programático designado de US$ 15 milhões com a autoridade da OMS no seu trabalho junto a governos e líderes em sistemas de saúde em âmbito regional e global. As atividades incluirão o suporte ao tratamento clínico para as crianças mais vulneráveis, garantindo que todas as crianças com câncer possam ter acesso a tecnologia e medicamentos de alta qualidade, e fortalecendo os programas de treinamento mediante a criação de centros de excelência. Para se r uma iniciativa global e sustentável, essa colaboração espera ser o catalisador de um esforço mais amplo que permita contribuições fundamentais de líderes de países e organizações dedicadas a melhorar as condições de saúde das crianças com câncer. Esses grupos incluem organizações com relacionamentos oficiais com a OMS, como a Sociedade Internacional de Oncologia Pediátrica (International Society of Paediatric Oncology – SIOP), Childhood Cancer International (CCI) e União Internacional para o Controle do Câncer (Union for International Cancer Control – UICC).
“É uma honra para nós trabalhar com a OMS para reunir os diversos provedores de tratamento de saúde, defensores dessa causa e pesquisadores que têm trabalhado para vencer o câncer infantil em todo o mundo”, disse o dr. Carlos Rodriguez-Galindo, vice-presidente executivo e presidente do Departamento de Medicina Pediátrica Global do St. Jude. “Temos excelentes oportunidades de aproveitar os esforços que estão sendo feitos em todo o mundo para melhorar com mais rapidez o acesso das crianças a tratamento de qualidade para o câncer e garantir que menos vidas jovens sejam encerradas desnecessariamente por doenças que podem ser tratadas. Articular uma resposta mundial com a participação da OMS é um grande passo e o início de uma nova era no combate para salvar a vida de crianças com câncer”.
O St. Jude investe há mais de duas décadas em líderes e programas locais nos países em que os recursos são limitados para melhorar a qualidade do tratamento e os resultados na condição de saúde de crianças e adolescentes. Em março de 2018, o hospital foi nomeado o primeiro Centro para o Câncer Infantil com Colaboração da OMS. Em maio de 2018, lançou oficialmente o St. Jude Global, que envolve um investimento inicial de cem milhões de dólares para melhorar as taxas de sobrevivência ao câncer infantil em todo o mundo através do desenvolvimento de iniciativas regionais, nacionais e em hospitais específicos nos campos de educação, formação e pesquisa.
A iniciativa combinada da OMS e do St. Jude é resultado da Resolução n.o 70.12 da Assembleia Mundial da Saúde sobre prevenção e controle do câncer. Adotada em maio de 2017, essa resolução representa o compromisso da OMS e de governos em oferecer mais e melhores serviços para o câncer infantil como parte de programas nacionais para controle do câncer. A iniciativa será discutida em Nova York na quinta-feira, dia 27 de setembro, e na sexta-feira, 28 de setembro, na Reunião de Alto Nível da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre Doenças Não Transmissíveis, e no evento inaugural paralelo sobre câncer infantil. Chefes de Estado e governos apresentarão relatórios sobre os esforços que seus países estão fazendo para vencer as doenças não transmissív eis, as quais, combinadas, são responsáveis por 7 entre 10 mortes em âmbito mundial.
“Através do comprometimento e da colaboração, o tratamento e as condições de saúde para as crianças com câncer podem ser melhorados”, disse a dra. Svetlana Akselrod, diretora adjunta para doenças não transmissíveis e doença mental na OMS. “Sendo assim, tomar medidas contra o câncer infantil é um dos passos mais eficazes e tangíveis na luta mais ampla contra as doenças não transmissíveis”.