A Fundação do Câncer divulgou os vencedores do Prêmio Marcos Moraes de Pesquisa e Inovação para o Controle do Câncer, nas categorias Promoção da Saúde e Prevenção do Câncer, Cuidados Paliativos e Iniciativas para o Controle do Câncer. O resultado foi revelado em cerimônia virtual realizada dentro do 9º Simpósio Internacional Oncoclínicas e Dana-Farber Cancer Institute. Os premiados foram definidos por uma comissão julgadora, liderada pelo médico epidemiologista e referência mundial em estudos de Oncologia, Moysés Szklo, da Universidade Johns Hopkins.
A primeira edição da premiação teve um total de 46 inscrições, de diversos estados do Brasil, e foi dividida nas três categorias. Os autores agraciados com o primeiro lugar de cada uma delas receberam, além de medalhas e certificados, o valor de 10 mil reais em premiação por projeto. “Ficamos muito felizes com a criação do prêmio, a participação dos profissionais de saúde e pesquisadores e com a qualidade dos trabalhos recebidos. Em 2021 a Fundação do Câncer completou 30 anos e o prêmio Marcos Moraes, além de uma justa homenagem, é uma ação de fomento à Ciência e à Saúde. E representou bem os ideais e o legado do Dr. Marcos”, destaca Luiz Augusto Maltoni, diretor-executivo da Fundação do Câncer.
Na abertura do evento, Carlos Gil Ferreira, presidente do Instituto Oncoclínicas, instituição apoiadora do Prêmio Marcos Moraes, lembrou a representatividade do médico. “Ele foi uma referência, um dos meus mentores de carreira. É uma honra estar com vocês aqui”, destacou. Paulo Niemeyer Filho, presidente do Conselho Curador da Fundação do Câncer, falou sobre as três décadas da Fundação. “Estamos aqui hoje comemorando os 30 anos da Fundação do Câncer com esta primeira edição do prêmio. Ficamos felizes em dar seguimento ao trabalho do Dr. Marcos Moraes”, celebrou.
Vencedor do primeiro lugar na categoria Iniciativas para o Controle do Câncer, o médico Jessé Gomes da Silva, oncologista do Instituto Nacional do Câncer (INCA), falou sobre a importância da conquista. “É um prêmio de grande prestígio científico nacional”. O trabalho premiado é fruto da pesquisa de doutorado ‘Câncer de Mama Triplo Negativo: Avaliação dos Fatores Clínicos e Biomarcadores Tumorais’. Ele foi desenvolvido em uma unidade onde são tratadas mulheres com câncer de mama. Queríamos entender o que estava interferindo na sobrevida e na resposta ao tratamento”, explicou o vencedor. O médico estava entusiasmado com a vitória. Segundo ele, foram quatro anos de projeto e uma das observações foi a interferência do consumo de álcool pela paciente na resposta ao tratamento.
Renata Freitas, diretora da Unidade IV do INCA, responsável pelo projeto vencedor da categoria Cuidados Paliativos, lembrou a importância de Marcos Moraes, que trabalhou pela criação da unidade. Ela disse estar feliz com a premiação e explicou do que trata o projeto de visitas virtuais implementado após a emergência sanitária, intitulado Pioneirismo na assistência e pesquisa científica no contexto da pandemia’: “Percebemos em março de 2020, por conta da Covid-19, que as visitas virtuais eram fundamentais para manter um vínculo familiar. Paciente, profissionais da assistência e familiares sofriam muito com o isolamento. E eram pacientes em situação de cuidados paliativos, logo, o afastamento da família era muito marcante. Propusemos visitas virtuais, mediadas por psicólogos. A iniciativa diminuiu angústias, estimulou a equipe, que oferto u um cuidado mais humanizado e ficou realizada com isso, além de tudo, permitiu o contato com pessoas queridas pelos pacientes, auxiliou que eles passassem pela internação e enfrentassem a Covid-19”, destacou.
Clarisse Teodósio, vitoriosa na categoria Promoção da saúde e prevenção do Câncer, é fisioterapeuta e observou durante sua pesquisa de mestrado o surgimento da disfunção de ombro em pacientes que passaram por cirurgia de câncer de mama. Ela decidiu pelo estudo de algo que promovesse melhora da situação das pacientes no que diz respeito à mobilidade e conforto pós-cirurgia. Venceu com a pesquisa ‘A movimentação completa dos membros após cirurgia do câncer de mama’. “Nós incluímos mais de 400 pacientes neste projeto e estudamos as diferenças entre as que realizavam exercícios logo no começo do pós-operatório e descobrimos que o processo de cicatrização não é prejudicado sem a ampla restrição dos movimentos”, destacou. Segundo Clarice, a pesquisa objetivou a melhora da qualidade de vida e os resultados foram satisfatórios. Ela agradeceu a organização do prêmio.
O neto do médico Marcos Moraes, José Fernando Nascimento Moraes, agradeceu a homenagem à memória do avô durante a cerimônia. “Meu avô dedicou sua vida pelo combate ao câncer e fico honrado com a homenagem. Além de um ótimo oncologista, ele ia além para ajudar as pessoas, sempre”, lembrou.
Premiação em 2022
Para 2022, o Prêmio Marcos Moraes já está confirmado. “Esperamos em breve divulgar as inscrições para a próxima edição do prêmio, que se consolida como uma referência nacional para as ações de controle do câncer. Pesquisas, ações governamentais e não governamentais que interferem na melhoria de qualidade e aumento de sobrevida são as categorias que esperamos reconhecer na edição do ano que vem”, destacou Alfredo Scaff, médico epidemiologista da Fundação do Câncer. O Prêmio Marcos Moraes de Pesquisa e Inovação para o Controle do Câncer recebeu o apoio do Instituto Oncoclínicas. “Foi um passo importante e pretendemos receber cada vez mais inscritos”, completou Scaff.
Conheça os primeiros lugares de cada categoria:
Promoção da Saúde e Prevenção do Câncer
1º lugar: A movimentação completa dos braços após cirurgia de câncer de mama é segura: resultados de um ensaio clínico randomizado. Iniciativa individual – autora: Clarice Gomes Chagas Teodozio.
2º lugar: Prevalência das mutações em genes de predisposição ao melanoma familial nos pacientes do INCA. Iniciativa individual – autora: Joyce Ribeiro Moura Brasil Arnaut.
3º lugar: Navegação de pacientes para melhorar a cobertura mamográfica e o acesso aos cuidados de câncer de mama no Rio de Iniciativa individual – autora: Sandra Marques Silva Gioia.
Iniciativas para o controle do câncer
1º lugar: Câncer de mama triplo-negativo: avaliação de fatores clínicos e biomarcadores tumorais. Iniciativa Individual. Autores: Jessé Lopes da Silva e Andréia Cristina de Melo.
2º lugar: Rastreamento de alterações moleculares em pacientes com retinoblastoma como complemento do aconselhamento genético. Iniciativa Individual – autora: Vanessa dos Santos Mendonça Silva.
3º lugar: Navegação de Pacientes: lutando pelos direitos das pacientes com câncer de mama no Brasil. Iniciativa individual – autora: Sandra Marques Silva Gioia.
Cuidados Paliativos
1º lugar: Pioneirismo na assistência e pesquisa científica no contexto da pandemia. Iniciativa Institucional – Hospital do Câncer IV.
2º lugar: Incorporação do teleatendimento para pacientes com câncer avançado em tempos de pandemia. Iniciativa Institucional – Hospital do Câncer IV.
3º lugar: Cuidados Paliativos versus Cuidados de Saúde Usuais nos últimos 30 dias de vida de pacientes com câncer. Iniciativa individual – autora: Renata de Freitas.