Orientações para retomada dos procedimentos eletivos em Cirurgia Plástica

Artigo publicado no British Journal of Surgery  estima que, ao interromper os serviços hospitalares de rotina, a pandemia de Covid-19 fez com que 28,4 milhões de operações fossem adiadas ao longo das 12 semanas mais incisivas da pandemia no globo.

A Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS) –  maior entidade representativa de cirurgia plástica do mundo – elaborou um manual abrangente com protocolos de segurança aprimorados para pacientes e funcionários das clínicas de cirurgia plástica americana, que estão retomando suas atividades em meio ao Covid-19.

A associação também mediu a percepção dos americanos em relação à cirurgia plástica, após a pandemia do Covid-19. As respostas de mais de 1.000 pacientes, colhidas em uma pesquisa nacional, forneceram  informações sobre como o paciente se sente hoje em relação à especialidade e  quais são os principais tratamentos que serão buscados neste momento.

Os resultados demonstram que, durante a pandemia, 49% dos que não realizaram uma cirurgia plástica indicaram estar abertos a tratamentos cosméticos ou reconstrutivos. Desses, 28% considerariam um procedimento cosmético, pela primeira vez. Aqueles que já fizeram um procedimento anterior relataram melhora na confiança geral, enquanto 29% de todos os entrevistados indicaram o desejo de realizar tratamentos específicos, tais como rinoplastia, lifting facial e aumento de mama.

Orientação para cirurgiões plásticos e pacientes

Segundo a pesquisa realizada pela ASPS, tantos pacientes novos, quanto os já antigos, continuam interessados ​​em voltar às clínicas de cirurgia plástica. A entidade  formou um grupo de trabalho para elaborar recomendações para os membros à medida em que a reabertura está acontecendo. Em consulta às autoridades locais, regionais e nacionais de saúde pública, as recomendações incluem:

  1. Conhecer as estatísticas atualizadas da pandemia na sua comunidade;
  2. Rever planos de fluxo de pacientes que permitam o distanciamento social;
  3. Verificar a disponibilidade do teste de Covid-19 em sua área;
  4. Reavaliar protocolos de limpeza e esterilização diária das clínicas;
  5. Avaliar o acesso a suprimentos de anestesia e equipamentos de proteção individual;
  6. Investir tempo adequado no treinamento da sua equipe.

Os pacientes também podem esperar protocolos de segurança aprimorados na sua próxima consulta presencial,  incluindo uma combinação das medidas para reduzir o risco de transmissão do vírus, recomendadas pela ASPS e listadas a seguir:

  1. Realização de teleconsulta de  preparação para a consulta presencial;
  2. Uso de portais on-line, comunicação eletrônica, correio ou fax para concluir o registro do paciente, antes da chegada à clínica;
  3. Avaliação de quais procedimentos estarão disponíveis na abertura e quais serão adiados para uma data posterior;
  4. Exames, incluindo verificações de temperatura e questionários de sintomas no local da consulta;
  5. Pacientes usando máscaras;
  6. Agendamento escalonado para acomodar uma tendência crescente de eliminação de salas de espera;
  7. Médicos usando N95 ou outras máscaras e face shield;
  8. Identificação de todas as áreas de alto contato dentro da clínica e agendamento de limpezas frequentes ao longo do dia.

A retomada no Brasil

“Tanto nos EUA, quanto no Brasil, a volta às práticas de atendimento presencial priorizam a segurança de pacientes, cirurgiões plásticos e sua equipe. Incentivamos os pacientes a discutir estas questões com seus médicos, antes da realização da consulta presencial, visando manter  o padrão de excelência e de segurança à medida que aumentam as consultas e cirurgias”, afirma o cirurgião plástico Ruben Penteado, diretor do Centro de Medicina Integrada.

O uso de máscaras, distribuição de álcool em gel, higienização frequente de áreas comuns e fácil acesso a água, sabão e papel-toalha são as recomendações já conhecidas.

“As atividades que voltarem a funcionar, apesar da ainda vigente pandemia de coronavírus, devem se atentar também à organização do fluxo de entrada, saída e intervalo de pessoas; adotar medidas de distanciamento social, de pelo menos um metro e meio de distância entre as pessoas; e aferição de temperatura. Aglomerações e compartilhamento de objetos pessoais devem ser evitados”, destaca Ruben Penteado.

O Colégio Brasileiro de Cirurgiões, CBC, também listou orientações importantes para o retorno das cirurgias eletivas, destacando-se a necessidade da realização do teste da Covid-19 (exame de RT-PCR) antes da cirurgia. Há também a recomendação que após a realização do teste, os pacientes se comprometam a permanecer por pelo menos 7 (sete dias), antes da data agendada para realização da cirurgia, em isolamento domiciliar. Essa medida é fundamental para sua proteção e de toda equipe que o atenderá.

“Se o paciente tiver contato com alguma pessoa com diagnóstico suspeito ou confirmado de Covid-19 nos 14 dias que antecedem a cirurgia, a sua equipe médica deverá ser informada. Configura contato de risco ainda maior o contato com pessoas que residem no mesmo domicílio”, explica Ruben Penteado, que é membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

No dia 9 de junho, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) restabeleceu os prazos máximos de atendimento estipulados pela Resolução Normativa nº 259  que tinham sido flexibilizados em março, a fim de priorizar os atendimentos relacionados à pandemia.

A publicação da ANS é embasada na Nota Técnica nº 6 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que, publicada em 29 de maio, apresenta as principais orientações para que os serviços de saúde possam retornar as cirurgias eletivas garantindo a segurança do paciente e, também, das equipes clínicas envolvidas nos procedimentos.

A nota aborda a organização pré-cirúrgica, a capacitação das equipes, a importância dos equipamentos de proteção individual (EPIs) além de trazer mais detalhes sobre o ambiente cirúrgico, procedimentos laparoscópicos e a retomada, em si, das cirurgias eletivas.

Redação

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