“Notei um caroço na mama esquerda antes de engravidar. Fiz um ultrassom, e o médico avaliou que a anomalia era na prótese de silicone. Durante a amamentação, porém, notei que a bolinha aumentou e, despretensiosamente, procurei por outro médico. Realizei uma mamografia e o diagnóstico foi devastador: câncer de mama”, relata a analista de suprimentos Talissa Gurita, 40 anos.
Já a auxiliar administrativa Margarida Lourenço Calixto Gasques, de 42, descobriu a doença em uma mamografia de rotina. “Sempre trabalhei na área da saúde, atuei no setor oncológico por alguns anos e já conhecia a luta de muitas mulheres contra a doença. Mas quando fui diagnosticada, o chão se abriu. Quando acontece com a gente é diferente, não estamos preparados para lidar com a situação”, conta.
O câncer de mama ocorre por alterações na estrutura do DNA de células locais, que levam a um crescimento desorganizado. Conforme explica Andréa Laureano, mastologista do Vera Cruz Hospital, de Campinas (SP), “há, no nosso corpo, oncogenes, que estimulam o crescimento e a divisão celular, e outros genes supressores de tumor, que retardam a divisão e até mesmo destroem células. É dessa forma que um câncer ocorre, quando há alterações no DNA que ativam oncogenes e inibem os genes supressores de tumor”.
Porém, uma aliada no momento do diagnóstico pode ajudar a tranquilizar pacientes, além de combater e, em alguns casos, prevenir a doença: a avaliação oncogenética. Ela auxilia tanto os possíveis acometidos pela doença, quanto os familiares, a identificar casos e aumento de risco para diferentes tipos de câncer devido a alterações no DNA, bem como possibilita aos médicos atuar de forma mais personalizada e direcionada no tratamento e na medicina preventiva, como o caso da atriz Angelina Jolie, que retirou as duas mamas após o exame apresentar predisposição hereditária para o desenvolvimento do câncer.
Médica geneticista do Vera Cruz Oncologia, Vanessa Figueiredo Monteleone explica que aproximadamente 10% dos casos são hereditários e podem ser detectados nesta análise, oferecida pela unidade. “Muitas pessoas chegam questionando a causa, se outros entes queridos têm risco maior de desenvolver a doença e se há formas de se proteger e prevenir de intercorrências similares. Mulheres com casos de câncer de mama na família (principalmente antes dos 50 anos), histórico familiar de câncer de ovário, no pâncreas e/ou câncer de mama masculino, independentemente do seu histórico pessoal, são aconselhadas a realizar uma avaliação oncogenética para determinação de risco”, explica.
“A avaliação consiste no levantamento do histórico familiar e pessoal de câncer, exames clínicos e, se indicado, testes genéticos. Como um dos principais objetivos é o manejo adequado de pessoas em risco, a verificação poderá ser realizada em pacientes já portadores da doença. No entanto, não é exclusiva e também é indicada a indivíduos saudáveis com histórico familiar significativo. Aos pacientes identificados com uma síndrome hereditária de predisposição ao câncer, realiza-se o aconselhamento genético, o manejo clínico e o rastreamento específico para cada síndrome. Também indicamos aconselhamento genético e estudo dos familiares, com o intuito de identificar quem mais na família tem um risco aumentado para desenvolver o câncer e, assim, iniciar o seguimento adequado”, adiciona a geneticista.
Tanto Talissa quanto Margarida realizaram a análise. “Queria identificar se o meu caso era hereditário e se haveria a necessidade de fazer um tratamento complementar, evitando o desenvolvimento desses genes. Felizmente, o resultado foi negativo”, conta a primeira. A segunda ainda aguarda o resultado.
Números e fatos
O câncer de mama é o que mais atinge as mulheres em todo o mundo. No Brasil, é o segundo que mais acomete a população feminina em todas as regiões do país. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), entre 2020 e 2022, devem ser diagnosticados mais de 198,8 mil novos casos em mulheres no Brasil, uma média de quase 66,3 mil por ano (61 diagnósticos a cada 100 mil mulheres).
Andréa Laureano explica que a doença, habitualmente, é mais prevalente em mulheres na pós-menopausa, acima dos 50 anos de idade. Porém, também pode ocorrer naquelas abaixo dos 40 anos (cerca de 10% dos casos). “Entre os fatores de risco para a doença estão a idade de menarca (primeira menstruação) precoce, menopausa tardia, primeira gestação acima dos 35 anos de idade, sedentarismo, obesidade, uso abusivo de álcool e o uso prolongado de terapia hormonal na pós menopausa”, elenca a mastologista do VCH.
O autocuidado favorece o conhecimento do próprio corpo e possibilita ter atenção quanto a modificações que possam ocorrer ao longo do tempo. “Nódulo na mama, secreção pelo mamilo e mudanças na forma ou textura do mamilo ou da mama são sinais que devem ser avaliados por um especialista. O autoexame não pode ser entendido como estratégia de rastreamento, pois a identificação do nódulo acaba sendo em estágios mais avançados, com maior tamanho do tumor”, alerta.
“A realização de mamografia periódica possibilita o diagnóstico de lesões em estágios iniciais, o que tem grande impacto em melhora do prognóstico, pois quanto mais cedo o câncer de mama for diagnosticado, maior será a chance de cura. Os cânceres diagnosticados em estágios iniciais têm em torno de 95% de chances de cura”, destaca.
Para auxiliar no diagnóstico, o Vera Cruz Medicina Diagnóstica, clínica especializada em exames de imagem, conta com um leque de outros testes para o diagnóstico mais preciso. Além da mamografia digital, conta com tomossíntese com mamografia sintetizada, mesa para biópsia estereotáxica, ultrassonografia com aparelhos de última geração, ressonância magnética 3T com bobina para biópsias, biópsias assistidas a vácuo e uma equipe médica altamente capacitada para proporcionar resultados de forma mais ágil e completa.
O câncer de mama é um dos cânceres mais estudados no mundo e já conta com vários tipos de tratamento, alguns descobertos recentemente. “O tratamento é feito de forma individual. Com uma oncologia de precisão, escolhemos a estratégia mais apropriada para cada tipo de tumor. Os tratamentos podem ser: cirúrgicos, contemplando tanto a mama quanto a axila; quimioterápicos; radioterápicos, com um equipamento mais preciso (que reduz o tempo, o número de doses e efeitos colaterais); e por hormonioterapia (um bloqueador hormonal dos hormônios femininos: estrógeno e progesterona)”, esclarece Paulo Eduardo Pizão, coordenador do Vera Cruz Oncologia.
Câncer de mama em homens
O câncer de mama não está restrito às mulheres: homens também possuem tecido mamário e podem desenvolvê-lo. “Esses casos, normalmente, estão ligados a alguma anomalia genética, mas a incidência vem aumentando: a cada 100 mulheres, um homem tem a doença”, adverte Fernanda Proa, oncologista do Vera Cruz Hospital. A melhor forma de prevenir é adotar um estilo de vida saudável, com práticas de exercícios físicos e alimentação variada e equilibrada.
Acolhimento completo
Poder contar com um familiar ao lado durante a terapia e ter o apoio de uma equipe multidisciplinar foram fundamentais para que a auxiliar administrativa conseguisse dar sequência no tratamento, enfrentando os efeitos colaterais. “Fiz meu tratamento no centro oncológico do Vera Cruz Hospital. Todos os profissionais me acolheram da melhor forma e me deram força para enfrentar as dificuldades. Agora faço o controle e estou bem”, pontua Margarida.
O Vera Cruz Oncologia foi planejado justamente com este intuito: proporcionar o tratamento com conforto e comodidade. “Os consultórios foram pensados para facilitar a conversa entre médico, pacientes e familiares. No espaço, aqueles que passam pela quimioterapia podem fazê-lo acompanhados, o que humaniza a terapia e promove mais segurança”, conclui Pizão.