Pacientes que tiveram AVC têm resultados diferentes quando atendidos em hospitais privados e públicos

Um estudo do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS), buscou comparar as medidas de resultados relatados por pacientes de dois centros de acidente vascular cerebral (AVC): o da instituição e do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, que usam os mesmos protocolos de atendimento ao AVC, mas que representam cenários de saúde distintos: privado e público. Resultados apontaram que apesar dos pacientes do hospital público serem mais jovens, tinham mais fatores de risco, com quase 27% tendo um AVC prévio em comparação com 16% no hospital privado, além de apresentarem AVCs mais graves.

O AVC é considerado um problema de saúde global, atingindo aproximadamente 12 milhões de pessoas a cada ano, sendo que cerca de 6,5 milhões vêm a óbito. Na América Latina, é a segunda causa de morte, correspondendo a 6,7% do total de falecimentos. No Brasil, por 30 anos, o AVC foi a principal causa de óbitos, mas a mortalidade vem diminuindo na última década no país.

Entre 2014 e 2015, 340 pacientes foram avaliados por 90 dias após o AVC, por meio do método PROMs, do International Consortium for Health Outcomes Measures (ICHOM), que elaborou medidas globais padrão para mensurar os desfechos que importam ao paciente. O resultado foi que pacientes atendidos em um centro público de AVC de boa qualidade, com o mesmo protocolo usado no hospital privado, eram mais jovens e apresentavam maior incapacidade de se comunicar, vestir-se, ir ao banheiro, alimentar-se e andar. Ambos os hospitais tiveram uma porcentagem semelhante de pacientes com AVCs isquêmicos tratados com trombólise intravenosa, que aumentam as chances de bons desfechos funcionais.

“Esses resultados podem estar associados, provavelmente, à menor prevenção nos pacientes do sistema público de saúde, o que faz com que os pacientes tenham AVC mais precocemente e mais graves, além de se apresentarem com fatores de risco descontrolados. Além disso, apesar de mais pacientes já terem tido um AVC prévio, eles não usam medidas preventivas para um novo AVC. A trombólise também mostrou que faz uma enorme diferença no desfecho, mas as diferenças basais de gravidade do paciente no SUS provavelmente são os fatores determinantes para uma pior evolução. Um sinal de alerta sobre a importância de estruturar os hospitais, mas também atuar fortemente na prevenção”, afirmou a chefe do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento, Dra. Sheila Martins.

Ela também ressalta que, apesar das equipes dos dois hospitais serem muito parecidas, o Hospital Moinhos de Vento acaba tendo resultados melhores com seus pacientes. “Eles conseguem caminhar sozinhos mais frequentemente, comunicar-se melhor e ter mais qualidade de vida”, destacou.

A médica coordenou o estudo e a produção do artigo que foi publicado recentemente no periódico Frontiers in Neurology, intitulado “Disparidade na medição de desfechos relatados por pacientes com AVC entre sistemas de saúde no Brasil”. O CEO do Hospital Moinhos de Vento, Mohamed Parrini, e o superintendente médico, Dr. Luiz Antônio Nasi, também assinam a publicação.

Realidade brasileira

No Brasil, apenas 25% da população possui plano de saúde privado. Além disso, as diferentes regiões do país apresentam disparidades no acesso à saúde entre os sistemas público e privado.

A gerente-médica do Hospital Moinhos de Vento e responsável pelo Escritório de Gestão da Prática Clínica na instituição, Dra. Juçara Gasparetto Maccari, destacou que o acompanhamento pós-alta dá a oportunidade de monitorar o desfecho clínico a longo prazo, especialmente em relação à qualidade de vida dos pacientes.

“O uso de uma ferramenta padronizada de avaliação após a alta nos permite ter melhores medidas de desfechos clínicos, avaliar processos e adequar condutas médicas. Assim, agregamos valor, conhecendo o que realmente importa para o paciente e trabalhando para diminuir a morbimortalidade causada pelo AVC”, afirmou.

Confira o artigo completo neste link.

Instituto de Pesquisa Moinhos

Inaugurada em  dia 7 de janeiro de 2021, a nova unidade teve um investimento de R$ 1 milhão e abriga o Centro de Pesquisa Clínica (com consultórios, sala de infusão e farmácia, áreas de apoio e um amplo espaço para os profissionais conduzirem seus estudos) e os Grupos de Pesquisa (os quais hoje envolvem Cardiologia, Neurologia, Oncologia, Terapia Intensiva e Desfechos Clínicos). Os espaços seguem padrões internacionais de qualidade para pesquisa científica, com uma estrutura completa e profissionais capacitados, o Instituto de Pesquisa Moinhos registrou crescimento além do projetado em 2021. Sobretudo devido às demandas da pandemia de Covid-19, que reforçou a importância dos estudos clínicos, o hospital aumentou em mais de 400% a receita bruta na área.

Cuidar de pessoas, integrando saúde, pesquisa e educação, é o propósito do Hospital Moinhos de Vento e poder contribuir nesta construção é muito importante, conforme o oncologista e pesquisador Dr. Pedro Henrique Isaacsson Velho, Chefe do Instituto de Pesquisa Moinhos. “Em dois anos, quase 140 projetos de pesquisa foram desenvolvidos em nossa instituição, o que gerou um benefício direto a praticamente seis mil pessoas. Sabemos da importância de nosso trabalho em prol de nossa sociedade, uma vez que conseguimos oferecer tratamentos promissores para os nossos pacientes simultaneamente aos pacientes que estão nas melhores instituições hospitalares fora do Brasil”,  afirma.

Redação

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