Pesquisa revela que 90% dos médicos acreditam na tecnologia como recurso para reduzir filas do SUS

A Associação Paulista de Medicina (APM) realizou, em fevereiro, uma pesquisa com 2.258 médicos brasileiros com o objetivo de avaliar a receptividade desses profissionais com relação às tecnologias digitais na área da Saúde

Desde o ano passado, quando ocorreu a revogação da nova regulamentação da Telemedicina pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), o tema em torno da utilização de ferramentas digitais que aproximam médico e paciente ganhou destaque e movimentações entre diversos grupos e entidades.

Com esse desafio, o Global Summit Telemedicine & Digital Health 2020 trará experiências internacionais do uso da Telemedicina e da Saúde Digital, práticas exitosas no Brasil e o uso humanizado das tecnologias. “Queremos, também, desmistificar o receio de que as transformações digitais sejam prejudiciais ao relacionamento médico-paciente. Pelo contrário, elas aproximam mais os médicos dos pacientes”, ressalta o presidente do Conselho Curador do Global Summit Telemedicine & Digital Health, Jefferson Gomes Fernandes.

No esforço de elevar a discussão e ajudar na construção de uma Saúde Digital e Telemedicina baseadas nos mais elevados padrões éticos e legais, a Associação Paulista de Medicina, idealizadora do Global Summit, realizou uma pesquisa com o propósito de entender a percepção da classe médica com relação às questões em torno da temática, medindo o nível de receptividade sobre as novas tecnologias e a expectativa sobre a normatização do CFM.

Pesquisa

Intitulada “Conectividade e Saúde Digital na vida do médico brasileiro”, a pesquisa contou com a participação de 2.258 médicos brasileiros, dos quais 60,54% do sexo masculino e 39,46% do sexo feminino. As perguntas foram realizadas de forma on-line e restritas aos médicos com CRM ativo das 55 especialidades médicas.

Para 89,81% dos pesquisados, o sistema público de saúde brasileiro pode ser beneficiado com novas ferramentas tecnológicas digitais capazes de diminuir as filas de espera por um atendimento especializado.

Confira a pesquisa na íntegra: associacaopaulistamedicina.org.br/assets/uploads/textos/Pesquisa-APM-2020.pdf

Ferramentas de Comunicação

Em 2018, uma pesquisa similar, também realizada pela APM com o mesmo objetivo, revelou que 85% dos médicos aprovavam o uso de ferramentas de mensagens instantâneas e outros 57,90% eram favoráveis à realização de consultas a distância.

Este ano, os dados mostraram uma evolução no cenário, endossando muito mais do que uma aprovação na comunicação em tempo real, e sim uma interação com os pacientes. Sessenta e cinco porcento dos médicos já utilizam o WhatsApp ou outros aplicativos de mensagens por celular para falar com pacientes e familiares, fora do atendimento na clínica ou hospital. Apenas 11,51% dos especialistas ainda não interagem de nenhuma forma por meio dessas tecnologias com seus pacientes após a consulta.

Quando somados todos os percentuais relativos às formas de diálogo entre médico e paciente via aplicativos de mensagem, e-mail ou chamadas de voz por telefone fixo ou celular, 88,49% dos médicos acompanham seus pacientes além do atendimento presencial.

Para 58,50% dos pesquisados, o uso de ferramentas de comunicação com pacientes é diário, enquanto 24,84% utilizam algumas vezes na semana.

Por outro lado, as horas dispensadas pelos médicos no contato extra consulta (independente da forma de contato) ainda deixam 99% dos profissionais sem saber como cobrar essas horas ou com o entendimento de que o custo já está embutido na consulta presencial.

Telemedicina

A Telerradiologia, com 76,75%, é a forma de Telemedicina mais conhecida entre a classe médica, seguida pela Telecardiologia (45,53%), segunda mais lembrada. Além dessas duas, os médicos citaram outras 20 áreas de atuação conhecidas da Telemedicina.

Entre todos os tipos citados pela classe médica, 30,69% afirmaram que já utilizam alguma forma de Telemedicina no seu cotidiano, contra 68,33% que afirmam não praticarem nenhum formato.

Questionados sobre a utilização das tecnologias da Telemedicina, que permitam a segurança dos dados e a privacidade entre médico e paciente, 70% dizem acreditar que é possível ampliar o atendimento médico além do consultório. Outros 21% afirmaram que talvez seja possível, e apenas 9% não acreditam na Telemedicina.

O medo de a Medicina ser banalizada por meio da Telemedicina aparece em 31,31% dos respondentes e outros 20,42% acreditam que o atendimento médico deva ser exclusivamente de forma presencial.

44,15% dos médicos entendem que a tecnologia digital faz parte de várias áreas da nossa vida e que a tendência é estarmos cada vez mais conectados, enxergando a Telemedicina como uma oportunidade às suas carreiras.

24,71% concordam que, a longo prazo, a Telemedicina pode ser uma oportunidade na carreira médica e 15,99% não têm opinião formada sobre o assunto. 8,28% dos entrevistados acreditam que a Telemedicina é uma ameaça para a profissão de forma imediata ou que, em um curto prazo de tempo, ela se transformará em ameaça (6,86%).

90,21% dos médicos acreditam que as novas tecnologias digitais, que possuam alto padrão de segurança e ética, podem ajudar a melhorar a saúde da população.

“Fazer Telemedicina não é uma obrigação, é um desejo, seja do médico que queira usar essa tecnologia ou do paciente, que gostaria de ser atendido dessa forma, então, não é uma obrigatoriedade”, lembra Fernandes.

Regulamentação CFM

A falta de regulamentação é, para 43,76% dos entrevistados, a grande barreira na utilização de ferramentas de comunicação on-line para assistir ao paciente. Outros 32,11% entendem que não existem barreiras e dizem que utilizariam as ferramentas.

28,81% dos médicos não estão acompanhando a discussão com relação à revogação da resolução CFM nº 2.227/2018; 22,5% não têm opinião formada sobre a questão; 15,7% não conhecem o teor da resolução; e 10,27% não concordam com a decisão da revogação. Apenas 10,45% dos entrevistados acompanham o tema e outros 18,64% concordam com a decisão do órgão regulador.

64,39% dos médicos querem uma regulamentação que permita a ampliação de serviços e atendimentos à população brasileira, incluindo a teleconsulta (médico direto com o paciente).

63,06% utilizariam a Telemedicina como uma ferramenta complementar ao atendimento da clínica/hospital, a partir do momento em que houver uma regulamentação oficial do CFM e com os recursos tecnológicos necessários para segurança e ética da Medicina. 25,16% talvez utilizariam, sem se opor, e apenas 11,78% não utilizariam.

“Entendemos que uma Medicina on-line, ética e de ponta só pode ser realizada se tivermos tecnologia e regras capazes de garantir a segurança entre médico e paciente”, ressalta o diretor de Tecnologia da Informação da APM e presidente da Comissão Organizadora do Global Summit Telemedicine & Digital Health, Antonio Carlos Endrigo.

Armazenamento de dados

60,98% dos médicos utilizam tecnologia em seus consultórios e/ou hospitais para o armazenamento de informações do paciente e 39,02% afirmam não usar nenhum tipo de tecnologia.

A ferramenta tecnológica mais utilizada no cotidiano das clínicas e hospitais ainda é o prontuário eletrônico, com 48,10%; softwares de gestão de consultórios para agendamento de consultas vêm em seguida, com 18,4%; e armazenamento de dados em HD ou nuvem soma 17,5%.

Global Summit Telemedicine & Digital Health 2020

O Global Summit busca congregar todo o ecossistema da Saúde Digital e da Telemedicina, reunindo todos os atores e os melhores especialistas destas áreas. “Os palestrantes dividem seu conhecimento e experiências de ações e iniciativas que estão sendo realizadas aqui e em outros países. Isso é muito importante para continuarmos seguindo a alavanca do conhecimento”, complementa Endrigo.

O evento de 2020 conta com o apoio de uma das mais atuantes associações de Telemedicina do mundo, a American Telemedicine Association (ATA), do Ministério da Saúde de Portugal e de seu Centro Nacional de TeleSaúde (CNTS). Presente em mais de 100 países, a International Society for Telemedicine and e-Health (ISfTeH) também apoia formalmente o Global Summit. Seu papel é o de promover a disseminação internacional do conhecimento e experiências em Telemedicina e e-Health, fornecendo acesso para reconhecer especialistas na área em todo o mundo.

“Para a edição de 2020, além das instituições internacionais que endossam o Global Summit, contaremos com palestrantes de diversos países e o apoio de cerca de 15 associações setoriais, médicas e de tecnologia”, acrescenta Jefferson Fernandes.

O evento conta ainda com o patrocínio de grandes empresas brasileiras dos setores da Saúde e Tecnologia, como Albert Einstein Telemedicina, SulAmérica, Doc24 e BR HomMed.

Palestrantes internacionais

Entre os destaques internacionais confirmados para o Global Summit 2020estão Bernardo Mariano Junior – Diretor do Departamento de Saúde Digital e Inovação e de Informações da Organização Mundial da Saúde (OMS); Andreas Keck da Alemanha – fundador do Strategy Institute for eHealth; Dirk Peek – consultor médico holandês; Frank Lievens – secretário executivo da International Society for Telemedicine & eHealth; Guilherme Safioti – da Associação de Medicina Respiratória da Suécia; Micaela S. Monteiro – Chief Medical Officer para a transformação digital na José de Mello Saúde, maior grupo privado de Saúde em Portugal; Steve Ommen – Professor de Medicina da Faculdade de Medicina da Mayo Clinic; Henrique Martins – Presidente do Conselho de Administração dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde de Portugal; e Emanuel O. Abara – Diretor do Richmond Hill Urology Practice and Prostate Institute.

O evento

O Global Summit Telemedicine & Digital Health é o maior e mais importante evento da América Latina sobre Telemedicina e tecnologias em Saúde, idealizado pela Associação Paulista de Medicina, que também é a responsável pela curadoria científica. A organização e promoção do evento estão sob a chancela do Transamerica Expo Center. A proposta é congregar todo o ecossistema da Saúde Digital e da Telemedicina, reunindo os atores e os melhores especialistas destas áreas, para compartilharem conhecimento e experiências de ações e iniciativas nacionais e internacionais.

Será realizado entre os dias 2 e 5 de junho, no Transamerica Expo Center, em São Paulo, das 8h às 18h. As Inscrições podem ser realizadas pelo site telemedicinesummit.com.br/inscreva-se e os associados de entidades apoiadoras (ABCIS, ABIMED, ABIMO, ABRAMED, ABTMS, ANAHP, ASAP, COALIZÃO SAÚDE, FENASAÚDE, INTERFARMA, RNP RUTE ou SBIS) têm 15% de desconto, enquanto os médicos associados da APM contam com 50% de abatimento.

Redação

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