Plasma convalescente trata Coronavírus com sangue de pacientes curados

Em março de 2020, após 4 meses dos primeiros casos que apresentaram uma pneumonia de causa desconhecida em Wuhan, na China, o mundo está enfrentando o novo Coronavírus, recentemente identificado e denominado SARS-CoV-2 (Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2).

Neste momento, não há tratamento específico, especialistas indicam que a droga mais promissora no momento é o remdesivir e o corticoide para controlar o avanço da destruição pulmonar. No entanto, em meio a tantas incertezas, pesquisadores tem indicado o tratamento com o plasma convalescente, método usado durante a epidemia por Coronavírus em 2002. Na ocasião, vários grupos utilizaram o plasma convalescente de pacientes recuperados da infecção pelo SARS-CoV-1. Soo e colaboradores analisaram retrospectivamente 40 pacientes com doença progressiva de SARS-CoV-1 após o uso de ribavirina e corticoide, que receberam posteriormente plasma convalescente (n=19) ou complementação da corticoterapia (n=21). Pacientes que receberam o plasma convalescente apresentaram alta hospitalar mais precoce (p=0,001) e menor mortalidade (p= 0,049).

De acordo com Nelson Tatsui, Diretor-Técnico do Grupo Criogênesis e Hematologista do HC-FMUSP, o plasma convalescente é uma terapia alternativa que deve ser considerada neste momento de possível pandemia, com 2-3% de letalidade, e sem tratamento específico. “Pacientes que se recuperaram de uma doença têm anticorpos permanentes gerados pelo sistema imunológico que ficam no plasma sanguíneo, o componente líquido do sangue. Para transformar isso em medicamento, o plasma é coletado e devidamente testado para assegurar que tenha um bom nível de anti-SARS-CoV-2. Quando injetado em um novo paciente, o plasma convalescente – fornece “imunidade passiva” até que o sistema imunológico do paciente possa gerar seus próprios anticorpos”, explica.

O especialista ainda ressalta que um dos melhores métodos de coleta de plasma destes indivíduos convalescentes é a tecnologia de aférese. “A aférese é um procedimento no qual um componente sanguíneo é separado e removido do organismo através da utilização de um equipamento automatizado. Essa tecnologia está presente nos melhores bancos de sangue do mundo, inclusive na Criogênesis”, comenta.

No caso do novo Coronavírus, Nelson acredita que é possível atender até 3 pacientes com apenas uma coleta: “A maior vantagem da Aférese é a possibilidade de retirar de um único doador uma quantidade suficiente para atender 2 a 3 pacientes graves de Covid-19. Portanto, considerando a gravidade da situação e ausência de um tratamento específico, estes dados preliminares demonstram um grau aceitável de racionalidade para o uso de plasma convalescente”, finaliza.

Redação

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