Por que é importante medir a Cultura de Segurança do Paciente nas cooperativas médicas?

Dados sobre a segurança dos pacientes em serviços de saúde no país continuam sendo preocupantes, e é necessário avançar neste tema, o que depende de investimentos na Cultura de Segurança do Paciente (CSP) no meio da saúde. O pleno desenvolvimento desta cultura é uma demanda antiga e que ainda precisa ser implementada em larga escala. O diretor-científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP), Dr. Lucas Zambon, ressaltou a importância de as cooperativas médicas aderirem a essa cultura.

“Quando falamos de implantação de cultura de segurança, pensamos sempre em hospitais. Porém, devemos entender que há outras entidades no sistema de saúde que precisam também desenvolver essa cultura, dentre as quais se incluem as cooperativas médicas”, pontuou.

Ele explicou que a cultura de segurança remete a tudo aquilo que é feito no dia a dia da organização para minimizar a ocorrência de erros e consequentes eventos adversos, encarando estes erros como inerentes à falibilidade humana, eliminando a cultura da culpa e da vergonha. E ainda reforçou que a cultura de segurança tem como uma de suas bases o aprendizado com cada falha identificada, pois é isso que move a melhoria contínua da assistência prestada.

A necessidade de se investir em segurança do paciente pode ser exemplificada por uma pesquisa realizada pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar da Universidade Federal de Minas Gerais (IESS-UFMG), que apontou que, anualmente, dos 19,1 milhões de pessoas tratadas em hospitais no país anualmente, 1,4 milhão sofre pelo menos um evento adverso no decorrer da assistência prestada.

Para mudar esse cenário e incorporar práticas seguras nas cooperativas, o especialista explicou que é preciso investir em capacitação. Principalmente, porque esse tema ainda não é comum nos currículos das faculdades e universidades da área da saúde, o que torna inevitável que parcela dos profissionais não tenham conhecimento pleno sobre o assunto.

“O primeiro passo é fazer com que as pessoas conheçam o que é a segurança do paciente, entendam o que é erro humano e como funciona um sistema complexo, além dos fundamentos da ciência da melhoria e uma série de outras habilidades que envolvem comunicação, liderança e tomada de decisão”, destacou.

Uma das cooperativas que já reconheceu a importância de ter essa cultura madura foi a Unimed Londrina. Em setembro de 2021, a equipe acionou o IBSP para solucionar as questões relativas à atuação centralizada do Núcleo de Segurança do Paciente (NSP) – obrigatório no Brasil desde 2013.

“Passamos por uma fase de muito aprendizado para chegarmos até aqui, e claro, o trabalho desenvolvido pelo IBSP nos ajudou muito neste processo. Hoje sabemos que ainda falta muito, porém é muito gratificante ver na prática o resultado do nosso trabalho”, relembrou a enfermeira da qualidade e coordenadora do Núcleo de Segurança do Paciente, Ana Carolina Elias Gama.

Para aquelas cooperativas, que assim como a Unimed Londrina buscam um caminho para desenvolver sua Cultura de Segurança do Paciente, o Dr. Zambon recomenda como passo inicial aplicar um questionário validado para o tema. Seus resultados podem apontar apontar os principais pontos a serem melhorados na organização. “Ele pode ser aplicado de forma contínua, exatamente para tentar mensurar, o quanto essa cooperativa está amadurecendo”, finalizou o diretor-científico.

Redação

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