O município de Marialva, localizado no centro-norte do Paraná, sancionou recentemente a Lei Municipal 2.366/20, que regulamenta a aplicação do “Programa Municipal Visão Solidária: optometria contra a cegueira evitável”. Aprovado por unanimidade pela câmara de vereadores, o projeto tem como objetivo principal disponibilizar atenção primária à saúde ocular da população do município.
Com aproximadamente 35 mil habitantes, a cidade conta com uma fila de espera de 955 pessoas que buscam por atendimento em saúde visual no Sistema Único de Saúde (SUS). Por meio do trabalho voluntário de profissionais optometristas, o programa municipal pretende orientar a população sobre prevenção da saúde ocular, treinar profissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBS) para a triagem de pacientes para o programa e reduzir drasticamente a fila de espera de exames visuais no SUS.
A primeira edição do programa, realizada em 2 de julho, contou com o trabalho voluntário de três optometristas e equipamentos doados por um dos profissionais para a prefeitura. No primeiro dia de ação, com consultas previamente agendadas, foram atendidos 72 pacientes, com idade entre 10 e 88 anos. “Com apenas um dia por mês de atendimento poderemos zerar a fila de espera em nosso município em 10 meses e garantir que nossa população tenha melhores condições de saúde”, revela o vereador e autor do projeto, Luciano Dario.
O programa adotado pela prefeitura se assemelha ao processo de atendimento em saúde ocular adotado por países como Itália, Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos. Nesses países, o profissional optometrista é responsável pelo atendimento primário da população e casos de média e alta complexidade são direcionados aos médicos oftalmologistas. O optometrista é capaz de detectar alterações de acuidade visual, visão cromática, alterações na visão binocular e campo visual, além de trabalhar com terapia visual e atuar na prevenção de doenças oculares e na correção e compensação de erros de refração.
Segundo o coordenador do Programa Municipal Visão Solidária, o optometrista Thiago Corrêa, foi detectado que 66% dos pacientes atendidos apresentavam ametropia, defeito de visão decorrente da focalização inadequada da luz, como miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia, e apenas 29% dos pacientes precisaram ser encaminhados para consultas com médicos oftalmologistas. “Infelizmente, alguns pacientes foram diagnosticados com cegueira irreversível, devido ao tempo de espera por atendimento. Esperamos, com esse projeto, poder reverter o quadro da saúde ocular da população marialvense”, comenta o optometrista.