Quando a cirurgia eletiva não pode ser adiada

“Temos operado de emergência muitos pacientes que adiam suas cirurgias eletivas.” Este é o alerta do chefe da cirurgia geral do Hospital Brasília e do Hospital Águas Claras (DF), o cirurgião Arnaldo Nacarato. Ele conta que algumas patologias não podem esperar e que uma cirurgia simples pode se tornar de urgência se for negligenciada. É o caso, por exemplo, de pacientes com pedra na vesícula, segundo o especialista. A retirada da vesícula – colecistectomia – é uma cirurgia que, se for adiada indevidamente, pode gerar complicações, como perfuração do órgão, formação de abscessos no fígado e até mesmo o óbito.

As cirurgias bariátricas também não devem mais ser postergadas. Nacarato lembra que pacientes jovens obesos estão sendo vítimas das formas graves de Covid-19. “Muitos desses pacientes têm indicação de cirurgia bariátrica, que não precisam mais ser adiadas”, explica. Também entram na lista as cirurgias oncológicas, que não podem ser adiadas de forma alguma.

O cirurgião conta que há fluxos de segurança implementados no Hospital Águas Claras e no Hospital Brasília (ambos da Rede Ímpar no Distrito Federal), que garantem que o paciente que se interna para uma cirurgia não vai ter contato com profissionais que estão atuando na linha de frente da Covid-19 nem com outros pacientes acometidos pelo novo Coronavírus. “Um diferencial dos dois hospitais é que, para os pacientes que estão esperando para fazer uma cirurgia, o exame de detecção do Coronavírus é feito na residência. O laboratório vai até o paciente. Só com o resultado negativo é que prosseguimos com a indicação do procedimento”, explica Arnaldo Nacarato. Além disso, esse paciente vai direto para o quarto na admissão, evitando que fique exposto. A ida para o centro cirúrgico também se dá pela chamada “rota verde”, por onde nenhum paciente positivo para a Covid-19 passa. Dentro do centro cirúrgico, os pacientes são divididos em áreas separadas e com times exclusivos de profissionais de saúde.

“Na hora da indicação cirúrgica, também estudamos se é possível fazer o procedimento por via laparoscópica, uma cirurgia menos invasiva, com menor tempo de internação hospitalar e de recuperação mais rápida”, explica o especialista. Nacarato ressalta ainda que o paciente não pode decidir sozinho sobre o adiamento de uma cirurgia, mesmo em tempos de pandemia. “Só quem pode dizer qual o melhor momento é o especialista, junto com o paciente e a família”, conclui.

Palavra de especialista

“O medo da contaminação não pode colocar em risco a saúde das pessoas. Algumas cirurgias, mesmo consideradas eletivas, precisam ser realizadas, sob pena de os pacientes chegarem ao hospital já com complicações severas. O que recomendo é: converse com seu cirurgião, avalie seu caso e conheça os protocolos de segurança que estão implementados nos hospitais. Confie em seu médico e na unidade hospitalar onde você será internado”, conta José Silvério Assunção, diretor médico do Hospital Brasília e do Hospital Águas Claras

Redação

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