A Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (RS) recebeu, entre os dias 20 e 24 de setembro, o cirurgião pediátrico italiano radicado em Chicago (EUA), Riccardo Superina. Especialista em cirurgias de fígado, como transplante hepático e o shunt Rex (Mesentérico-Porta), o cirurgião é referência mundial no Rex-shunt, método cirúrgico inovador para o tratamento de trombose de veia porta em crianças, com centenas de cirurgias deste tipo realizadas em todo o mundo.
Durante a semana, o cirurgião atuou no Hospital da Criança Santo Antônio, acompanhado da cirurgiã Caroline Lemoine, onde foi tutor de quatro procedimentos com o uso do método, oportunizando a retomada da qualidade de vida dos pequenos pacientes que sofrem de hipertensão portal. “É impressionante o nível de comprometimento dos profissionais, gosto muito de estar aqui e conviver neste ambiente onde tudo é feito com alto nível de qualidade e, ao mesmo tempo, com alegria”, destacou.
Esta foi a quarta vez que Superina vem à Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre para participar de procedimentos cirúrgicos. “É sempre um grande aprendizado a troca de experiência com os profissionais da Santa Casa”, frisou. O especialista também é chefe da equipe de transplantes do Lurie Childrens Hospital e professor de cirurgia na Northwestern University Feinberg School of Medicine, ambas em Chicago/EUA.
Trombose de veia porta
A obstrução extra-hepática da veia porta (OEHVP) resulta em hipertensão portal e é causa comum de hemorragia digestiva alta em crianças e adolescentes. A trombose da veia porta é a principal e mais frequente causa de hipertensão portal pré-hepática em pediatria. A veia porta é responsável por dois terços do fluxo sanguíneo hepático e leva ao fígado 72% do suprimento total de oxigênio, além de nutrientes, fatores de crescimento e hormônios.
Na OEHVP, a veia é obstruída, recanalizada e transforma-se em cavernoma, resultando em hipertensão portal, varizes esôfago-gástricas e hiperesplenismo. Além do sangramento de varizes, que ameaça esses pacientes durante toda a vida, os portadores de OEHVP podem apresentar enteropatia perdedora de proteínas, má absorção, retardo no crescimento, ascite, hiperesplenismo com alterações da coagulação, síndrome hepatopulmonar, biliopatia portal, atrofia hepática, encefalopatia e risco aumentado de morte. O controle eficaz do sangramento das varizes é o ponto principal para a sobrevida dos pacientes. Tanto o tratamento endoscópico quanto as técnicas cirúrgicas convencionais de derivação (shunts) não curam a hipertensão portal, apenas desviam ou obstruem o fluxo do sangue.