Saúde masculina também foi afetada com pandemia

Pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) em 2020 mostra que 55% dos homens acima de 40 anos deixaram de fazer alguma consulta ou tratamento médico em função da pandemia da Covid-19. A pesquisa online abrangeu 22 estados e teve 499 participantes. Dos entrevistados, 75% tinham mais de 40 anos e 77% eram do sexo masculino. Dentre eles, mas considerando todas as idades, somente 33% relataram ir regularmente ao urologista. Os dados reforçam a importância de se falar do assunto neste Dia do Homem, celebrado no Brasil em 15 de julho. A data visa conscientizar a população masculina sobre os cuidados que devem tomar com a sua saúde.

O urologista Leandro Ferro, que atende na clínica Oncore, localizada no Órion Complex, em Goiânia (GO), percebeu na prática os resultados apontados na pesquisa acima. “A pandemia atrapalhou a ida ao médico tanto para os pacientes que gostariam de buscar avaliação para o primeiro exame quanto para os pacientes que já estavam em acompanhamento”, afirma ele sobre o período de pandemia destacando a necessidade de alertar para a retomada dos tratamentos. Contudo, ele avalia que, no geral, o comportamento masculino em relação às consultas de rotina tem mudado. “Os homens estão mudando e indo mais ao médico. As políticas públicas e campanhas de incentivo têm surtido efeito”, destaca.

Para o médico, o tabu existente quanto a ida ao urologista também está diminuindo. “O receio quanto ao exame de próstata também caiu. Hoje já temos mais diagnósticos precoces e mais tratamentos iniciados na fase inicial da doença, o que deixa a curva de mortalidade menor”, salienta Leandro Ferro. “O apoio e incentivo das parceiras é tão importante que já temos estudos mostrando que homens casados morrem menos que os solteiros. Possível resultado de avaliações médicas mais frequentes”, ressalta o especialista sobre o papel da mulher na saúde masculina.

Doenças

De acordo com o urologista Leandro Ferro, os homens acima de 50 anos são mais propensos a algumas enfermidades. “As mais comuns a partir dessa idade são as infecções urinárias, cálculos renais, câncer de próstata, hiperplasia prostática benigna (HPB) e disfunção erétil”, aponta. Os sintomas variam de acordo com cada uma. Na infecção urinária, por exemplo, dor ao urinar, febre e dificuldade de segurar a urina são alguns.

Já na HPB, o especialista revela que entre os sinais estão a dificuldade de urinar, sensação de não esvaziamento da bexiga e jato urinário mais fino, enquanto nos cálculos renais os sintomas são dor nas costas, cólica renal, náuseas e vômitos. O câncer de próstata não tem sintomas em sua fase inicial, quando já está em estágio avançado apresenta dor óssea e dificuldade urinária. Por sua vez, a disfunção erétil, que é a dificuldade de ter ou manter a ereção, também afeta bastante os homens. “Fatores como tabagismo, obesidade, diabetes e sedentarismo também influenciam nessa disfunção”, destaca o urologista.

Leandro Ferro reforça que o importante é manter uma rotina de consultas para acompanhar de perto a saúde masculina. “O urologista é o médico do homem, assim como o ginecologista é para a mulher, não precisa ter medo ou receio de ir. E a avaliação não é apenas exame de próstata, é para a saúde do homem como um todo, orientamos quanto ao tabagismo e hipertensão, por exemplo. É para dar uma maior qualidade de vida ao homem”, salienta o especialista.


Dia do Homem convida à priorizar rotina de cuidados preventivos com a saúde

Dados levantados pela Organização Panamericana de Saúde, mostram que a cada três mortes de pessoas adultas no Brasil, duas são de homens. As estatísticas apontam ainda para outra dura realidade: eles vivem, em média, sete anos menos do que as mulheres e apresentam mais riscos de doenças do coração, câncer, diabetes e colesterol.

São estes indicadores negativos que ganham voz neste mês de julho, quando é celebrado o Dia do Homem e lançam luz à importância da iniciativa no Brasil, onde segundo o Ministério da Saúde, a população masculina brasileira é a que apresenta mais mortes prematuras, ligadas a fatores como violência e acidentes de trânsito, além de doenças cardiovasculares e infartos. “Doenças que podem ser evitadas ou controladas com uma rotina de cuidados que inclui exames e checkups contínuos que podem assegurar a redução dos índices de morbimortalidade por causas preveníveis e evitáveis, além de aumentar a expectativa de vida dos homens”, destaca o médico Dr. Egídio Cuzziol, do Grupo Sabin Medicina Diagnóstica.

Segundo o especialista, os índices revelam que ainda há muito a avançar junto à este público, quando o assunto é investir em saúde e qualidade de vida. “De uma forma geral, os homens são mais resistentes à conscientização de não deixar de lado a rotina de cuidados preventivos. Não há dúvidas que evoluímos em diversos fatores. Eles estão mais dedicados à uma alimentação balanceada, praticando atividades físicas, mas é preciso também observar o corpo e seus sinais para identificar precocemente doenças. Hoje, com a evolução da medicina, já é possível aumentar consideravelmente as chances de um tratamento eficaz, a partir de um diagnóstico rápido e seguro”, observa.

A percepção do médico se ampara em números. Estudos mostram que mais de 50% da ala masculina só procura tratamento quando apresenta algum sintoma que atrapalhe a rotina ou só buscam atendimento quando as doenças estão em estágio avançado, com necessidade, inclusive de alguma intervenção cirúrgica, por exemplo. “Mais do que nunca, com a pandemia, muita gente – isso de forma geral – acabou abandonando tratamentos ou protelando a realização de exames e isso impacta diretamente na qualidade de vida da população. É importante que datas como estas enfatizem que exames devem fazer parte da rotina de todos. Alguns mais simples, como verificar a pressão arterial, acompanhar as taxas de glicose, colesterol. São exames simples que ajudam a prevenir ou tratar adequadamente doenças crônicas como hipertensão, diabetes.

“Autocuidado requer sensibilidade masculina para perceber os sinais do corpo”

Dr. Egídio observa ainda que a falta de tempo e a vida corrida são apontados como alguns dos principais fatores que provocam os homens a deixarem de lado os check-ups de saúde. “Precisamos incentivar esse público a observar os sinais que o corpo emite quando há algo que precisa ser investigado e buscar serviços de saúde de forma contínua e são iniciativas como o Dia da Saúde do Homem que ajudam a alertar para a importância dos cuidados preventivos, principalmente para quem tem uma rotina mais intensa”.

Um dos vilões da saúde masculina, o câncer de próstata atinge todos os anos mais de 2 milhões de pessoas no Brasil. A boa notícia, explica o especialista, é que medidas simples ajudam a detectar casos precocemente, contribuindo para a melhor jornada de tratamento do paciente. “O avanço da medicina é, sem dúvida, o principal aliado de todos. Hoje, nossas metodologias estão cada vez mais evoluídas e contribuindo significativamente para a qualidade de vida da população. Exames como a Ultrassonografia da próstata, por exemplo, é dos métodos mais eficazes para investigação diagnóstica e temos esta opção no portfólio do Grupo Sabin, que hoje conta com mais de 3.500 serviços de saúde. Além de ser um dos exames imagem mais versáteis do mercado, não é invasivo e não oferece riscos de radiação ionizante, como em exames de tomografia computadorizada ou raios X. Ele é um dos mais indicados para detecção de possíveis anormalidades, alteração no volume ou tamanho dos órgãos, além da presença de cistos e tumores”, detalha o especialista.

O médico destaca também a ressonância magnética da próstata para a lista de exames que podem ser indicados para análise das patologias ou tumores encontrados na próstata. “A ressonância é indicada como um próximo passo para o tratamento do nosso paciente. Além de ser um exame de imagem nada invasivo, permite uma análise rigorosa de anormalidades detectadas nos exames anteriores e pode ser definitiva em casos de diagnóstico de câncer, assim como biopsia”.


População masculina tem maior número de casos de câncer da pele, hanseníase e sífilis, aponta Sociedade Brasileira de Dermatologia

Os homens são as principais vítimas de câncer da pele no Brasil. Essa é a conclusão de um levantamento da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) divulgado nesta quinta-feira (15), Dia do Homem. No período analisado, de 2010 a 2019, do total de óbitos decorrentes de complicações dessa doença, 57,5% (20.959) ocorreram na população masculina. Entre as mulheres foram 42,5% (15.517 mortes). Os dados analisados são os fornecidos pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e no Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA/SUS) – ambos do Ministério da Saúde.

Clique aqui para visualizar os números sobre mortalidade por câncer de pele.

O trabalho revela outra situação preocupante no que se refere à saúde da população masculina: a prevenção ao câncer de pele não tem muita repercussão dentro deste segmento. Um exemplo é o que revelam números de exames realizados na rede pública para diagnóstico do câncer de pele. No período de janeiro de 2012 a abril de 2021, do total de pacientes que fizeram exames para diagnosticar a doença, somente 28% (567.940) eram do sexo masculino, em oposição a 45% (914.090) de mulheres.

“O câncer de pele é um exemplo dos problemas de saúde no campo da dermatologia que são mais prevalentes entre os homens. Mas há outros, como a sífilis e a hanseníase. Todas essas são doenças com prevalência maior dentro da população masculina. Infelizmente, esse grupo ainda tem resistência em buscar orientação e ajuda nos consultórios médicos”, afirma Heitor de Sá Gonçalves, vice-presidente da SBD.

Clique aqui para visualizar os números sobre exames diagnósticos para câncer de pele.

Carcinomas – O crescimento descontrolado das células que compõem a pele provoca o câncer de pele, que tem diferentes tipos. Os mais comuns são os carcinomas basocelulares e os espinocelulares. Porém, mais raro e letal que os carcinomas, o melanoma é o tipo mais agressivo de câncer de pele, devido à alta possibilidade de provocar metástase.

Segundo Heitor Gonçalves, os homens desenvolvem mais chances de desenvolver o câncer da pele por conta de hábitos que o colocam em risco. “O homem sai muito mais de casa para trabalhar e para lazer. Assim, acaba se expondo muito mais ao sol, principalmente na zona rural”, destacou o vice-presidente. No entanto, esse não é o único problema de saúde relacionado à assistência dermatológica envolvendo a população masculina.

Sífilis – Números analisados pela SBD revelam que entre janeiro de 2010 e junho de 2020 um total de 468.759 homens foram diagnosticados com sífilis no Brasil. Segundo as informações do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, até o ano passado, a quantidade de homens contaminados era quase duas vezes maior do que de mulheres.

Em 2020, do total de casos de sífilis diagnosticados 62,6% eram na população masculina e 37,4% na feminina. “Essa doença é mais comum no homem, provavelmente, porque são indivíduos que adotam um comportamento de risco do ponto de vista sexual. Isso aumenta a possibilidade de adquirir a infecção pelo treponema, que é o causador da sífilis”, explica Heitor Gonçalves.

Hanseníase – As bases analisadas pela SBD ainda revelam que a população masculina também se destaca nas estatísticas de hanseníase. No Brasil, os homens representam 55% do total de casos novos detectados na última década. Os números são informados pelo Ministério da Saúde, por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).

O vice-presidente da SBD reitera que “a hanseníase acomete mais o homem no mundo todo. Não há nenhuma diferença imunológica, genética e hormonal que justifique esse fenômeno. Acredita-se que esta alta incidência decorre de fatores como o homem ter que sair mais de casa para trabalhar e sua maior exposição em aglomerações, o que facilita contágio desta doença. Por exemplo, isso ocorre nos meios de transporte urbanos”.

Para prevenção dessas doenças, Gonçalves é enfático em afirmar que a mudança de hábitos é essencial. “Neste sentido, o homem deve evitar comportamento de risco. No campo sexual, deve ter o hábito de usar o preservativo. Quando o assunto é câncer de pele a grande estratégia é usar o filtro solar logo ao acordar, aliado à redução da exposição sol, sobretudo no período de 9h às 15h”.

Queixas – Mas câncer de pele, sífilis e hanseníase não são os únicos problemas dermatológicos que afetam os homens. Os especialistas também citam outros problemas que costumam levar homens aos consultórios. Segundo Fabiane Mulinari Brenner, coordenadora do Departamento de Cabelos e Unhas da SBD, um dos principais motivos que leva a população masculina ao médico é a necessidade de tratar alopecias.

“Esse quadro se divide em dois tipos: cicatriciais e não cicatriciais. As mais comuns são a androgenética, conhecida popularmente como calvície, e areata. Além dos eflúvios telógenos, que são períodos temporários de queda e rarefação”, explica a especialista. Ela destacou ainda que há manifestações que têm origem genética, autoimune ou decorrentes de episódios de estresse, por remédios ou outras doenças, como a Covid-19.

No entanto, afirmou Fabiane Brenner, em geral, o tratamento para a alopecia é longo. “Por isso, é importante o paciente ir a um dermatologista, para que o médico o acompanhe”, frisou.

Além disso, todo paciente, independemente da alopecia, deve manter cuidados rotineiros para ter cabelos saudáveis. “Entre as medidas, estão: usar xampu adequado ao tipo de cabelo; passar condicionador somente nas pontas do cabelo, evitar tratamentos químicos, como alisamento e tintura; cortar o cabelo de forma frequente; desembaraçar os fios no banho e adotar pentes de dentes largos na hora de arrumar o cabelo”, disse.


Artigo – Disfunção erétil: um alerta para doenças cardiovasculares

Disfunção Erétil (DE) é a incapacidade de manter uma ereção adequada para um desempenho sexual satisfatório. A falha de ereção pode ser um sinal de alerta precoce para doenças cardiovasculares. Estudos recentes evidenciaram que homens com Disfunção Erétil apresentam maior probabilidade de sofrer um ataque cardíaco, acidente vascular cerebral (AVC) ou apresentar problemas circulatórios nas pernas ao longo da vida.

Segundo publicações da Sociedade Americana de Urologia (AUA), estima-se que aproximadamente 30 milhões de homens nos Estados Unidos e 320 milhões no mundo apresentam algum quadro de disfunção erétil. Os fatores de risco para DE e Doenças Cardiovasculares (DCV) são bem conhecidos: envelhecimento, tabagismo, diabetes mellitus, hipertensão arterial, dislipidemia (aumento de gordura no sangue), apneia do sono (suspensão momentânea da respiração), redução dos níveis de testosterona, depressão, obesidade e um estilo de vida sedentário.

Estudos científicos mostram que a Disfunção Erétil (DE) representa um marcador de risco para o homem desenvolver doenças ou até mesmo morrer por Doenças Cardiovasculares (DCV). Em recente revisão de cinco meta-análises e duas revisões sistemáticas que abordam a associação de DE com DCV, publicado em janeiro de 2021, foram encontrados maiores riscos de doença cardíaca, coronariana, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral em pacientes com disfunção erétil do que em outros pacientes. Além disso, quando a DE manifesta-se em homens mais jovens, ela prediz um aumento acentuado no risco de eventos cardíacos futuros em até 50 vezes, sugerindo que homens jovens com disfunção erétil, em particular, se beneficiariam do diagnóstico precoce e tratamento adequado para DCV e DE.

A seguir, citaremos fatores que podem ser relacionados ou diagnosticados em pacientes com disfunção erétil, a saber:

Hipertensão Arterial (pressão alta): Está presente em 38% a 42% dos homens com Disfunção Erétil e aproximadamente 35% dos homens com Hipertensão Arterial apresentam algum grau de Disfunção Erétil.

Dislipidemia (aumento de gordura no sangue): Níveis elevados de colesterol estão correlacionados em até 42,4% dos homens com disfunção erétil de moderada a grave.

Diabetes mellitus (aumento dos níveis de açúcar no sangue): A DE é uma das complicações mais comuns do Diabetes Mellitus, dependendo da gravidade e duração do diabetes. Estudos mostram que a DE pode variar de 20% a 85%, dependendo do período e população estudada. Segundo dados da AUA, em um Estudo de Envelhecimento Masculino, foi observado um risco três vezes maior para homens diabéticos evoluírem com DE quando comparados a não diabéticos na mesma faixa etária. Da mesma forma, os estudos científicos evidenciam que a presença de DE pode prever eventos cardiovasculares em homens diabéticos.

Apneia do sono: É um distúrbio que resulta na parada repentina dos movimentos respiratórios por tempo suficiente para acordar e diminuir a quantidade de oxigênio no sangue. Os distúrbios do sono podem resultar em sonolência diurna, aumento da frequência miccional noturna, fadiga, irritabilidade, dores de cabeça pela manhã, lentidão de pensamento, dificuldade de concentração e redução dos níveis séricos de testosterona (hormônio masculino), além de favorecer o aparecimento das doenças cardíacas e hipertensão arterial, que em última análise pode resultar em fator de risco para DCV e DE.

Podemos concluir que a Disfunção Erétil pode ser uma manifestação precoce de outras doenças e deve ser encarada como um importante sinal de alerta. O melhor tratamento é a prevenção, por isso não deixe de conversar com o seu Urologista. Ele saberá como melhorar a sua saúde sexual, bem como a saúde geral.

 

 

Dr. Marco Aurélio Lipay é Doutor em Cirurgia (Urologia) pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), Titular em Urologia pela Sociedade Brasileira de Urologia, Membro Correspondente da Associação Americana e Latino Americano de Urologia e Autor do Livro “Genética Oncológica Aplicada à Urologia”

 


No ‘Dia do Homem’ é preciso refletir sobre os cuidados com a própria saúde, alertam urologistas

No dia 15 de julho é celebrado o ‘Dia do Homem’, data que busca chamar a atenção da sociedade para os cuidados com a saúde masculina. Por isso, a Astellas Farma Brasil se uniu à Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) para renovar a campanha ‘Trato Feito com a Saúde’, com o propósito de conscientizar o público sobre doenças e condições relacionadas ao sexo masculino, como o câncer de próstata e os sintomas urinários, além de desmistificar tabus sobre exames de prevenção, que são responsáveis por diagnosticar doenças em estágios iniciais, quando há maiores chances de recuperação e cura.

De acordo com a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, definida pelo Ministério da Saúde, diversos estudos comparativos entre homens e mulheres têm comprovado o fato de que os homens são mais vulneráveis às doenças, sobretudo às graves e crônicas¹. Isso porque os homens não buscam com frequência os serviços de atenção básica à saúde, principalmente por conta de estereótipos de gênero. Enraizadas há séculos em nossa cultura, essas ideias potencializam a visão de que o cuidado com a saúde pode ser visto como um sinal de fragilidade¹. Segundo o mesmo documento, a resistência masculina aumenta não somente a sobrecarga financeira da sociedade, mas também, o sofrimento físico e emocional do paciente e de sua família¹.

A pesquisa ‘Um Novo Olhar Para a Saúde do Homem’, realizada pelo Instituto Lado a Lado, em parceria da revista Veja Saúde e com o apoio da Astellas, corrobora com as informações levantadas pelo Ministério da Saúde. Os dados mostram que quase 37% dos homens até 39 anos, e 20% daqueles acima dos 40, admitem visitar um profissional apenas quando se sentem mal. Além disso, apesar de 37% dos entrevistados enxergarem o urologista como o médico do homem, 59% deles não costumam visitar esse profissional. De acordo com o diretor médico da Astellas Dr. Roberto Soler, esses dados demonstram a falta de conhecimento da população. “Infelizmente, há pouca informação acessível e que seja de fácil entendimento para o público. A própria Política de Atenção Integral à Saúde do Homem, do Ministério da Saúde, apesar de ainda ser útil, possui conteúdo desatualizado, já que foi publicada em 2008.”

Condições urológicas que atingem os homens

Entre as condições urológicas que podem acometer os homens, especialmente após os 50 anos de idade, estão o câncer de próstata e os sintomas do trato urinário inferior. É importante ressaltar que o câncer de próstata quando diagnosticado precocemente tem mais de 90% de chances de cura².

Já os sintomas do trato urinário inferior, apesar de geralmente serem relacionados a uma condição benigna da próstata ou da bexiga, afetam consideravelmente a qualidade de vida dos pacientes, pois podem levar à necessidade frequente de urinar, à dificuldade de esvaziar completamente a bexiga e até à incontinência urinária (perda de urina), dificultando ou impossibilitando atividades diárias. No entanto, há tratamento simples, com poucos efeitos colaterais, disponíveis para o cuidado com a condição¹.

O câncer de próstata infelizmente não possui métodos de prevenção, já que ele se desenvolve devido a fatores genéticos e, principalmente, pelo envelhecimento. No entanto, é possível obter o diagnóstico precoce por meio de exames de rotina, como o PSA, que é realizado com uma coleta simples de sangue e com o toque retal, que podem indicar a necessidade de biópsia de próstata para a confirmação diagnóstica.

É indicado que os homens realizem os exames preventivos a partir dos 50 anos, no entanto, para aqueles com histórico familiar da doença e homens negros, que possuem incidência de duas a três vezes maior que o restante da população masculina, aconselha-se procurar um médico urologista a partir dos 45 anos ³. Importante mencionar que o câncer de próstata não apresenta sintomas em sua fase inicial, por isso o rastreamento é tão necessário.

Mitos e tabus em torno do tratamento

É fundamental, também, que os tabus que ainda existem em torno da doença e, principalmente, do exame de toque, sejam desmistificados. Segundo a pesquisa citada, 35% dos entrevistados nunca realizaram o toque retal. “O exame é muito simples e rápido, mas infelizmente há muito preconceito entre os homens, que ainda relacionam o toque com a perda da masculinidade ou da virilidade. Entretanto, este é um dos exames mais comuns e que possibilita ao médico sentir uma parte da próstata e notar se há alguma alteração no órgão que necessite de uma maior investigação”, esclarece Dr. Soler.

Além dos mitos envolvendo os exames preventivos, o Manual de Atenção Integral à Saúde do Homem também aponta que há ainda uma resistência com relação a tratamentos crônicos ou de longa duração, que acabam contando com menor adesão por parte dos homens.

Este é o caso, por exemplo, de homens que possuem câncer de próstata em estágio avançado. A terapia acaba exigindo um grande empenho do paciente e, normalmente, impacta na mudança de hábitos de vida e comportamentais. Portanto, não é raro que homens abandonem os cuidados com a saúde, mesmo no caso do câncer de próstata.

“Antigamente, as tecnologias disponíveis eram mais agressivas. Hoje, há muita inovação no mercado, tratamentos mais modernos e tecnológicos, como a quimioterapia oral, que pode ser realizada em casa, proporcionando mais conforto e melhor qualidade de vida ao paciente e à sua família”, comenta o diretor médico da Astellas.

Outro ponto crucial a ser discutido atualmente é a adaptação da área da saúde para o atendimento e tratamento do câncer de próstata em todos os tipos de pessoas, incluindo a comunidade LGBTQIA+. Devemos levar em conta a pluralidade, incluindo homens cisgênero homossexuais e mulheres trans. “Apesar do tratamento ser o mesmo para todos, o acolhimento dos médicos e da equipe durante consultas, exames e procedimentos é essencial para que essas pessoas se sintam à vontade para cuidar da própria saúde, sem medo de sofrer preconceito”, conclui Dr. Soler.

Para mais informações sobre a campanha ‘Trato Feito’ acesse: tratofeitocomasaude.com.br

Referências:

¹MINISTÉRIO DA SAÚDE (2008). Política Nacional de Atenção Integral ao Homem.

²¹Câncer de Próstata. Instituto Lado a Lado pela Vida. Disponível em: www.ladoaladopelavida.org.br/cancer-de-prostata Último acesso em 07.07.21

³  Novembro Azul orienta sobre o câncer de próstata. Disponível em: portaldaurologia.org.br/publico/novembro-azul/novembro-azul-orienta-sobre-o-cancer-de-prostata Último acesso em 13.07.21


Instituto lança carta aberta cobrando ações pela saúde masculina

Carta aberta aos gestores públicos e privados da área da saúde; dirigentes das agências reguladoras e operadoras de saúde; parlamentares e imprensa.

As efemérides são recorrentes em nosso país para celebrar ou relembrar datas que marcaram a nossa história de 521 anos. Nem todos sabem que 15 de julho é uma dessas datas, que comemora o Dia Nacional do Homem no Brasil. Ao escolher o dia 15 de julho de 2021 para divulgar esta carta aberta, o Instituto Lado a Lado pela Vida (LAL) quer ir além de uma manifestação pública dedicada aos homens. Queremos instigar, provocar e fazer um chamamento para juntos tomarmos atitudes e mudarmos estatísticas recorrentes e que em nada sugerem celebração.

Isso por que nos perguntamos: o que é ser homem no Brasil hoje? Por que tantos ainda morrem todos os anos sem acesso à saúde? Por que eles têm que viver em média, sete anos a menos que as mulheres? Por que temos que nos acostumar com as estatísticas?

Apontar o dedo, explicitar o que não vai bem ou o que está errado têm sido prática recorrente de movimentos da sociedade civil e de líderes de distintos segmentos da sociedade. Outras ações, como muitas que vimos durante a pandemia da Covid-19, mobilizaram a sociedade e contribuíram para resultados positivos. É isso o que pretendemos alcançar com esta carta aberta.

Como nosso nome diz, somos a instituição brasileira que atua Lado a Lado pela Vida. E neste 15 de julho de 2021, nossa chamada é para uma atuação conjunta, coordenada e propositiva em prol da vida de 48,2% da população brasileira, segundo o Censo de 2019: os homens. E por que fazer esse chamado?

Segundo o Ministério da Saúde (MS), homens realizam seis vezes menos exames preventivos do que as mulheres. Fumam mais, bebem maiores quantidades de álcool e têm hábitos mais sedentários, além de estarem mais expostos a riscos e negligenciarem sintomas de adoecimento. Ainda, de acordo com o Centro de Referência em Saúde do Homem de São Paulo, 70% das pessoas do sexo masculino que procuraram atendimento médico o fizeram por influência da esposa/companheira ou dos filhos.

Esses são dados que reforçam argumentos de que precisamos parar de falar e agir. O nosso Instituto nasceu em 2008 para atuar em prol da saúde do homem e temos enorme orgulho de sermos os criadores do maior movimento de conscientização sobre saúde dos homens no Brasil: a campanha Novembro Azul, que muitos pensam ser uma iniciativa vinda do exterior. Esse é um grande engano e a efeméride que celebramos todos os dias 1º de Novembro é a abertura do Novembro Azul! Foi em 2011, que a campanha foi lançada, nas redes sociais do Instituto Lado a Lado pela Vida.

Falar sobre câncer de próstata e da importância dos exames de PSA e toque retal para identificar tumores que em 2020 acometeram mais de 65 mil homens e, em 2019, mataram cerca de 16 mil é hoje um assunto natural. Há mais de uma década atrás não foi fácil. Vencer preconceitos foi só um dos obstáculos a superar. E, vejam só, como a história mudou! Milhares de homens foram salvos e podem, hoje, comemorar seu dia e celebrar suas conquistas pessoais e profissionais.

Dedicar ações e investimentos em um único mês para alertar e comunicar sobre a doença é uma ação extraordinária, que ano após ano impacta milhões de pessoas. São precisamente 82 milhões de pessoas. Mas não é somente em novembro que nossas atividades acontecem. Trabalhamos pela saúde integral dos homens de janeiro a janeiro.

Trabalhamos diariamente para erradicar o câncer de pênis, que anualmente mutila 1.600 homens no Brasil que, por falta de informação, deixam de realizar a higiene íntima adequada ou não tomaram a vacina do HPV; ou chamar a atenção para o diagnóstico precoce do câncer de pulmão, diagnosticado em 17.760 homens em 2020 e, também, para alertar os homens da importância da prevenção, dos hábitos saudáveis e dos cuidados com o coração, destacando a adesão aos tratamentos para controle do colesterol, da hipertensão, do diabetes, da insuficiência cardíaca e outros fatores de risco ou doenças como a obesidade que já é uma epidemia em terras brasileiras.

Esta carta aberta poderia se estender por páginas e páginas se pontuássemos cada atividade que o LAL tem desenvolvido, mas o que pretendemos com ela é convidar os envolvidos em políticas públicas e privadas de saúde e a mídia em geral, a trabalhar conosco. Queremos que nosso telefone toque, que nosso e-mail receba convites de secretários de saúde dos estados e municípios; de dirigentes de planos de saúde, das agência reguladoras e dos gabinetes dos parlamentares para que, juntos, passemos da fase de destacar estatísticas ruins como as descritas nesta CARTA ABERTA, para que nos próximos dias 15 de julho possamos divulgar a queda de mortes de homens por câncer de pulmão, a redução de amputações de pênis e anunciar melhoria dos índices de comorbidades e de doenças incapacitantes entre os homens brasileiros.

Sugerimos mostrar o quanto ações propositivas e coordenadas entre o governo, a iniciativa privada e a sociedade civil também impactam positivamente a sustentabilidade financeira dos sistemas de saúde, público e privado.

E queremos muito mais! Desejamos que os homens tenham maior acesso, com equidade e qualidade de atendimento nas unidades de saúde e nos tratamentos disponíveis; queremos políticas públicas e educação que contribuam para a diminuição das mortes na juventude e o crescimento da consciência de cada homem sobre a importância de cuidar do seu corpo e de sua mente!

Para isso, precisamos estar lado a lado, conectados e prontos para ouvir e transformar cenários que causam dor e mortes de tantos homens por este Brasil afora. Podemos transformar o cenário da saúde do homem e proporcionar maior expectativa de vida para eles! Basta entendimento, disposição, comprometimento de todos e resposta a esse Chamado que busca beneficiar os mais de 102 milhões de homens neste país! Vamos Lado a Lado?

Marlene Oliveira – Fundadora e Presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida


Infarto e derrame podem estar por trás da disfunção erétil: entenda os sinais

Obesidade, diabetes mellitus e dislipidemia (alterações do colesterol e/ou triglicerídeos) podem representar a síndrome metabólica e devem sempre ser lembrados para tratar da saúde do homem. A disfunção erétil (DE) atinge cerca de mais de 152 milhões de homens em todo o mundo e está comumente associada ao diabetes mellitus, à hipertensão arterial e obesidade e pode ser o primeiro sinal de que o homem está apresentando alguma doença cardiovascular. Entre os riscos estão o infarto do miocárdio e o acidente vascular encefálico (‘derrame’).

“Os homens apresentam muito mais resistência em procurar assistência médica preventiva, por medo, vergonha ou ‘falta de tempo’ do que as mulheres, o que resulta em diagnósticos mais tardios e complicados na maioria dos casos. Cuidados com a saúde geral em caráter preventivo podem melhorar a saúde e a qualidade de vida de homens e mulheres. Queremos alertar ao homem sobre a importância de fazer avaliação clínica periódica”, explica a Dra. Larissa Gomes, presidente da Comissão Científica do 14° Congresso Paulista de Endocrinologia e Metabologia – COPEM 2021, que acontece de 5 a 7 de agosto.

Atenção para os sinais de alerta para procurar um médico:

1- Grande quantidade de gordura abdominal – Em homens-> cintura com mais de 94 cm.
2- Baixo HDL (“bom colesterol”) – Em homens-> menos que 40mg/dL.
3- Triglicerídeos elevado (nível de gordura no sangue) – 150mg/dL ou superior.
4- Pressão sanguínea alta – 135/85 mmHg ou superior ou se está utilizando algum medicamento para reduzir a pressão.
5- Glicose elevada no sangue.

O risco de vir a ter síndrome metabólica aumenta se o homem apresenta hábitos sedentários; aumento do peso, principalmente, na região abdominal (circunferência da cintura); se há histórico familiar de diabetes, pressão alta, e níveis elevados de gordura no sangue. Dieta mais saudável, prática de atividade física regular e abandono do tabagismo são necessários para a melhora da saúde.

Andropausa – Também chamada pelos médicos de DAEM (Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino) trata-se da falta de testosterona na corrente sanguínea. Mais frequente em homens diabéticos, obesos e sedentários, a andropausa traz sintomas como: queda de desejo sexual (libido), disfunção erétil, desânimo, cansaço, ondas de calor (fogachos), alteração do sono, perda de massa muscular, acúmulo de gordura no abdômen (‘barriga’) e até ossos fracos (osteoporose).

O papel da testosterona – Produzida principalmente nos testículos, a testosterona é o mais importante hormônio sexual do homem (androgênios). “Essencial para boa saúde dos músculos e ossos, ajuda na disposição e na função sexual do homem”, finaliza a endocrinologista.

O #COPEM2021 é um evento da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP).

Redação

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